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Pós-modernismo, a lógica cultural do capitalismo tarcio


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Como nos informa o seu próprio título, este livro de Fredric Jameson se propõe a investigar a "lógica" da produção cultural do capitalismo tardio; a maneira como ele define o seu objeto de estudo é também a primeira maneira pela qual ele define o próprio pós-modernismo, isto é, como uma lógica implícita em toda a produção cultural que surge com a transformação do sistema social capitalista em direção ao capitalismo tardio, ou, mais popularmente, a "globalização" e a "terceira revolução industrial". Sendo assim, o pós-moderno é, em um sentido muito amplo, a superestrutura ideológica da estrutura econômica e técnica do capitalismo tardio, no qual ha um aumento robusto dos sistemas de reprodução econômica-cultural, do qual o sistema de produção econômico depende para se perpetuar (assim como a reprodução precisa de uma produção para reproduzir, tanto nas forças produtivas quanto nas relações de produção). Sendo assim, Jameson já estabelece que o seu estudo não é politicamente neutro, mas que não se confunde com os julgamentos de valor sobre o seu objeto. Para o conceito de capitalismo tardio, o autor invoca a obra do economista Ernst Mandel sobre o tema, no qual uma terceira fase do capitalismo é inter-relacionada a uma terceira onda longa de renovação tecnológica e centralização de capital em escala internacional, acompanhada de uma expansão dos aparelhos de reprodução técnica, econômica e cultural do capitalismo. Jameson afirma o pós-modernismo é parte destes aparelhos de reprodução cultural, e, em grande parte, os reflete: trata-se dos sistemas de indústria cultural e "grande mídia", a TV, o cinema, o rádio, a imprensa, a propaganda, um mercado monopolizado de bens culturais que avança sobre a alta cultura artística e intelectual, tradicionalmente considerada uma trincheira de resistência à reificação cultural. Aí, segundo Jameson, está a diferença entre o modernismo, fenômeno da história da arte que começa como reação ao Romantismo e ao Realismo, apresentando um movimento de vanguardas artísticas radicais, ambicionando a criação de formas de arte completamente novas, dotadas de uma forma estilística pessoal do artista criador e um conteúdo utópico, rejeitando a vulgarização e mercantilização da arte, e, ao mesmo tempo, contestando as tradições e academicismo culturais estabelecidos. Do modernismo fizeram parte, por exempo, o expressionismo, o surrealismo, o simbolismo e o romance psicológico, a música atonal e todo um conjunto de movimentos de arte experimental da metade do século XIX à metade do século XX. O pós-modernismo seria o fim dessa arte autônoma e da própria autonomia da experiência estética, e a arte passa então a ser considerada, pelos pós-modernos, como mais um sistema de mídias e mais um discuros, e a destruição das formas únicas de cada artista moderno, em favor da simples montagem a partir da imitação de estilos do passado, sobrepostos fragmentariamente em obras incoerentes, o "partiche" e a "esquizofrenia", e a renúncia conformista aos conteúdos utópicos da arte modernista, em favor de uma típica apologia da ordem social existente, mascarada por uma retórica populista e demagógica, encontrada nos manifestos pós-modernistas, cujo principal objetivo é desqualificar a grande arte modernista. O pós-modernismo seria, então, segundo Jameson, diretamente correlacionado à ideologia do mercado e ao próprio mercado, que era rejeitado pelo modernismo, que buscava criar um espaço autônomo para a estética e a arte, resistindo à mercantilização. Por isso, seriam pós-modernos não apenas a Pop Art e semelhantes tipos de produção cultural, o pós-estruturalismo (foucaultismo, deleuzismo, desconstrucionismo, baudrillardismo, neohistoricismo e neonominalismo, etc.), mas igualmente a indústria cultural holywoodiana. Toda a produção cultural pós-moderna seria baseada na subjugação da arte "acadêmica" ao mercado, o fim das vanguardas artísticas, a ausência de criatividade em favor do "pastiche", da montagem de plágios e da "bricolage", e da esquizofrenia na cognição e na sensibilidade, incapaz de unificar a própria consciência. As conclusões do autor, depois desta inteligentíssima análise, são decepcionantes. Ele afirma que é impossível retornar ao modernismo, que é preciso "aceitar" essa tendência cultural, etc., demonstrando uma ambiguidade de intenções e indecisão em relação à estratégia analítica e posicionamente, e, afinal, parecendo simpático a esta produção cultural que ele criticou tanto. Mas, sensível às críticas, o autor procurou revisisar essa conclusão e se livrar da imagem de apologeta do pós-modernismo em trabalhos posteriores.


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