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Teorias do Cinema - Crítica da Representação Fílmica


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Francesco Casseti propõe uma crítica radical à forma como se concebe e pratica a a representação: aos efeitos perversos que sobre os indivíduos e grupos sociais exerce uma determinada maneira de representar o mundo.

A necessidade de novos modelos ? à ideia de transparência opõe-se agora a de opacidade; à de funcionalidade a de resistência; à de plenitude a de dispersão. Esta necessidade nasce da concepção da representação como re-presentação: algo que não está presente (relidade) apresenta-se sobre outra forma (imagem).

Esta dimensão mimética, funcional e simbólica da representação é ilusória. A opacidade, a resistência, a dispersão mostram-nos que a representação não é encontro de presença e ausência; é uma tensão entre algo que substitui e algo que é substituído, entre um resultado e o trabalho anterior.

Existem actualmente três grandes correntes:

A corrente filosófica ? o facto de concebe-la como re-presentação perpetua uma lógica que priviligia o estar mais além das coisas, em vez de constatar a sua perda (Derrida e Lacan);

A corrente estética ? concebe a representação enquanto modelo que pretende pôr algo em cena, espelhar algo;

A corrente militante ? postula que a representação impõe uma visão deformada das coisas.

Barthes e o sentido obtuso

Barthes, 1960/70?s: nenhuma obra (novela, reportagem, filme) pode reduzir-se a um conjunto de signos, nem um signo se pode reduzir a uma justaposição de significante e significado; o texto é o lugar onde os elementos constitutivos entram numa espécie de corpo-a-corpo; mais do que uma significação ou comunicação, o texto é um laboratório aberto.

Barthes.Le troisième sens. Nº 222 de Cabiers du cinéma. 1970. Na análise do fotograma de ?Ivan, o Terrível?, identificam-se três níveis de sentido:

1. O nível informativo ? cenários, costumes, personagens, relações, ?;

2. O nível simbólico ? através do qual se faz a transferência de uma série de dados que se captam de forma imediata (simbologia histórica, social, ?); é o terreno da psicanálise, da semiótica, da dramaturgia,?;

3. O nível obtuso ? o que está mais além dos dois últimos níveis, que está para além do óbvio.

O que caracteriza o obtuso é a capacidade de indicar algo que nos implica e que impressiona a nossa sensibilidade. O seu reino é a emoção ? uma emoção-valor, uma valoração. Surge-nos, não como linguagem, mas como interlocução. É uma presença que impressiona e se impõe mais além do que a imagem pretende contar, mais além dos signos; é um suplemento. É como um acento que pontua e sublinha aspectos particulares da cena. É antinarrativo por execelência. Este terceiro elemento é o coração do fílmico.

Lyotard e o a-cinema

Lyotard estabelece uma distinção entre o discursivo, o lógico, ordenado e dotado de sentido; e o figural, o que se sente sem se entender, que expressa uma força mais que um significado, que tem existência mais que função. A tese é de que a cultura ocidental suprime o figural a favor do discursivo.

 Figural/discursivo e binómio freudiano processos primários e secundários:

? figural/processo primário, princípo do prazer, libertação de tensões

? discursivo/processo secundário, princípio da realidade, adequação ao ambiente exterior

O figural está dominado pela força, pela energia; o discursivo disciplina essas pulsões.

Lyotard assinalou a disjunção entre a realidade e o seu duplo, com a inevitável exclusão de tudo o que não se presta a ser reconhecido e coordenado, na sua representação e duplicação. Esta função de exclusão actua como um factor de normalização libidinal: a exclusão de tudo o que não pode reduzido em cena como corpo do filme e fora de cena em corpo social. Consequência: exclusão de tudo o que não é representável

O irrepresentável pertende ao domínio do cinema: a sua lógica é a da pirotécnia, a exaltação de emoções. O mais importante no cinema é a superação do umbral do económico, do mimético, do representativo, abrir-se aos movimentos que se excluem e se anulam, ao dinâmico, ao energético, ao libidinal, ao irrepresentável. 

Os pontos cegos da representação fílmica

Marie-Claire Ropars - o filme é como um livro: um texto, uma combinação de elementos, o lugar de uma escritura, um jogo dominado pelas tensões e conflitos que preside e precede o mero facto de dotar-se de sentido.

Uma representação distinta

?La estrategia de arana?, de Bertolucci, e ?Satiricón?, de Fellini ? transgressão das formas narrativas tradicionais, ataque à dimensão narrativa indutrial e representativa do cinema; há que deixar fluir a energia que subjaz a todo o acto de linguagem, ao dinanismo que há em todo o texto.

Representação e ideologia

Em todos os discursos se tenta representar um mundo, a representação é criadora de ilusão.

A natureza contraditória do cinema: trata-se dum meio de comunicação que favorece as relações humanas, mas é também um segmento da indústria cultural, que pelo facto de implicar a existência de mercadorias se torna fonte de alienação. O cinema só exerce a sua função comunicativa à custa de se converter em mercadoria.


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