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Exploração Escrava no Século XXI


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Exploração Escrava no século XXI

Nos últimos tempos a Atividade de Carvoejamento tem sido considerada como sinônimo de precárias condições de trabalho onde ocorre exploração de mão de obra infantil, regime de trabalho assemelhado ao de escravos, devastação de florestas nativas, atividade poluidora. Reportagem realizada pela revista ISTO É, que acompanhou ação do Ministério do Trabalho no Norte de Minas e relatou a realidade encontrada:

"Pelo menos 80% dos carvoeiros são obrigados a morar com suas famílias no local de trabalho, em casebres improvisados há menos de 100 metros dos fornos incandescentes, cuja temperatura é superior a 100 graus centígrados. As moradias que abrigam famílias sempre numerosas, mais se assemelham a poleiros de galinhas coberto por folhas de coqueiros. As paredes quando existem são de pau a pique. Não há água potável nem luz. A água trazida não se sabe de onde pelo gato o subempreiteiro traficante de mão de obra é colocada em tanques abertos e tem a cor de ferrugem"

Em outro trecho a reportagem informa:

"Os carvoeiros trabalham por produção de metros cúbicos de lenha ou carvão. Por isso o trabalho de toda a família inclusive o das crianças é bem vindo. Os homens cortam os eucaliptos e transportam a lenha nos ombros até a bateria de fornos. As mulheres ajudam os maridos a colocar lenha na fornalha. Cabe as crianças o trabalho de passar barro nas rachaduras das paredes para evitar que o forno desabe" e continua:

"O principal instrumento de escravização neste trabalho degradante é através da imobilização por dívida. Os trabalhadores são forçados a permanecer nas florestas de eucalipto até que terminem de pagar os débitos contraídos por estratégia fraudulentas. Como são os subempreiteiros que compram a comida do mês - muitas vezes em mercearias de sua propriedade instaladas na cidade - eles cobram o preço que querem. Na hora do acerto, o débito é sempre igual ou superior ao que o carvoeiro tem a receber" (PAMPLONA & RODRIGUES- 1995)
A revista VEJA (nov/94) em reportagem sob o titulo "Homens da Fumaça" relata o depoimento do carvoeiro Isidoro Paula de 55 (cinqüenta e cinco) anos e 15 (quinze) de profissão que diz:
"Fazer carvão é uma arte difícil e é por isso que os gatos vão buscar pessoal experiente mesmo que tenham de trazê-lo de longe"
A partir de reportagens divulgadas pela mídia criou-se aos olhos da opinião pública o conceito de que a produção de carvão vegetal no Brasil é predatória e nociva aos interesses da sociedade.
O Sistema Artesanal de produção de carvão vegetal, utilizando Fornos Rabo Quente, pela forma como o trabalho é realizado se não houver reestruturação faz com que tenhamos a convicção que tal atividade deveria deixar existir, pois este tipo de trabalho avilta a dignidade humana onde predomina dominação.
Justificar sua existência com argumento que gera empregos não é suficiente uma vez que, entendemos a necessidade do trabalho como forma de possibilitar ao humano viver com dignidade e livre para traçar o seu destino. ( ABDALA ?1993, DIAS 1998).
Por outro lado, rotular, genericamente, a atividade de Produção de Carvão Vegetal como fonte de precárias condições de trabalho e causadora de impactos ambientais é deixar de reconhecer que existe Sistemas de Produção Organizado, através de Companhias de Reflorestamento que contrapõem a esta afirmativa.
Nas Reflorestadoras , ao compararmos o Sistema de Produção utilizando Fornos de Superfície e Retangulares verificamos que o primeiro demanda grande esforço físico do trabalhador com exposição a agentes ambientais principalmente,calor, gases e poeiras e maior risco de acidentes além do que o trabalho, embora de natureza braçal, é revestido de exigências cognitivas enquanto o segundo por possibilitar a carga e descarga mecanizada possibilita que ocorra redução na atividade física e na exposição aos agentes ambientais enquanto as exigências cognitivas são maiores.
Com a mecanização ao eliminar a presença de trabalhadores em áreas de risco principalmente naquelas atividades que demandam grande esforço físico e exposição acentuada aos agentes nocivos à saúde ampliou-se o nível de segurança , mesmo que isto tenha significado redução de empregos.
De certa forma, podemos concluir que a mecanização na carga e descarga dos fornos contribuiu para melhoria nas condições de trabalho, embora as questões de segurança, saúde ainda não estejam resolvidas sendo necessário a busca permanente de alternativas no aprimoramento dos processos produtivos que ainda continuam caracterizados como de baixo nível tecnológico e também na organização do trabalho para que ocorra mudança na imagem negativa que se formou em torno da atividade carvoeira.


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