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O CONSUMO


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2.    
O CONSUMO


?Ao analisarmos o que significa consumir, quais são os objetos que consumimos e em quais circunstâncias históricas consumimos, vemos que o sentido do consumo muda completamente. Consumir, nos séculos XVII, XVIII ou XIX, tem um sentido totalmente diferente de consumir no final do século XX e começo do XXI?     < Jurandir Freire Costa>.


Para uma abordagem mais eficaz do conceito, a primeira questão que devemos analisar é a idéia que se faz do que significa consumo. Para isso, tomaremos como ponto de partida o pensamento de Nestor Garcia Canclini. Nas palavras desse autor: ?Temos teorias econômicas, sociológicas, psicanalíticas, psicossociais e antropológicas sobre o que ocorre quando consumimos?. De fato, a questão do consumo não tão simples de ser resolvida quando lançamos a pergunta: o que significa consumir? Para elucidar a questão tomamos a definição de Canclini em que propõe ?partir de uma definição: o consumo é o conjunto de processos socioculturais em que se realizam a apropriação e os usos dos produtos?. E é claro que isso inclui uma série de fatores, como; crenças, percepções, desejos, valores, atitudes etc. Questões estas que, pela brevidade da abordagem não iremos aprofundar aqui. Segundo Canclini, o consumo faz pensar, quando vemos famílias que não tem o que comer e vestir durante todo o ano dissipar o pouco que tem com festas e presentes de final de ano. Para ele, a tendência em consumir resulta na participação do cenário de disputas por aquilo que é produzido pela sociedade e pelo seu modo de uso. Canclini acredita que; atualmente, uma nação se firma mais enquanto mercado consumidor do que pelos seus limites territoriais e sua história política. Os meios de comunicação fazem circular signos por códigos de identificação que nos unificam, sendo que, mesmo quem nunca saiu do seu país se faz entender, pelo fato de compartilhar dos mesmos signos, logotipos, ídolos e outros objetos da sociedade e da cultura. Tal situação, segundo Canclini: ?implica numa concepção de mundo não mais como simples lugar de trocas de mercadorias?, mas também como parte das interações socioculturais complexas. Canclini entende ainda que; as mudanças nas maneiras de consumir alteraram completamente a forma de exercício da cidadania. Atualmente, as identidades se definem pelo potencial de consumo e capacidade de posse. As barreiras geográficas e culturais foram rompidas e a cultura é cada vez mais construída numa espécie de montagem de ?peças variadas?, uma ?mestiçagem?, no dizer de Michel Serres. Os objetos perdem a relação de fidelidade com o local de origem. O que conta é a velocidade de circulação e de renovação constante das atividades econômicas e culturais que funcionam cada vez mais de forma dispersa. Velhos agentes de reestruturação da sociedade como: partidos políticos, sindicatos de trabalhadores e intelectuais foram substituídos pela reestruturação mais ampla dos meios de comunicação de massas e pelas mudanças tecnológicas dos últimos anos. Segundo Canclini, cada vez mais, as atividades básicas da vida humana como: trabalho, estudo e consumo são realizadas distante do local de residência. Nisso, os debates de interesse público e construções de alternativas deveriam ser feitas nos meios eletrônicos onde cada vez mais grande parte da população se informa. O autor lembra que ?as identidades eram territoriais e quase sempre monolinguisticas?. Atualmente, os documentos de identidade e os passaportes dos indivíduos se tornam cada vez mais ?transnacionais? ou multinacionais. As pessoas estão cada vez mais em circulação, transpondo todos os limites territoriais e as barreiras geográficas. Segundo nos fala um grande estudioso da ?cibercultura?, o filósofo e antropólogo Pierre Levy, a economia contemporânea é uma economia da ?desterritorialização? e da ?virtualização?. Ele menciona que o principal setor mundial em volume de negócios é o turismo: viagens, hotéis, restaurantes. Para o autor, ao longo da  história; a humanidade nunca se dedicou tantos recursos a ?não estar presente, a comer, a dormir, a viver fora de sua casa, a se afastar do seu domicílio?. Essa ?desterritorialização? da economia contribui também para a ?desterritorialização? das identidades que se tornam cada vez mais ?efêmeras? e ?fragmentadas?. Diz Canclini que: ?Os fluxos culturais, entre as nações, e o consumismo global criam possibilidades de ?identidades partilhadas? ? como ?consumidores? para os mesmos bens, ?clientes? para os mesmos serviços, ?públicos? para as mesmas mensagens e imagens ? entre pessoas que estão bastante distante umas das outras no espaço e no tempo?. Segundo Canclini: ?O discurso do consumismo global reduz as diferenças, que até então definiam a identidade, a uma espécie de ?língua franca? da moeda global?. Passemos agora a uma abordagem das identidades num sentido mais geral. 




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