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O drama


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O DRAMA Podemos começar este capítulo sobre o ?Drama? com uma expressão utilizada por Shakespeare: ?O mundo inteiro é uma cena? e as suas peças principais são o comentário dramático das formas em que as práticas colectivas se revelam, as dos participantes e as dos confinantes dos poderes e das acções sociais. Ao fim e ao cabo é tudo um jogo encenado da sociedade, é uma sociologia que depende do drama. Esta expressão tem um duplo sentido: o de agir e o de representar o que está em movimento a fim de se descobrir os segredos que envolvem todos os assuntos humanos. Todo o sistema de poder do fenómeno político está destinado a produzir ilusões como as ilusões de um teatro. Por isso, conclui-se que as técnicas dramáticas não são apenas exclusivas da encenação teatral, mas também na forma como uma sociedade é conduzida. O actor político consegue comandar o real através do imaginário. Ele consegue, aliás, ser actor de cenas teatrais, consegue separar as cenas, governá-las e produzir, então, um espectáculo. O poder só se realiza e só se conserva pela transposição, pela produção de imagens, pela manipulação de símbolos e pela sua organização num quadro cerimonial. A dramaturgia política traduz a formulação religiosa, faz uma réplica da cena do poder ou uma manifestação do outro mundo. A hierarquia é sagrada e o soberano depende da ordem divina, dela fazendo parte ou recebendo o seu mandato. Logo, o passado colectivo, elaborado numa tradição, num costume, é a origem da legitimação. É o mito do heróis que acentua com mais frequência a teatralidade política. O mito da unidade torna-se no cenário da teatralização política. Este mito da unidade mobiliza e recebe a sua aplicação mais espectacular na festa que põe a nação inteira em situação cerimonial. Um bom exemplo desta unidade, é o 1º de Maio socialista que é bem mais do que uma festa do trabalho. O 1º de Maio reúne, iguala, ele alia num momento o povo e os seus chefes na exaltação das realizações comuns, remodela os actores sociais, representando-os num espectáculo em que representam não o que são, mas o que devem ser em função do que o Estado e, portanto, o partido, espera deles. As próprias cidades com conteúdos históricos encenam cenas construídas pelos regimes sucessivos. As cidades apresentam um espaço onde abundam os símbolos e as significações. No decorrer de toda a sua história toda a cidade se enriquece de lugares aos quais pode ser atribuída uma função simbólica, recebida por destinação ou em virtude de algum acontecimento. A topografia simbólica de uma grande cidade é uma topografia social e política. O silêncio e uma linguagem própria definem a expressão verbal do poder e são uma das condições da arte dramática. Constituem em parte a sua substância. Visam o efeito mais do que a informação e procuram a influência duradoura sobre os indivíduos, o que permite ao discurso político ter um conteúdo fraco e repetitivo, pois o que importa é a maneira de dizer e de ser ambíguo. Em muitos reinos antigos de África o soberano não dirigia as suas palavras directamente ao resto da população, auxiliando-se num porta-voz que transmitia os seus pensamentos, pois as palavras do poder não circulavam como todas as outras palavras comuns. A sociedade não depende exclusivamente da coerção, das relações de força legitimadas, mas também do conjunto de transfigurações de que é, ao mesmo tempo, o objecto e a realizadora. A sua ordem permanece vulnerável, ela é portadora de perturbações e de desordem, geradores de ardis e dramatizações que mostram o poder em negativo.


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