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Ética e a dignidade fílmica...


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Após a Segunda Guerra Mundial qualquer harmonia possível entre os seres e as coisas cessou de existir. O termo ? inevidente?, de que fez uso Roland Barthes, caracteriza a nova paisagem que se abriu aos nossos olhos após a Guerra e que durou por entre todo o século XX, até aos dias de hoje. O cinema começou cautelosamente a dar sinais de reconciliação, demonstrando certas formas de harmonia e uma urgente necessidade de ultrapassar os conflitos inerentes ao mundo exterior, perante esta forma de arte. Um novo cinema de sensações ópticas oposto à acção e aberto às evidentes relações de estranheza entre os indivíduos e o que os rodeia possibilita o surgimento de um compromisso ético do cinema face à realidade histórica.
De modo a estabelecer uma definição prática do que se entende como cineasta e de modo a nos permitir perceber qual a sua instância ética é, primeiramente devemos proceder à desmistificação do código do cinema.
O cinema não pode unicamente ser visto como arte, deve ser igualmente encarado como algo que não depende unicamente do ?estatuto de arte? para ganhar positividade na sua existência. Jean Claude Biette descreve o cineasta como sendo ?alguém que expressa o seu ponto de vista sobre o mundo, através do cinema, pelos seus filmes e forma como os elabora.?
Esta definição é útil no sentido em que contem duas possibilidades. Por um lado, o cineasta é a pessoa que compõe o filme de modo ao seu público manter, em particular, a percepção da realidade do meio em que se insere, da sua contemporaneidade e assim conseguir eficazmente exprimir um claro compromisso para com a lógica do tempo. O cineasta pode no entanto não permanecer um mero observador objectivo da realidade ou um simples contador de histórias, que através de uma história ou mise en scène, afirma as suas próprias preocupações e convicções relativamente aos problemas do seu tempo.
O cineasta moderno tem de ter um elevado grau consciência do seu próprio mundo e não pode de forma alguma manter uma atitude inocente perante o seu maior meio de expressão. Ele vê-se logo, quase que obrigado a expor o seu ponto de vista acerca de determinado assunto e apresentá-lo no exercício filmico em execução. Esse processo de consciência é unicamente possível através de um vasto conhecimento do meio.
Uma atitude de auto-reflexão, deve sempre ser evidente no trabalho do cineasta, no entanto não devendo esta gerar um processo de ilusão, fazendo o seu público crer que o cinema torna o mundo transparente. O cinema deve sim reflectir o mundo como algo inerente ao acto de filmar.
Em conclusão, a real atitude ética do cineasta, pode apenas emergir de duas premissas básicas: o seu envolvimento com a realidade e através da reflexão sobre os limites formais do meio em si.


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