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Taxi Driver (1976)


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?Mas eu não quero me encontrar com gente louca?, observou Alice. ?Você não pode evitar isso?, replicou o gato. ?Todos nós aqui somos loucos. Eu sou louco. Você é louca?. Como sabe que eu sou louca??, indagou Alice. ?Deve ser?, disse o gato, ?ou não teria vindo aqui.? (Lewis Carrol, Alice no País das Maravilhas).

Eis aqui outra figura que diz a que veio, encarnado em um singelo motorista de táxi. Dizem que os esquizofrênicos vivem em uma realidade paralela. Tem alucinações, vêem coisas. Coisas que não existem. O que Travis Bickle via nas ruas? Via drogados, prostitutas, traficantes e vagabundos. A escória, o esgoto da humanidade (como ele mesmo diz ao seu passageiro, candidato a presidente, que pergunta o que ele gostaria de mudar na América, e ouve a resposta estupefato). É assim que Travis vê a humanidade de dentro de seu táxi. Gente comprando gente. E se vendendo. Os desqualificados, criaturas sem sentido, zumbis, os losers da América pós-Vietnã. Ele mesmo, um ex- marine . Agora, alma penada vagando como motorista de táxi nas ruas de Nova York, emprego para quem não tem nenhuma outra qualificação e não dorme à noite (às vezes, nem de dia). Travis busca um sentido. No amor, primeiro, e é o fracasso total. Atrás da menina dos sonhos, sua princesa, voluntária na campanha presidencial, não percebe o abismo entre ambos e o amor impossível. O ?namoro? entre os dois acaba, mas ela continua na campanha presidencial. Travis perde a garota para o candidato. Decepcionado no amor, Travis quer salvar a vida da prostituta-mirim Iris. Ou salvá-la da vida que leva. A contragosto, diga-se. É a única vida que ela conhece, a única família que tem. Mas Travis não percebe, e não entende. Fracasso novamente. Na sua última tentativa, volta a ser soldado. Armado da cabeça aos pés (literalmente), propõe uma missão a si mesmo. No terreno que conhece. É um marine novamente. E quem ele vai exterminar? Certamente, algum vagabundo, traficante ou cafetão, os tipos que despreza. Ledo engano! Seu alvo é justamente o candidato a presidente, do qual foi cabo eleitoral. Pateticamente, o anjo vingador se transforma no Romeu enciumado (:/) Vai dar cabo do seu inimigo, do ladrão do amor de sua Julieta. Mas fracassa novamente. E parte para o último ato. Sai no encalço do cafetão da prostituta-mirim, no banho de sangue final. Finalmente acerta! E com direito a celebridade. Mas principalmente, sentido de dever cumprido. De alma lavada, recupera a confiança perdida. Confiança nos outros? Não se sabe. Mas com certeza, em si mesmo. Um sobrevivente, acima de tudo (:\) Mas no fim das contas, resta ainda a pergunta. Quem eram os loucos, vítimas da loucura da guerra e da loucura do mundo? Os drogados, as prostitutas, os vagabundos? Ou o único que enxergava o absurdo de toda a situação, ainda que da sua maneira torta? E que tortamente tentou consertar? Ironicamente, sim, o louco é aquele que enxerga. Justamente por enxergar demais, é louco.

25/12/07


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