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Epopéias


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As epopéias caracterizam-se por serem anônimas e brotarem da alma dos povos jovens. São uma espécie de criação coletiva em que o poeta desempenha a função de rapsodo ou compilador. Os épicos gregos apresentam uma estrutura composta por quatro partes: composição, invocação, narração e epílogo. Na proposição dá-se o enunciado da obra, conforme; na invocação há o apelo aos deuses para que ajudem o poeta; a narração é parte central e mais extensa da epopéia. Contém relato minucioso das ações do herói, devendo obedecer a uma seqüência lógica, mas podendo começar no meio; o epílogo é a parte final da narrativa, deve guardar um imprevisto, ser verossímil, coerente e conter um final feliz. Ao contrário do gênero lírico, a épica caracteriza-se por conter um distanciamento entre o sujeito (narrador) e o objeto (mundo narrado). A posição do narrador é de confronto em relação àquilo que conta. Na épica primitiva alguém narrava um fato a um grupo de ouvintes, distanciando-se do acontecimento passado. Na evolução da épica para o romance e o conto, a situação não se alterou. Porém, agora, o autor narra os acontecimentos não a um auditório, mas sim aos leitores. Existe relação de continuidade entre o mito, a lenda, a epopéia primitiva e a literatura moderna. As provas que as personagens romanescas devem vencer têm seu modelo nas aventuras do herói mítico. A apresentação do narrador não é uma cópia perfeita da realidade, que sofre influência da criatividade do artista. O poema épico apresenta alguns fenômenos estilísticos, segundo os quais, o ritmo relaciona-se com a posição de distanciamento do narrador ao apresentar seu relato. A linguagem utilizada é discursiva e segue uma sintaxe lógica e o tema consiste em uma série de acontecimentos passados, que tanto podem ser lendários ou tratar de uma época mais próxima. A epopéia deve dispor de alta quantidade de episódios espetaculares, batalhas sangrentas, exaltação dos heróis sobre-humanos, intervenção dos deuses ou de forças sobrenaturais, enfim, muita grandiosidade. O distanciamento entre sujeito e objeto favorece a inalterabilidade de ânimo do autor, que não experimenta as oscilações do estado afetivo lírico. Esta inalterabilidade explica, em parte, a falta de amor na temática épica. A apresentação dos fatos obedece a um desenrolar progressivo e meticuloso que prende a atenção do leitor e desvia seu interesse do desenlace. Embora não se possa dizer que na obra épica se anule a visão de conjunto, as particularidades são tão importantes que os episódios ganham vida relativamente autônoma. Na Poética, Aristóteles afirma que, segundo o objeto de mímesis, a epopéia ocupa-se com a ação das personagens nobres. Para ele, esse gênero assemelha-se à tragédia em alguns pontos, mas difere-se em outros. Ambas são imitações e necessitam de reconhecimento, peripécia e catástrofe, porém, variam na extensão e na métrica, podendo variar, também, nos modos, objetos e meios. Na tragédia temos pouco tempo e dependemos de um espaço limitado, portanto, torna-se impossível representar muitas partes da ação desenvolvendo-se ao mesmo tempo, como ocorre na epopéia, podendo-se, na tragédia, mostrar apenas uma única ação sendo representada pelos atores. Além das epopéias naturais, que são aquelas cujos autores são anônimos (Odisséia, Ilíada, Canção de Rolando, Cantar de Mio Cid, Canção dos Nibelungos), há também as epopéias eruditas ou artificiais, que são obras criadas por um único poeta, sem o concurso da imaginação popular (Eneida, de Virgílio; Os lusíadas, de Camões; Divina Comédia, de Dante). Os dois poemas épicos da Grécia Antiga, compostos ao redor do século VIII a.C., foram atribuídos, pela tradição clássica, a Homero, embora nunca tenha-se sequer provado sua existência. A Ilíada, e a Odisséia são poemas épicos que têm como referente histórico a Guerra de Tróia, antiga cidade do litoral da Ásia. Vários povos habitantes da Grécia, unidos numa confederação, após longos anos de assédio, conseguiram invadir e incendiar a cidade. Os poemas referem uma das numerosas expedições da Confederação Acaia, com vistas à ocupação de Ílion, cidades da costa asiática, por volta de 1180 a.C. As notícias sobre os aqueus (gregos) e troianos são todas incertas e imprecisas, porque se trata de povos de sociedades pré-históricas e de civilizações pré-helênicas, que ocupam região da Ásia Menor, do Egito, da Grécia central e das ilhas do mar Egeu, antes que deles e da mistura com outras tribos surgisse a civilização grega, unificadora de cultura e costumes políticos, religiosos, sociais e morais.

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