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O NOME MANUEL


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O NOME MANUEL

GOSTO do nome Manuel. Primeiro porque era o nome de meu pai. Segundo porque Manuel é forma aferética de Emanuel, que em hebraico quer dizer "Deus conosco". Manuel soa honesto, portuguesmente honesto, e é simpático em todas as suas deturpações familiares:

Mané, Mandu, Manduca, Maneco, Neco. A esse respeito me sinto sobretudo Mané.

Mário de Andrade, em sua correspondência comigo, começou chamando-me Manuel, às vezes Manuelucho, até que, três anos depois, inventou o apelido Manu, em que se fixou. Explicou-me: "Acho engraçado este apelido de Manu que dei pra você. Te dá um ar de deus indiano tão descolocado que só mesmo carinho de amizade o agüenta". Alguns amigos comuns adotaram o Manu. Rodrigo MeIo Franco de Andrade, não: inventou o Manula, que é como me chama toda a família dele.

Uma vez Fernando Sabino contou a história de um menino que foi ao Jardim Zoológico pela primeira vez e quando lhe perguntaram de que bicho tinha gostado mais, respondeu: De um bicho engraçado, com focinho comprido, que come formigas, chamado mané-bandeira.

Quando fui professor da Faculdade Nacional de Filosofia, um dia, ao tempo em que no cinema passavam o filme O Cangaceiro, uma aluna minha, que era bonita e poeta, me disparou esta quadrinha:

Alô, seu Mané Bandeira,

Alô, $eu Mané Bandá:

Tu ,me ensina a fazê verso

Que eu te ensino a namorá.

Ela achava que eu não sabia namorar. Fiquei humilhado. Tenho saudade do tempo em que fui professor. Parecia-me sempre ouvir a voz de Eduarda Duvivier dizendo:

Manuel, Manuelzinho, Manuel,

Manuel do coração, Manuel,

Que belas moças, Manuel.

Que belas são!

Manuel, Manuelzinho, Manuel.

Fita verde no chapéu, Manuel.

Os versos não são de Eduarda, mas parecem. São do folclore de Montes Claros e me foram mandados por Odílio, o da Costa, filho.

Raquel, a de Queiroz e do Oyama também, me enviou versos - um bentinho, um benditinho, que ela achou lindo, e é mesmo:

Nossa Senhora pediu

Com a sua divindade:

São Manuel da Paciência,

Tenha dó da mortandade.

E por aí vai. No fim ainda acrescentei:

Nossa Senhora pediu

Com seu ar mais meiguiceiro:

São Manuel da Paciência,

Tenha dó do brasileiro.

- Sobretudo do brasileiro naturalizado, dirão consigo meus amigos Paulo Rónai e Otto Maria Carpeaux.

.

Referência:

COUTINHO, AFRÂNIO. Antologia Brasileira de Literatura. V. III, 2. ed. Rio de Janeiro.: Ed.Letras e Artes, 1967. pp. 149,151.



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