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Quem foi Garcia de Resende?


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Garcia de Resende nasceu em Évora em 1470 e viria falecer nesta mesma cidade em 1536. Viveu durante os reinados de D. João II, D. Manuel e D. João III, e foi sempre de uma fidelidade total à corte, ambiente em que se desenvolveu toda a sua actividade e onde aliás desempenhou alguns cargos de importância. Com efeito, em 1491 era moço de escrivaninha de D. João II (o equivalente a um secretário particular), rei que admirava bastante.

Foi também um homem de confiança de D. Manuel, rei que acompanhou em 1498 como secretário, numa visita às cortes de Toledo em que o rei português foi jurado herdeiro dos Reis Católicos. Mais tarde, em 1514, foi também secretário e tesoureiro da embaixada enviada por D. Manuel a Roma, e o sucesso dessa empresa valer-lhe-ia algumas tenças e privilégios que fizeram de Garcia de Resende fidalgo da Casa do Rei e proprietário de boa parte do Alentejo. Já no reinado de D. João III, viria a desempenhar as funções de Escrivão da Fazenda. Garcia de Resende viria a passar os últimos anos de vida em Évora, de que era proprietário, e aí faleceu.

O facto de viver de perto e por dentro o ambiente dos reinados referidos fazem dele uma testemunha privilegiada da corte e da sociedade daquela época, facultando-nos o conhecimento dos ambientes palacianos desses três reinados. Tinha dotes artísticos no domínio da música, do desenho, da arquitectura, e sobretudo da literatura. Já dizia Gil Vicente que ?o Resende?de tudo entende?. Foi simultaneamente historiógrafo, desenhador, músico e poeta palaciano, aptidões que colocou ao serviço dos monarcas com o intuito de os engrandecer e prestigiar.

Foi Garcia de Resende o compilador do Cancioneiro Geral, publicado em 1516, que teve por modelo o Cancioneiro General publicado em Castela alguns antes. O Cancioneiro Geral é constituído por composições amorosas e satíricas de diversos autores portugueses (Sá de Miranda, Gil Vicente ou Bernardim Ribeiro) e autores castelhanos,  e inclui alguns poemas e um prefácio do próprio Garcia de Resende dirigido ao príncipe D. João. No Cancioneiro Geral encontramos a poesia palaciana recolhida e compilada por Garcia de Resende ao longo dos reinados de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel.

Em relação às obras de Garcia de Resende, destacam-se as Trovas à morte de D. Inês de Castro, já que foi o primeiro autor que se conhece a tratar o tema da morte de Inês de Castro e a enaltecer essa figura do passado, abrindo assim caminho à consagração literária da personagem. Escreveu também a Miscelânea, cujo título original é Miscelânea e Variedade de Histórias, Costumes, Casos e Cousas que em seu Tempo Aconteceram, publicado em 1554, numa obra em que são relatados em verso alguns acontecimentos importantes da época. Escreveu outros escritos de menor importância, como umas reportagens que fez da Entrada del-Rei D. Manuel em Castela, ou da Ida da Infanta D. Beatriz para Saboia, ou ainda a Trasladação do corpo del-Rei D. João II, destacando-se sempre a fidelidade à coroa portuguesa.

Garcia de Resende escreveu também uma Crónica de D. João II, originalmente como Vida e Grandíssimas Virtudes e Bondades de El Rei D. João II, obra concluída em 1533, mas publicada somente em 1545. Esta Crónica de D. João II, baseada na crónica de Rui de Pina, tenta fazer memória de uma época que presenciara as conquistas ultramarinas e as navegações oceânicas, mas tem interesse sobretudo pelos pequenos pormenores relativos aos actos e ditos do rei, bem como algumas anedotas da época que aí são contadas.    

Esta Crónica de D. João II viria a ser alvo de fortes críticas por parte de Alexandre Herculano e da crítica liberal, que desvalorizaram a Crónica de D. João II por considerarem-na um plágio da  crónica de Rui de Pina, e por ser aí feita apologia do rei por parte de um cortesão servil. Herculano chamou mesmo à Crónica de D. João II uma ?mesquinha colecção de historietas?, mas acima de tudo, essa obra vale como testemunho de quem está integrado nessa sociedade, e de quem a vive por dentro.

Sintetizando aqui o essencial, há que dizer que, independentemente do valor estético dos seus escritos, Garcia de Resende teve um papel relevante na história da literatura como compilador, já que salvou o panorama literário de uma época e tornou-se útil à história. Mas para além da boa organização do Cancioneiro Geral e o acerto na escolha dos temas, os seus escritos são também preciosos para a reconstituição da história social, das mentalidades e dos valores das cortes palacianas daquela época.


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