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Um Diálogo entre os Evangelhos


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Um Diálogo entre os Evangelhos


Mostramos, aqui, algumas convergências e divergências em relação a como se realiza o discurso mítico sobre Jesus, nos quatro Evangelhos reconhecidos como canônicos pelos cristãos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Acredita-se terem sido escritos por inspiração divina
. Portanto, são tidos como sagrados
, merecedores de crença, pois seus autores teriam sido instrumentos humanos, utilizados por Deus para que pudéssemos conhecer a sua palavra e se tivéssemos o direito de salvação. Apesar de hoje, sabermos que esses livros foram selecionados por homens, dentre outros que ficaram de fora ? os apócrifos
, originado do grego apokryphos -, que significa oculto
, secreto
, sendo, atualmente, todas as narrativas apócrifas vistas pela Igreja como maléficas à fé dos cristãos, por não fazerem parte do rol dos livros inspirados por Deus.

Sendo a história de Jesus, a história das histórias
, sem a qual, conforme Toledo, não seríamos o que somos, não nos compreenderíamos nem nos reconheceríamos
, a Bíblia tem servido como fermento à produção literária. Confirmando-a ou negando-a, constantemente podemos lê-la na atualidade, através das inúmeras formas de se revisitar a tradição, seja pelo discurso irônico, carnavalizado, paródico, ou através de um nome para simplificar, que abarca qualquer desses termos, a intertextualidade.
Iniciamos a nossa análise pelo texto de São Marcos que, segundo A Bíblia Explicada
, é o mais antigo, surgido por volta do ano 70 d.C., quando a angústia e ansiedade dos discípulos, pela volta de Cristo, começavam a diminuir. Então Marcos iniciou a compilação dos textos que circulavam na oralidade, quem sabe, de alguma forma, na escrita. Seria, pois, a partir de Marcos, dez ou vinte anos mais tarde, que Mateus e Lucas fariam os seus Evangelhos ? acrescentando, invertendo a sua ordem, modificando -, sempre tendo em Marcos a sua fonte.
Considerando isso, é que se afirma que os textos de São Marcos, São Mateus e São Lucas são Evangelhos Sinóticos, ou seja, permitem serem visualizados como um conjunto, pela semelhança de suas versões e, apesar das divergências, com uma certa unidade.
O evangelista Marcos inicia o seu livro pelo aparecimento de João Batista batizando no Rio Jordão e anunciando aquele que viria após ele, para batizar com Espírito Santo. Em seguida já aparece Jesus adulto para ser batizado por João. Não há interesse pelo nascimento e pela infância de Jesus.
O livro de Marcos que contém dezesseis capítulos, com forte enfoque na pregação de Jesus, de acordo com A Bíblia Explicada,
inicialmente iria até o versículo oito, terminando com a fuga das mulheres, ao se depararem com o túmulo vazio de Jesus. Posteriormente foi completo pela tradição
com mais doze versículos que relatam as aparições de Jesus às mulheres e aos discípulos, buscando atestar o caráter heróico e a vitória de Cristo sobre a morte, já que a ressurreição legitimada pelas aparições é o que funda a nova religião. Paulo diz que sem a ressurreição a nossa fé não faria sentido, pois se Cristo não ressuscitou, é inútil a vossa fé (I Cor., 15:17), cairiam por terra os fundamentos do Cristianismo. Talvez ao encerrar o seu livro sem falar das aparições terrenas de Jesus, após a ressurreição, Marcos estivesse pensando o dogma da ressurreição em conformidade com que o teólogo suíço contemporâneo Hans Kung, iria fazer, contestando o que chama de idéias legendárias e mitológicas
, sugeridas pelos Evangelhos, que segundo ele, não quer dizer que haja um retorno à existência terrena. De maneira positiva, a ressurreição significa que Jesus Cristo não se transferiu para o nada, e sim para o todo global e inconcebível que é Deus, ou seja, a primeira e última verdade

Entendemos que o de Mateus seja o Evangelho mais completo, iniciando pela genealogia de Jesus, e o primeiro verso já anuncia o tom de todo seu texto Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão
, como a enfatizar que Jesus é o salvador prometido (judaico) descendente de Davi, por ter sido rejeitado como o Messias pelo seu povo (judeus), funda uma nova descendência de Abraão que une judeus e pagãos. É importante perceber que o início está perfeitamente relacionado aos últimos versículos. Tendo Israel rejeitado Jesus como Messias, a nova descendência de Abraão deveria ser formada por todas as nações, conforme se pode ver: Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo
...(Mt., 28:19).
O Evangelho de João, surgido entre os anos 90 e 100 d.C. inicia-se com ênfase no seu propósito de demonstrar a fé na filiação divina de Jesus, através do seu testemunho: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus
.(Jo, 1:1,2). Enquanto Marcos fazia mistério, ora revelando, ora ocultando a divindade do Mestre, João acentua a sua glória até na crucificação. Os outros três evangelistas narram os acontecimentos no caminho do gólgota como um fato humilhante, em que Jesus necessitou da ajuda de Simão para levar a sua cruz, João não faz nenhuma menção a Jesus ter sido ajudado por alguém, antes mostra a hombridade com que o Filho aceitou cumprir os desígnios do Pai: E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota
(Jo, 19:17).


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