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Desabafo de umbandista


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Em primeiro lugar quero deixar claro como me coloco no cenário umbandista. Sou pai no santo. Não sou mago de luzes, fogo, água ou nada parecido. Não fiz cursinhos de seis meses e nem me especializei em literatura duvidosa. Não faço parte da grande corrente de mais de 77.000 magos formados a cada ano. O que sei e sou foi lapidado na vivência diária, dentro dos terreiros com as entidades e orixás, tendo como trilha sonora o toque dos atabaques e como mestres, preto-velhos, caboclos, baianos e todos os amigos astrais que nos cercam. Fiz todos os preceitos e obrigações necessárias para chegar onde estou. Há mais de trinta anos dedico-me a Umbanda de corpo e alma e, a ela e seus mensageiros, agradeço por tudo que tenho e a pessoa que me tornei. Esse preâmbulo foi necessário para que todos entendam minha decepção com os rumos que algumas pessoas querem dar a nossa religião. Sou plenamente a favor da leitura e do estudo para os médiuns em geral. Porém, sempre digo que é necessário usar-se o bom senso e coar, peneirar, separar o joio do trigo. Há uma grande quantidade de mães e pais no santo que foram feitos através de cursos ou simplesmente de leitura (como se isso fosse possível!), que saem por aí dizendo barbaridades com os dedos apontados para nós, médiuns que dedicamos uma vida inteira ao culto que eles começaram a aprender ontem, mostrando que estão bem longe da verdadeira forma de conduzir um debate equilibrado. Querem de toda maneira impingir pretensas verdades com uma peremptoriedade que beira o fanatismo ridículo. O dirigente feito, preparado e que trabalha há anos dentro de um terreiro pode ler o que quiser, pois jamais se deixará seduzir por belas palavras que não condizem com sua vida espiritual e com seu labor diário. Esse desabafo não é apenas meu, mas de vários pais e mães no santo que discordam dessa nova tentativa de maquiar a verdadeira Umbanda como ela se apresenta. O que estamos vendo e ouvindo atualmente? Tronos e Virtudes, mestres ascensionais, inclusão e exclusão de linhas e outras pérolas exasperantes. Concordo plenamente que sendo nossa religião aberta a várias vertentes podemos usar algo aqui ou ali de outros grupos espiritualistas, mas alterar o que está ai é um pouco demais. Estão misturando Angeologia com Hinduismo e posando de grandes sábios dentro de assuntos que eles próprios inventaram. Trocar as linhas sagradas por tronos, que na realidade é uma das divisões de categorias angelicais, beira o total descaso com nossos orixás e entidades em geral. Nenhum pai no santo responsável que realmente faça da religião uma ponte para o auxilio e caridade aos desvalidos, pode aceitar um absurdo desses, pois isso não faz e nunca fez parte de nenhum culto umbandista. A evolução espiritual existe e temos prova disso a cada trabalho, mas não podemos confundir essa evolução com modernização imposta por pessoas que obviamente têm interesses totalmente diversos quanto ao futuro da religião. Custa pensar? É difícil demais observar e apreender somente o que for útil em qualquer obra literária? Converso com muitos irmãos no santo e tenho certeza de estar aqui protestando em nome deles; e em nome de todos os sabedores que não somos nós os responsáveis por mudar nada dentro da lei, essa tarefa cabe às entidades que trabalham em nossos terreiros e não a quem julga-se capaz de fazer uma reforma religiosa e nem ao menos tem discernimento a respeito do que está pregando. Graças a Oxalá nunca me deparei com nenhuma entidade que defendesse essa modernidade, isso seria muito desagradável, minha consciência não permitiria que eu deixasse passar em branco e me obrigaria a duvidar dessa incorporação. Volte ao inicio do texto e veja se você se coloca como eu. Se sim, seja bem vindo! Temos que parar de aceitar tudo que ouvimos senão daqui a pouco nossos orixás e entidades serão chamados de Potestades, Dominações. Serafins ou Querubins! Somemos força! Se não pensa assim, tudo bem! Deixo um ditado antigo para reflexão: ?para quem sabe ler,pingo é letra!".


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