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A Religião no Limite da Simples Razão


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Na obra em questão, Kant afirma que há somente uma verdadeira religião; podendo haver vários tipos de fé. Nas diversas Igrejas separadas umas das outras pela diversidade de crenças, é possível se deparar com uma única e mesma religião. Kant fala que é mais conveniente dizer "Este homem é desta ou daquela fé" (Judaica, Cristã, Maometana, Luterana, Católica) do que dizer "é desta ou daquela religião". Essa última expressão não deveria ser usada, quando falada em público, pois é erudita e incompreensível, ou seja, Kant fala que o homem em geral, entende por religião a sua fé de Igreja que é apresentada aos nossos sentidos, ao passo que a verdadeira religião é oculta, interior, e depende de disposições de ânimo morais. Daí, a relação inicial para a suposta passagem da moral para a religião.
Na religião racional apresentada por Kant, ou seja, baseada na razão pura, não existem servidores legais ou funcionários: cada membro recebe suas ordens do legislador supremo, como mandamentos. Os servidores de uma fé religiosa são responsáveis pelo dever de conformar seus ensinamentos e organização à pura fé religiosa. O que ocorre, é que muitos servidores esquecem do fim último, atendo-se aos elementos estatuários e históricos da fé da Igreja (PASCAL, p. 188).


O racionalismo que brota da religião em Kant, deve manter-se nos limites do conhecimento humano. Como naturalista, não negará nem discutirá a possibilidade da revelação, nem a necessidade de uma revelação divina para introduzir a verdadeira religião; pois a tal respeito nenhum homem pode decidir algo mediante a simples razão. A distinção da religião natural e revelada, cabe ao sujeito por si mesmo e pela sua razão.<1>
Na mesma obra Kant percebe o problema do mal dentro de duas perspectivas: uma religiosa e outra filosófica. A primeira, o mundo começa com o bem, tendendo depois para o mal. Já no segundo, o homem progride sempre do mal para o bem. Ambas, levam Kant a pensar que a máxima do homem para a lei moral não é apresentada pela experiência, ela apenas nos mostra as ações que são contrárias à lei moral. Dizer se o homem é mau ou bom, não depende da experiência, mas da máxima adotada pelo homem. Convém aqui tornar claro que a expressão "mal radical", não é entendida por Kant como males quaisquer, ou formas particulares de mal, mas sim o mal que nos pode ser imputado. Com outras palavras, não são males catastróficos materiais, mas males que produzimos com nossas ações, de um mal que depende de nós. O "radical" faz alusão ao fundamento ou raiz do mal, ou seja, a própria condição de possibilidade do mal na moralidade (ESTEVES, p. 39).
Perguntamos, se o mal não tem origem na razão. Mas, como pode, se a razão é a fonte da lei moral. Se o mal não está fundado, nem nas inclinações, nem na razão, Kant vai nos levar a perceber que o mesmo está nas máximas que o homem adota, sendo ele próprio responsável. Assim, o mal só é mal, quando consentimos.
Assim, reforçaremos também, a idéia de que Kant considera a realidade história do homem e chega a um resultado que transforma a religião numa intenção moral. Por conseguinte, já não se trata de perguntar se a religião nos traz a paz, mas se essa paz tem haver com a moralidade. conseqüentemente, compactuamos com Kant quando em seu pensamento afirma: ?duas coisas enchem-me o espírito de admiração e reverência: o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim?<2> neste caso para Kant o sublime que provoca êxtase seria a treplica natureza-liberdade-Deus. A natureza é neste caso, a realização do fim moral do homem e um campo bastante explorado pelas religiões de favores.

Bibliografia


ESTEVES, Júlio Cesar Ramos. Kant e o mal radical
. Ethica
, Rio de Janeiro: Gama Filho, v.6, nº 1, pp. 34-50, 1999.

F. Javier Herrero. Religião e Historia em Kant
. 1. ed. São Paulo: Ed. Loyola, 1991. v. 1. 193 p.

KANT, Immanuel. A Religião nos Limites da Simples Razão
.
Trad. Ciro Mioranza. São Paulo: Editora Escala.

PASCAL, Georges. O Pensamento de Kant
. Trad. Raimundo Vier. 4.ed. Petrópolis: Vozes, 1992.

Notas


<1> KANT, A Religião nos Limites da Simples Razão, p. 155-157.

<2> FILHO, Martins. SILVA, Ives Gandra. Manual esquemático de história da Filosofia ? São Paulo: LTr. 1997. P. 207


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