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As Obras do Amor


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O livro ?As Obras do Amor? (publicado em 1847), uma coletânea de discursos acerca do caráter prático do amor cristão e de sua identificação com o próprio Deus, pode ser tomado como um presente para Regina Olsen. A mulher com quem ele manteve um relacionamento e um noivado, que foi rompido por ele próprio, o que não implica em uma decisão que fez Kierkegaard feliz, mas que sem duvidas deixou profundas marcas em sua obra e em sua vida. Mas essa obra em especial, Kierkegaard deixa claro o seu desejo de escrever uma obra que seja ?para todos e qualquer um?, qualquer um que se assuma como um indivíduo responsável diante de Deus. E, quanto à compreensão de o que significa ser um indivíduo responsável, Kierkegaard tem a clareza de que este conceito está necessariamente ligado à prática e a prestação de contas para com Deus. Dá se então o ponto de partida dessa obra que trata do amor como o correspondente prático da fé. Tal caráter prático referente ao amor, referenda o surgimento de um paradoxo, pois faz do amor um dever, o cumprimento de um mandamento. Kierkegaard tem consciência desse fato, mas o vê como uma oportunidade para a alteridade que é uma categoria típica do cristianismo, pois o amor só poderá ter concretização prática por meio de uma relação com o outro. Esse outro não deve e não pode ser compreendido como um alter ego, mas sim como um próximo que não é você. E, com tal afirmativa Kierkegaard se apresenta como um precursor daquilo que E. Levinas diria muitos anos depois. A caracterização, ao mesmo tempo prático e divino desse amor, é o que o diferencia das concepções platônica e aristotélica de amor, Éros e Filia respectivamente. Éros se apresenta como um amor que se dinamiza em busca daquilo que é faltoso, sem qualquer caráter propriamente ético, pois como concordam Kierkegaard e Foucault, a ética grega nada mais é que uma estética. E Filia é uma relação apenas dual, ou seja, exclui a pessoa divina, o que na concepção própria do cristianismo é um grave equivoco, já que é justamente em Deus que se tem a fonte do amor. E ambos tratam de um amor de proveniência natural que inevitavelmente abre margem para uma necessária tendência de predileção. Porém tal distanciamento entre esses amores não significa que a origem divina do amor cristão inclua-o em uma esfera não prática. Para Kierkegaard é exatamente o oposto disso, pois esse amor cristão só se dá a conhecer por intermédio de obras. E sobre a necessidade da fé ser testificada através das obras do amor, Kierkegaard não sofre da mesma limitação que Lutero. Em sua empreita contra a igreja Católica, Lutero trouxe novamente à tona a afirmação de que o homem é justificado pela fé e não por obras, ainda mais quanto essas obras signifiquem compra de indulgências. Mas Lutero se embargou ao se deparar com a aparente contradição entre a verdade da justificação pela fé, e a afirmação de Tiago em sua epístola, que Lutero chamava de ?A carta de palha?, que dizia que ?a fé sem obras é morta?. Essa aparente contradição bíblica é facilmente dissolvida com a compreensão de Kierkegaard de que fé e obras se fazem presentes em diferentes estágios da vida cristã. Na qual a fé é a propiciadora da salvação, ou seja, para além daquilo que é racional; as obras são correlacionadas com o viver cristão, ou seja, a Obra se apresenta como o correspondente prático, que corrobora a existência prévia da fé. Kierkegaard é reconhecidamente um autor dotado de grade perspicácia e ironia, e também por usar de pseudônimos com a intenção de tratar de assuntos polêmicos sem realmente expor sua verdadeira opinião sobre o assunto. Mas, nesse livro ele abre mão de pseudônimos e não se nega a expor qual a sua posição quanto à prática da vida cristã. Faz isso de maneira tão especial que não se intimida de atacar um de seus próprios pseudônimos, no caso, ?Johannes, o Sedutor? que era incapaz de realizar ou imaginar que o verdadeiro amor não é o amor de si, mas antes um amor altruísta. Ainda que o mandamento diga para a


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