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Os Filósofos Pré-Socráticos


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O crescente interesse pelos pré-socráticos (interpretações de Nietzsche/Heidegger) dá novo viço e abre novas perspectivas para a compreensão da problemática filosófica. O trabalho de redescoberta dos filósofos ?menores?, precursores de Platão/Aristóteles, obedece a critérios de interpretação em outras bases. As pesquisas contemporâneas, que enfrentam desde dificuldades com a linguagem até preconceitos, tentam libertar a filosofia dos pré-socráticos da tutela platônico-aristotélica. Elucidá-los, escutando o que dizem os próprios fragmentos, evitando visualiza-los através de conceitos de evidente formação ulterior.


Quanto a linguagem e a dificuldade de sua compreensão, depois de 25 séculos de separação do homem moderno e suas preocupações em relação ao pensamento, BORNHEIM afirma que a terminologia filosófica atual é enigmática e antifilosofica, diferente dos pré-socráticos que já criticavam os poetas que recorriam a mitos  - muitas vezes eram acusados de portar uma linguagem arbitrária que ?inferiorizava? a condição filosófica. A desvantagem dos fragmentos é material: frases incompletas e esparsas, citações em autores antigos (Platão/Aristóteles/padres primitivos); mas não dá para ignorá-los (Parmênides/Heráclito/Anaximandro); encontram-se nessa fragmentada obra os fundamentos que determinam o próprio curso do pensamento ocidental, nisto conservam sua atualidade: memória do homem.


Na atualidade, a natureza como objeto das ciências naturais expressa a vontade humana de poder, ?algo que pode ser dominado pelo homem, posto a serviço/canalizado tecnicamente?. Uma física não disciplinarizada se volta para um saber do ente na sua totalidade, onde physis é um conceito fundamental de todo pensamento pré-socrático. Na etimologia da palavra, physis é um abstrato formado pelo sufixo SIS e pela raíz verbal PHY. A voz ativa do termo, PHÚCIN é produzir (relativo ao bosque na primavera); a voz média, PHÚESTHAI é crescer (referência aos ciclopes, ?sem semear/arar?).


PATZER (1940), faz a análise da palavra em função de Homero. Observa que essas formas verbais são aplicadas preferencialmente ao mundo vegetal, assim, seria o reino originário, estendendo-se mais tarde o significado do verbo a ponto de assumir amplidão máxima. JAEGER (1952 - La teologia de los primeiros filósofos gregos), diz que a palavra physis designa o processo de surgir/desenvolver-se, razão pela qual usaram frequentemente como genitivo; mas abarca também a fonte originaria das coisas, ?aquilo a partir do qual se desenvolve e pelo qual se renova constantemente?: a realidade subjacente às coisas de nossa experiência. BURNET (1952 - L?Aurore de la Philosophie grecque), afirma que na língua filosófica grega, physis designa sempre o que é primário, fundamental e persistente, em oposição ao secundário, derivado e transitório.


A insistência no problema da physis é indicação da densidade filosófica da palavra, que como conceito complexo depende da compreensão que se possa ter do pensamento pré-socrático. São três os aspectos fundamentais desse problema:


1. physis ?  indica ?aquilo que por si brota?, abre-se, emerge-se, surge de si próprio pondo-se em manifesto ; conceito nada estático que caracteriza-se por uma dinamicidade profunda . JAEGER, sobre Homero, infere: ?dizer que Oceano é a gênese é dizer que Oceano é a physis de tudo? ? sentido em que a physis encontra em si mesma a sua gênese, ARKÉ, ?principio de tudo que vem a ser?; ?pôr-se em manifesto? encontra na physis a ?força que leva a ser manifesto?. HEIDEGGER, sobre a physis, diz que ?é o próprio ser graças ao qual o ente torna-se e permanece observável?


2. natureza difere de psíquico/anímico/espiritual ? para os gregos do pós-socratismo, o psíquico também pertence a physis, é uma importante dimensão, melhor compreendida a partir de sua gênese mitológica: deuses gregos, não sendo sobrenaturais, são compreendidos como partes integrantes da natureza. Em Homero, a presença dos deuses aparece como superior ao homem mas simultaneamente algo semelhante: ?se os deuses estão presentes em tudo que acontece, tudo acontece como que através dos deuses?. Em Tales, a presença dos deuses em tudo transparece, ?tudo está cheio de deuses?. Para o surto de filosofia, com a exigência de racionalidade, acentua-se a nova atitude frente às coisas. Tales emprega a palavra deus num sentido diferente daquele em que a empregaria a maioria. Os deuses de Tales não vivem numa região longínqua, separada. Todo o mundo que rodeia e que se oferece ao pensamento está cheio de deuses e dos efeitos de seu poder: ?tudo está cheio de misteriosas forças vivas?, onde a distinção natureza animada/inanimada não tem fundamento, ?tudo tem uma alma?. A idéia da alma como ?forças misteriosas que habitam a physis?, transforma-a em algo inteligente, como uma espiritualidade que afasta o sem-sentido, o anárquico, caótico. Em Heráclito, no fragmento 76, ?deus é dia/noite, inverno/verão, guerra/paz, abundancia/fome?, mas toma formas variadas, como o fogo quando misturado com essências. No fragmento 64, ?o relâmpago governa o universo?, essa idéia de que deus pertence em algum sentido à physis é característico do pensamento pré-socrático. Em Demócrito, a integração do deus à physis ainda viva denota um princípio inteligente à physis, espírito/pensamento/inteligência/logos.


3. physis como ?totalidade de tudo que é apreensível em tudo que acontece? - existe um desvio de concepção do homem contemporâneo:


Notas fundamentais da physis como possibilitadora da física pré-socrática: pensando a physis, o filósofo pensa o ser; partindo daí  pode aceder a uma compreensão total do real <cosmos/deuses/coisas particulares / homem/verdade/movimento/mudança / animado/inanimado/comportamento humano / sabedoria/política/justiça>.




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