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O que é o virtual


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O virtual sempre foi considerado algo que não é concreto, em oposição ao real. Na verdade, o virtual é a oposição de atual. O virtual é o que existe em potência. A árvore está virtualmente presente na semente.

O virtual não tem passado. O possível é estático e já está constituído, diferentemente do virtual.

O possível é um estado pré-definido, que se realizará. O real é a ocorrência desse estado pré-definido. O atual é a invenção de uma solução exigida por um complexo problemático.

Uma das principais modalidades do virtual é seu desprendimento do aqui e agora. O virtual não está presente. As novas velocidades são o primeiro grau da virtualização. O aumento da comunicação e da mobilidade física participa do mesmo movimento de virtualização, da mesma tensão em sair de uma ?presença?.

Estamos ao mesmo tempo aqui e lá graças às técnicas de comunicação e telepresença. O ser humano modifica seu corpo cada vez mais e a virtualização dos corpos que vemos hoje é mais uma etapa na aventura de autocriação do ser humano.

A percepção é externalizada pelos sistemas de telecomunicação. A televisão em relação a visão (quando assistimos o mesmo programa estamos compartilhando do mesmo grande olho), o telefone para a audição, a câmera fotográfica, onde podemos perceber as sensações de outra pessoa.

A escrita é virtualizante, ela dessincroniza e deslocaliza. Num texto impresso, o leitor pode riscar nas margens, recortar, colar, mas o texto original estará sempre lá, realizado integralmente. Na tela, o leitor tem uma reserva potencial e não virtual, pois o programa de leitura predetermina um conjunto de possíveis. As imagens digitais não são imagens virtuais, mas imagens possíveis sendo exibidas. No computador a leitura é uma edição, uma montagem singular, porque ele seleciona a informação.

O computador também se virtualizou porque recorre às capacidades de memória e cálculo de outros computadores, então ele se torna apenas um pedaço. Só existe um computador cujo centro está em toda parte, mas não tem limites nem contornos: o ciberespaço.

O setor de turismo é o maior em volume de negócios. Nunca se quis tanto sair de casa, não estar presente, se afastar. O setor financeiro é o que mais traz características de virtualização. A criação da moeda (algo virtual que substituiu o concreto) a letra de câmbio (reconhecimento de dívida), o contrato de seguro, todas essas invenções acentuam a virtualização da economia.

Quando a imprensa dá a notícia de algo atual, elas estão virtualizando o acontecimento.

Assim como a virtualização do texto nos faz assistir a indistinção de papéis do leitor e do autor, também na virtualização do mercado os papéis do consumidor e do produtor se misturam.

A informação que corre no ciberespaço é virtual porque pode assumir significações diferentes, pode ser atualizada, copiada, até ser lida, quando se torna potencial.

Com a criação da linguagem nós, seres humanos, passamos a habitar um espaço virtual. Graças à linguagem, temos acesso ao passado sob a forma de lembranças. Podemos nos desligar do aqui e agora.

Vamos a outros lugares.

Os rituais, as religiões, as morais e as leis virtualizam os relacionamentos. Essa virtualização, ao mesmo tempo em que estabiliza comportamentos, também fixa procedimentos precisos para transformar os relacionamentos.

Características do virtual: passagem à problemática, não é desmaterialização, desterritorialização, a passagem do interior para o exterior e vice-versa, não é recente (o humano se construiu na e pela virtualização).

O quadrívio é o real (a substância, a coisa, subsiste ou resiste. Possui uma temporalidade linear, mecânica), o possível (formas não manifestas, que insistem. Uma delas é escolhida para se tornar realização), o virtual (sua essência está na saída, ele existe. Inventa questões, problemas, dispositivos geradores de atos) e o atual (acontecimento, sua operação é a ocorrência. Inventa uma forma, uma informação nova). São quatro modos de ser diferentes, mas que quase sempre operam juntos em cada fenômeno.



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