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A Visão de Uma Nova História - Parte I


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No tempo dos homens, e não mais dos deuses, Clio foi eleita a rainha das ciências, quando no decorrer sistemas globais explicativos passaram a ser denunciados e a realidade parecia escapar ao reducionismo. Quais matrizes de interpretação foram denunciadas como não satisfatórias para explicar o real? Em princípio, foram duas as posições a serem criticadas: o marxismo e a corrente dos Annales. De dentro da vertente neomarxista inglesa e da história francesa dos Annales veio o impulso de renovação, resultando na abertura desta nova corrente historiográfica a que chamamos de História Cultural ou mesmo de Nova História Cultural. Por outro lado, o conceito de ideologia foi considerado insuficiente para a análise do chamado ?mundo das idéias?, amarrado que estava às determinações da classe e do mecanismo da dominação e subordinação. No entanto, as perspectivas globalizantes da escola dos Annales, tal como a construída por Fernand Braudel, revelavam a sua pouca possibilidade de criar seguidores. Verificava-se uma crise dos paradigmas: descrença nas formas interpretativas do real que se instalou no seio das ciências humanas. A História não ocupava mais o lugar de destaque entre as ciências sociais como a Sociologia, a Ciência Política e Economia. O perigo estava no esgotamento do racionalismo com a busca de verdade definitiva. A partir daí tudo passa a ser questionado. O que se chama de História Cultural envolve historiadores como Roger Chartier, Robert Darnton e Carlo Ginzburg. Todos com a mesma idéia do resgate de sentidos que se manifestam em palavras, discursos, imagens, coisas, práticas e representações. Nesse sentido, Jules Michelet será considerado pelos historiadores franceses, como uma espécie de ancestral, um historiador da cultura que portava uma nova sensibilidade para olhar o mundo. Jakob Burckhardt, com sua obra, A Civilização da Renascença na Itália rompia com os tradicionais esquemas cronológicos de sucessão linear no tempo. O próprio Leopold Von Ranke, que já fora integrante da postura intelectual definida como historicismo se voltava contra a filosofia da História. Johann Gustav Droysen, um filósofo da História, opunha-se a Ranke, defendendo a busca de um sentido para a história e entendia que a realidade do passado era inatingível. Wilhelm Dilthey, historiador e filósofo da cultura, um instaurador da hermenêutica. No século XX, Sigmund Freud, com a descoberta do inconsciente e a introdução da Psicanálise e Jung introduzia a idéia de estruturas que presidiam a capacidade humana constitutiva de imagens, a que ele deu o nome de arquétipos. Na virada do século XIX, Marcel Mauss e Émile Durkheim, nos domínios da Etnologia e da Antropologia. Mikahil Bakhtin: o que afirmamos são verdades ou mentiras e não palavras segundo o contexto e o significado. Em 1930, dois grandes intelectuais do pensamento marxista tiveram a ousadia na maneira de pensar: Walter Benjamin, na Alemanha, e Antonio Gramsci, na Itália. Gaston Bachelard, filósofo do imaginário, na década de 1940 ousou reconciliar a ciência no próprio momento da inovação tecnológica, onde estava presente a potência criadora da imaginação. No plano das artes, Ernst H. Gombrich ou Erwin Panofsky: ao olhar as imagens pictóricas de outra forma, vendo os valores, os sentimentos, as razões de outro tempo. O filósofo, Paul Ricouer, introduzia uma nova hermenêutica para pensar a história centrada em uma filosofia da história. Paul Ricouer discutia não só a possibilidade de obtenção da verdade, mas a própria existência de uma finalidade. Em 1967, Roland Barthes se indagava sobre os traços que poderiam distinguir a narrativa histórica da ficcional. Na primeira geração de historiadores dos Annales, Lucien Febvre havia demonstrado preocupação com os domínios do simbólico. Foi preciso chegar até a terceira geração dos Annales, com Pierre Goubert e Emanuel Le Roy Ladure, para que as atitudes mentais e as elaborações do espírito passassem a ser objeto do historiador. A posição dos Annales, designada em 1978 por Jacques Le Goff, como Nova História, não se definia mais como uma escola francesa, pois seu prestígio e alcance incorporavam historiadores de outros países, como Natalie Davis ou Robert Darnton. Em suma, os paradigmas estavam em crise e era preciso que se discutissem os pressupostos teóricos para interrogar o mundo. Foi, então, em sua aula inaugural no Collège de France, proferida em 2/12/1970, Michel Foucault dizia supor que em toda sociedade a produção de discursos estava controlada por procedimentos de classificação, avaliação, divisão, separação e limites. O pensamento foucaultiano instala uma História sem sujeito e toma o discurso pelo real, além de indicar que o objeto se define pela prática discursiva. Paul Veyne, com seu livro ?Como se escreve a história?, põe a Europa em xeque com seus questionamentos que se contrapunham à própria cientificidade da disciplina. Reduz a história a uma narrativa sem capacidade explicativa de verdades ou totalidades. Entra, então, o mais revolucionário historiador norte-americano Hayden White, com sua obra, ?Meta-História?. Ele afirmava que a História era uma forma de ficção. Com tais idéias, Hayden White reforçava a idéia de Veyne e Foucault com o caráter fictício das reconstruções históricas e contestavam o seu caráter científico. Michel de Certeau publicou ?A escrita da história?, no qual enfocava a escrita como um discurso de separação: entre o passado e o presente. Nos anos 1990, o campo da História já se achava em profunda crise, onde se podia falar de uma busca de novos paradigmas explicativos da realidade. Sendo assim, o debate modernidade X pós-modernidade parecia mesmo atingir em cheio o campo da História com a crítica ao racionalismo e seus novos paradigmas.


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