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Declínio de um paradigma? Parcialidade e objectividade nos media (1)


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Os pressupostos-chave ligados à investigação convencional da parcialidade jornalística são:
1) a notícia pode e deve ser objectiva, equilibrada e reflectir a realidade social;
2)  as atitudes políticas dos jornalistas ou dos executivos editoriais são determinantes na parcialidade jornalística;
3)  a parcialidade no conteúdo noticiosos pode ser detectada através da existência de métodos de leitura;
4) a forma mais importante de parcialidade é o partidarismo.
 
A objectividade e parcialidade das notícias é geralmente associada ao papel político ou ideológico dos media, quer em relação aos princípios que os regem, quer em relação aos grupos que os controlam.
Nos estudos jornalísticos, de Breed (1955) a Sigelman (1953) distingue-se normalmente a política editorial parcial do ideal da objectividade jornalística. É neste binómio objectividade/parcialidade que se centram muitos dos estudos jornalísticos.
 
Parcialidade e objectividade
A maioria das definições consideram a parcialidade noticiosa como a intrusão da opinião objectiva do repórter ou da organização jornalística no que é pretensamente um relato factual: «quando um artigo não faz a distinção clara entre as interpretações do seu autor e os factos relatados estamos perante uma notícia parcial».

A parcialidade noticiosa implica uma falta de equilíbrio entre pontos de vista concorrentes, ou uma distorção tendenciosa e partidária da realidade. Contudo, os objectivos do equilíbrio e da exactidão podem nem sempre ser compatíveis.

O equilíbrio da cobertura noticiosa é o critério mais comum adoptado nos estudos sobre a parcialidade, critério que, inclusivamente, está legalmente consagrado.

Existem vários métodos para medir o desequilíbrio binário: medir o tempo de antena, ou espaço noticioso, concedido às partes em confronto; através das tendências das afirmações ou artigos relativos às diferentes partes.

Para McQuail, os factores a avaliar eram a argumentação explícita e compilação de provas em favor de um ponto de vista; utilização tendenciosa de factos e comentários; uso de linguagem valorativa; omissão de argumentos a favor de uma parte.

Hofstetter e Buss (1978) propõem que a parcialidade seja tratada enquanto ?selectividade? que pode levar ou não a um tratamento desequilibrado, desigual ou injusto, de indivíduos ou assuntos. Distinguem também a parcialidade política, resultante de simpatias partidárias ou convicções ideológicas dos jornalistas, e parcialidades estruturais, devidas ao carácter do meio ou imperativos de programação comercial.

Doll e Bradley entendem a parcialidade como a ausência de objectividade, que definem em termos quantitativos como igualdade de tempo e ênfase dado às posições dos principais candidatos e partidos, o uso de linguagem neutral ou objectiva, a utilização de provas.
 
Conclusões
1-  Os media podem e devem reflectir, com exactidão, o mundo real, de maneira justa e equilibrada. Devem oferecer o resumo fiel dos principais acontecimentos, e dar, quantitativa e qualitativamente, uma cobertura equilibrada às perspectivas políticas em concorrência.
2-  Os preconceitos políticos ou atitudes sociais dos comunicadores podem tornar tendenciosa a notícia.
3-  Essas parcialidades podem ser detectadas através de métodos de leitura e descodificação.
4-  A forma mais importante de parcialidade política ou ideológica nos media é o favoritismo.
 
A notícia consegue reflectir a realidade?
Equilíbrio e exactidão são incompatíveis a nível epistemológico. Uma epistemologia relativista sublinha a noção de que a parcialidade é evitada através do equilíbrio entre visões do mundo antagónicas e incompatíveis. Por outro lado, evitar a distorção pressupõe uma afirmação positivista da veracidade dos factos inalterados.

A ideia de que as notícias devem ser equilibradas assenta no pressuposto de que uma pluralidade de pontos de vista aproxima-nos da verdade.

Tuchman sustenta que a apresentação de pontos de vista antagónicos é um dos vários ?rituais estratégicos? da objectividade, através do qual se protegem de riscos profissionais - processos difamatórios e reprimendas dos superiores.

O equilíbrio noticioso leva os media a reproduzir as definições da realidade social que conseguiram o domínio na arena política eleitoral.

Outra visão alternativa, de que a objectividade jornalística resulta numa visão imparcial dos factos, implica que o jornalista e os media sejam observadores independentes, separáveis da realidade social que noticiam; que o meio noticioso, quando utilizado correctamente, é neutral e destituído de juízos de valor, podendo assim garantir a veracidade da mensagem.

Os argumentos contra esta posição sustentam que os media estruturam inevitavelmente a sua representação dos acontecimentos sociais e políticos. Altheide (1976) diz que, devido aos aspectos organizacionais do trabalho jornalístico, as notícias das televisões locais descontextualizam inevitavelmente os acontecimentos e recontextualizam-no artificialmente de acordo com a perspectiva da notícia.

Epstein sustenta que as exigências mais importantes que estruturam as notícias dos networks  americanos são as limitações orçamentais, a necessidade de manter a audiência-base do canal para o horário nobre, e os regulamentos de imparcialidade do governo federal.

Altheide e Snow (1979) afirmam que, na era moderna, os próprios media «são a força dominante à qual as outras se conformam», incluindo «todo o processo político», que se encontra «ligado à lógica de trabalho dos media que o transformaram num prolongamento da sua produção».

Um bom exemplo é a produção generalizada de ?pseudo-acontecimentos?, planeados e provocados para serem noticiados e reproduzidos - ex. as conferências de imprensa ou os discursos políticos.
Molotch e Lester (1974) afirma que «os media são os repórteres-reflectores-indicadores de uma realidade objectiva que lhes é exterior, constituída por factos do mundo reconhecidamente importantes».
O que conta como acontecimento é determinado socialmente: os acontecimentos são aquilo a que se presta atenção.

(ver Parte II no link disponibilizado em baixo em 'Links Importantes')


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