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Elogio do Grande Público - Teoria Crítica da Televisão (Parte 2)


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(Continua de Parte I referida em baixo em 'Links importante) ---------------------------- -------------------------------------------------------
< strong>Capítulo 2
A TELEVISÃO: UM OBJECTO DIFÍCIL DE ANALISAR
A inexistência de um corpo teórico de conhecimentos sólido sobre a televisão deriva de duas ordens de razões. A primeira é simples, e facilmente constatável: a televisão é um objecto complexo devido à proximidade de quem o analisa, à diversidade do público e à incerteza dos seus critérios, e devido à inexistência de feed-back em relação àquilo que ela emite (excepção feita à audiometria e às sondagens, que são análises meramente qualitativas).
A segunda razão é mais complexa e exige uma análise mais cuidada. De facto, segundo Wolton existe em relação à televisão um certo conformismo crítico derivado, por um lado, da excessiva politização do discurso sobre a televisão, e por outro lado, das teses produzidas pelos intelectuais sobre os efeitos nefastos da televisão, muitas vezes sem uma fundamentação empírica de base. O que ressalta da generalidade destes discursos é assim, em primeiro lugar, a fraqueza da tradição empírica crítica que, à excepção de alguns estudos empíricos realizados nos EUA por Lazarlfeld, Katz, Berelson etc., e da abordagem marxista da Escola de Frankfurt, pouca elaboração teórica consensual conseguiu produzir, já que a componente política e ideológica desses estudos obstaram à realização de investigações empíricas e críticas na Europa até, pelo ao menos, ao final dos anos setenta.
Em segundo lugar, quer o discurso dos dirigentes de televisão, conotados politicamente e negativamente valorizados por isso, quer o discurso dos profissionais, que se empenharam mais na liberalização da televisão do que propriamente na reflexão sobre os seus problemas, contribuíram para este conformismo crítico.
Em terceiro lugar, há que dizer que há uma espécie de resistência intelectual à análise da televisão porque toda a gente, vendo televisão, se julga perito num objecto tão familiar de todos. Não é de estranhar por isso que mesmo o discurso do público seja tendencialmente crítico. Nem que os altos funcionários, maioritariamente tecnocratas, julguem saber sempre do que estão a tratar quando lidam com a televisão. Ou que os políticos, cujos discursos críticos têm vindo a ser sistematicamente desmentidos pela prática, se sintam confusos. E devemos estranhar ainda menos a hostilidade dos intelectuais, nomeadamente em relação à cultura veiculada pela televisão e pelas suas vedetas. No discurso intelectual sente-se mesmo que até
?A própria informação não é poupada: ilusória abertura sobre o mundo, ela imobiliza, pelo contrário, o cidadão numa atitude passiva, quando não o transforma num puro espectador, afastando-o ainda das questões públicas e reduzindo o político a uma marioneta manipulada pelos diferentes especialistas de comunicação e de marketing político. (?) Há no entanto nesta atitude geral uma contradição de fundo raramente sublinhada: é difícil ao mesmo tempo clamar a sua confiança no povo soberano, actor da história e da democracia, herói do sufrágio universal, e dizer que esse mesmo povo é alienado e passivo quando se transforma em público de massas a ver televisão. É contudo o mesmo público que é o fundamento da legitimidade democrática em política, e o fundamento da alienação pela televisão?? (pág. 63)  
 
Parte 2
A UNIDADE TEÓRICA DA TELEVISÃO
Elogio do grande público
A televisão tem duas dimensões essenciais, complementares: uma dimensão técnica ligada à imagem; uma dimensão social, ligada ao seu estatuto de medium de massas. A técnica diz respeito à produção e difusão de imagens de diferentes géneros e estatutos (informação, espectáculos, desportos). A dimensão social reenvia para a recepção de massas em condições sociais e culturais muito diferenciadas.

Capítulo 3
A UNIDADE TEÓRICA DA TELEVISÃO
A imagem
Do lado dos emissores estão, para além dos jornalistas, todos os produtores profissionais responsáveis pela oferta de programas. Do lado dos receptores, temos o grande público, com todas as discrepâncias possíveis entre a significação intencional do autor e a interpretação do espectador, ao mesmo tempo idênticas e diferentes de espectador para espectador. A ambiguidade inerente à mensagem reforça o peso do contexto cognitivo ou sócio-cultural do processo de significação e interpretação.
Será relativamente consensual dizer-se que a televisão é o principal instrumento de percepção do mundo da maior parte da população. Logo,
?A televisão contribui assim directamente para elaborar e modificar as representações do mundo, sem que se torne aliás fácil determinar em que sentido, a não ser determinando unilateralmente o uso que espectadores devem fazer das imagens recebidas! Uma coisa é certa: o choque que se dá entre a imagem e os quadros de recepção e de interpretação dos públicos proíbe uma leitura simples e unívoca. O desfasamento entre a estrutura da imagens e as estruturas de percepção e de interpretação dos públicos é assim permanente. Como se diz muitas vezes, não é porque toda a gente vê a mesma coisa que a mesma coisa é vista por toda a gente!? (pág. 74). 



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