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Nas savanas do Senegal, chimpanzés caçam pequenos primatas com varetas de ponta aguçada, uma tecnologia que dá indícios sobre nossa própria evolução.


Despertados pela claridade, 34 chimpanzés iniciam novo dia. Não é costume dos chimpanzés selvagens acordarem assim tranqüilamente. Pelo contrário. Ao contrário de seus parentes mais conhecidos, que habitam as matas tropicais, os chimpanzés das savanas passam a maior parte do tempo no solo, pois nessa região africana não há vegetação alta.


Às 8 da manhã chega-se aos 32 graus centígrados. A vida na savana ? até mesmo na chamada savana em mosaico, recortada de trechos mais viçosos de mata de galeria ao longo dos leitos fluviais ? é muito dura. No caso dos primatas acostumados a um terreno mais verdejante, eles só conseguem sobreviver se forem capazes de modificar seu comportamento. Todavia, ao longo de um período de 17 dias, no início da estação das chuvas de 2006, em 13 ocasiões Jill observou os chimpanzés caçando gálagos. No ano seguinte foram 18 vezes. Aparentemente os chimpanzés estavam exercitando sua criatividade. Há indivíduos que não se sentem confortáveis ao ouvir as histórias que Jill conta a respeito de chimpanzés confeccionando lança. Um dos céticos é Richard Wrangham, um professor de antropologia biológica que já pesquisou o comportamento agressivo dos chimpanzés do Parque Nacional de Kibale, em Uganda. Wrangham é mais conhecido pela teoria do "macho demoníaco", segundo a qual os brutais assassinatos realizados por chimpanzés machos ao patrulhar seu território são indicativos de um aspecto violento do cerne dos homens.


Jill Pruetz observou os chimpanzés saindo de seus ninhos noturnos.


 Os chimpanzés têm ossos dos dedos dos pés curvados, o que os ajuda a agarrar árvores e cipós ao se locomoverem pela cobertura da floresta.Os chimpanzés que vivem no chão, ao contrário dos que ficam na copa das árvores, desconfiam de estranhos de corpo avantajado, por isso, Jill Pruetz levou quatro anos para fazer com que os chimpanzés de Fongoli aceitassem a presença de seres humanos ? algo que os primatólogos chamam de "habituação" ? e passou os últimos três verões a observá-los. Ela acompanhou os chimpanzés seis dias por semana, desde o amanhecer até o pôr-do-sol.


Além de usar ferramentas para caçar, os chimpanzés de Fongoli apresentam outros comportamentos inusitados: banhos de imersão em nascentes d?água, descansos em cavernas para escapar ao calor da tarde.


"A gente sabe mais ou menos onde está cada produto, e tem idéia dos alimentos frescos que pode encontrar naquela época do ano." O mesmo, segundo Stanford, valia para os chimpanzés.


Chimpanzés isolados ou em pequenos grupos facilmente perdem contato com o resto da comunidade por vários dias. Para os chimpanzés, a sociabilidade é fundamental. Jill apontou uma fêmea no cio conhecida como Sissy, exibindo a protuberância rósea na parte traseira.


 As fêmeas adultas e os jovens ? os menos privilegiados na estrutura social dos chimpanzés ? é que foram vistos caçando gálagos com mais freqüência, segundo as observações já realizadas. Recente investigação do genoma dos seres humanos e dos chimpanzés sugere que estes últimos e os primeiros hominídeos podem ter se cruzado depois de as duas linhagens terem tomado caminhos divergentes.


Desde os primórdios da primatologia, a descoberta de comportamentos dos chimpanzés que ameaçam a singularidade ? o isolamento ? dos seres humanos sempre encontra uma resistência rancorosa. Muitos antropólogos sentiam arrepios ao ouvir referências a uma "cultura" dos chimpanzés ? e, hoje, o conceito é amplamente aceito.


Uma exceção a tais atitudes é a postura dominante no Instituto de Pesquisa de Primatas, da Universidade de Kyoto. No Japão, a primatologia é pautada pelo preceito budista de que os seres humanos fazem parte do mundo natural, não estando nem acima nem separados dele. O seqüenciamento do genoma do chimpanzé, em 2005, voltou a chamar atenção sobre a espécie. Em 2006, uma organização austríaca de defesa dos direitos dos animais solicitou a um tribunal distrital em Mödling que nomeasse um guardião legal para um chimpanzé chamado Hiasl.


Voltando à savana, aos chimpanzés de Fongoli, em outra ocasião, uma chimpanzé chamada Sissy estava sentada imóvel, debruçada sobre uma toca de cupins. Os chimpanzés de Fongoli alimentam-se de cupim o ano todo, e não apenas na estação seca, quando se tornam escassas outras fontes de nutrientes. No mínimo, o cupim representa 6% da dieta deles.


 Stephanie Bogart, que preparou sua tese de doutorado sob a orientação de Jill Pruetz, explicou que parte do motivo pelo qual os chimpanzés se dedicam à pescaria dos cupins é que estes são um alimento muito calórico. Para Craig Stanford, é provável que tenham sido as fêmeas nossas ancestrais as primeiras a nos colocar no caminho da cultura e do emprego de ferramentas. Encostado no tronco de uma árvore, Siberut roçava um dedão no outro, como sempre fazia. Para Jill, os chimpanzés de Fongoli são tão importantes quanto os membros de sua família.





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