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?A HISTÓRIA DO ASNO QUE CHORAVA AO OUVIR AS CANTATAS DE BACH"
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?Asno que tem fome, a manjedoura come." (Ditado popular) Era uma vez um homem de bom coração que tinha um asno.
O asno foi batizado com o nome de Cristiano FF. Bartolomeu, portanto, era um Asno cristão.
O Asno Bartolomeu ajudava o homem de bom coração a realizar serviços pesados na fazenda.
Ao final de cada árduo dia de trabalho rural, o homem de bom coração ouvia em sua velha vitrola as Cantatas de Bach e sonatas de Beethoven.
Bartolomeu ficava em silêncio e de seus olhos escorriam densas lágrimas.
O homem de bom coração, trabalhador cristão e rural, apreciador da música erudita germânica, resolveu alugar um smoking para vestir o Asno Cristiano FF. Bartolomeu e levá-lo ao Teatro Municipal para sentir toda a emoção de uma orquestra sinfônica tocando uma Sinfonia de Mozart.
Por que não? Cristiano Bartolomeu era um asno batizado, perissodátilo, trabalhador rural complacente e que chorava ao ouvir música erudita germânica, talvez, ouvindo a música do gênio austríaco, quem sabe, teria a mesma reação lacrimosa ?
A Áustria e Alemanha estão tão próximas e Hitler era austríaco, poucos sabem disso!
Certamente, o Asno Bartolomeu apreciaria a sinfonia número 40 de Mozart, em sol menor, KV 550 composta em 1788. Cem anos após Mozart ter escrito a genial sinfonia 40, o Brasil libertou seus escravos. O Brasil foi o último país do continente a abolir a escravidão pela necessidade de criar um mercado consumidor para os produtos industrializados, provenientes da Inglaterra. Os escravos não foram indenizados pela lei Áurea. Eles foram abandonados à própria sorte, caíram na mendicância e formaram a camada mais miserável das classes populares. Quem é miserável e injustiçado não anseia em desfrutar os prazeres da refinada arte musical, a fome é necessidade imperativa. O asno ficou muito elegante vestido com o smoking, vestimenta também conhecida como tuxedo.
Nem os porteiros do teatro perceberam que se tratava de um ser asqueroso, previsível, braçal que não aprecia aspargos na manteiga com vinho branco e come o próprio feno que o aquece!
Diante da atual crise de alimentos, 100 milhões de pessoas foram jogadas de novo abaixo da linha da pobreza, segundo a Organização das Nações Unidas. Esses miseráveis famintos não terão tempo, oportunidade e nem condições fisiológicas para apreciar as sonatas de Beethoven e usufruir as sutilezas da abstração, porque a prioridade maior deles é sobreviver, como os animais. Triste condição biológica que não dá vez à subjetividade! O Asno Bartolomeu comportou-se muito bem durante o concerto sinfônico! Ele não relinchou, não peidou e disfarçou bem a seu eterno jeito de quadrúpede perissodátilo, possivelmente estéril.
Ao chegar à fazenda, o homem de bom coração colocou na velha vitrolinha um LP da Edit Piaf, despiu o Asno Cristiano, e dançaram ao som do "Hymne à L'Amour", segunda faixa do lado B.
Eles não compreendiam as lindas palavras francesas, mas se emocionaram!
A princesa Isabel, a redentora, era poliglota e casou-se com o Conde d?Eu, francês, comandante sanguinário responsável pela morte de cinco mil paraguaios.
A maior parte dos guerreiros mortos eram adolescentes e crianças maltrapilhas. O Conde d?Eu recebeu honras de herói! Como o nosso Brasil precisa de heróis e políticos populistas!
O homem de bom coração sabia que um asno vestido de smoking é apenas um asno vestido de smoking.
Conforme as convenções britânicas, o Smoking deve ser usado para eventos semiformais. 40 milhões de indianos morreram de fome o durante o domínio britânico.
Anualmente, um veterinário experiente e especializado em asnos batizados faz um check-up em Bartolomeu, quem ama cuida!
Constatou-se que o Asno Cristiano FF. Bartolomeu estava com os canais lacrimais infeccionados, doloridos e gotejavam denso e fétido pus, confundido com lágrimas pelo o homem de bom coração.
Na verdade, os asnos, mesmo os que foram batizados à força, não choram ao ouvir música erudita, seja ela germânica ou austríaca.
Em nome de Cristo e do poder econômico, durante os séculos XVI e XIX, 6 milhões de nativos foram exterminados nas Américas Espanhola e do Norte. A missão do ?Homem Branco? é perpetuar o etnocídio.
A subjetividade, a capacidade de se admirar diante do belo e emocionar-se, é um triunfo da evolução humana.
Algumas pessoas, de gosto cultural refinado, se apaixonam por asnos batizados, musculosos, previsíveis, cotidianos, conformados e apolíticos.
Depois de alguns anos de casado, quando o tédio é imperativo, tentam vesti-los com roupa de gala e levá-los às galerias de arte, salas de concerto e insistem em ressaltar a nobreza do Montrachet, um dos melhores vinhos franceses.
Diante do corpo nu, constatam que um ?asno será sempre um asno?, previsível e serviçal, incapaz de admirar o belo.
Pessoas infelizes, recalcadas e equivocadas sempre insistem em cultivar o auto-engano, ao invés de re-significarem suas escolhas.
Se você ficou emocionado com história do Asno Bartolomeu e o homem de bom coração, o parágrafo acima é um final possível e agradável.
Se os fatos históricos aqui relatados, em tom de digressão, o incomodaram, saiba que há muito a ser feito para que as atrocidades contra os direitos humanos não se repetiam.
Comece a re-humanizar a humanidade escolhendo políticos compromissados com educação, saneamento básico, combate a miséria, preservação do meio ambiente e, principalmente em nosso país, colocar os corruptos na cadeia.
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