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O Colapso da Civilização. in Os Alemães: a luta pelo poder e a evolução do habitus nos séculos XIX


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Norber Elias foi um dos grandes nomes ? muitos o consideram o maior ? da chamada História Cultural. Nascido na cidade de Breslau, Alemanha, este sociólogo de formação também estudou medicina, filosofia e psicologia. Foi professor em diversas universidades na Europa, entre elas a Universidade de Leicester, na Inglaterra. Concluiu o livro Os Alemães em 1989, poucos meses antes de sua morte, como uma biografia da sociedade alemã, um roteiro sociológico de entendimento do que é ser alemão tendo em vista sua formação histórica, dentro do contexto social, e como o ser alemão levou a ascensão de Hitler e da sociedade Nazista.
A idéia central do capítulo IV, O Colapso da Civilização é que a sociedade alemã, nostálgica de uma época de supremacia européia e incapaz de aceitar o declínio da nação Alemã a uma potência de segunda categoria, se submeteu aos desvairamentos nacionais-socialistas na esperança de elevar sua pátria ao merecido local de destaque e primazia mundial. O autor faz uso dos seguintes argumentos:
1 ? Os alemães, devido a muitas derrotas militares, têm sua alto-estima em um nível baixo, comparando-se com outras nações européias, e isso criou nessa sociedade um senso de derrota que paira sobre os indivíduos.
2 ? Na tentativa de se elevar sua alto-imagem, tal sociedade se para o passado, procurando uma Alemanha forte e ideal.
3 ? Diferente de outras nações da Europa, politicamente os alemães preferem líderes autoritários em vez da discussão parlamentar. Preferem ser guiados por alguém forte que dá os rumos da nação e o seguem orgulhosamente e incondicionalmente.
4 ? A alto imagem do alemão não estava formada como algo que o restringia, afora algumas obrigações para com o Estado, o cidadão não se prendia a modelos do que seria ser alemão.
5 ? Os alemães se sentiam acuados pelas outras potências européias que não a permitiam usufruir da posição ideal que deveria desfrutar seu país, pois as glórias de um passado imperiais deveriam ser restauradas e a Alemanha deveria ocupar um lugar de destaque.
6 ? Prevalecia um sentimento de que apesar de todo esforço o destino de todo alemão é a derrota e a morte, e mesmo que vitórias fossem conseguidas o fim posterior seria a derrota final. O sentimento de heroísmo e marcha para a morte prevalecia no imaginário comum.
7 ? Embora opressor, o Estado Nazista tinha o atrativo de ser forte e evocar os sentimentos de luta, patriotismo e dever latentes na sociedade alemã, dava uma hierarquia em que se viver, pisando nos debaixo e se curvando aos de cima.
8 ? A crença nazista de que no império alemão que se formaria os estrangeiros deveriam ser dominados ou substituídos por povos alemães.
9 ? O senso de dever era tal que povos inimigos, como os judeus, deveriam ser forçados a obedecer a qualquer custo, da mesma forma que faria um alemão.
10 ? O judeus eram destruídos por serem um povo inimigo capturado, e a forte hierarquia da sociedade alemã os pisava.
Norbert Elias tenta em seu texto mesclar motivos psicológicos e históricos para a ação alemã na 2a Grande Guerra e ao massacre de judeus. Argumenta que a sociedade alemã foi formada de tal maneira que a tornava desejosa de um líder forte, com características messiânicas que levaria a Alemanha ao lugar de destaque o qual ela nunca deveria ter perdido. Hitler encarnava tal líder que muitas vezes se via forçado por esses mesmos ideais. Para o autor, os alemães acreditavam que somente a vitória militar poderia dar primazia e vantagens reais nos acordos internacionais e povos dominados poderiam sim ser eliminados ou substituídos.
Tal texto é um trabalho bastante teórico onde postulações sociológicas sobre guerras, identidades nacionais, modos de ser e de se ver, se mesclam na descrição do que seria o pensamento alemão que levou o nazismo ao poder e a guerra. Difícil de entender em alguns momentos e especulativos em outros. Por exemplo, o autor faz seguidas referências ao sentimento de derrota presente no imaginário alemão, mas não faz menção de que tantas derrotas militares afinal teve a Alemanha. A derrota na 1 Guerra não poderia gerar toda essa sensação derrotista e anteriormente a Alemanha vinha acumulando vitórias desde a guerra franco-prusciana. De modo que fica um pouco vago, mas não desprovido de sentido.
Este texto nos ajuda a explicar os motivos da ascensão do nazismo e do massacre de judeus e outros povos, Norbert Elias traz motivos históricos, formativos do modo de ser alemão. Se parece, nesse aspecto ao Goldhagen, que tenta provar o histórico anti-semitismo da sociedade alemã, mas se diferencia por não posicionar os judeus como alvo primário e sempiterno, mas como um inimigo do povo alemão que havia caído em suas mãos.


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