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A Pesquisa Em História


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    Professoras da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, as autoras Maria Vieira, Maria Peixoto e Yara Khoury nos dão, em seu livro, uma importante noção do fazer historiográfico, do trabalho do historiador. Discutem a construção da história enquanto objeto de pesquisa, definem tema, documento e principalmente a construção de teorias aplicadas ao campo historiográfico.


            A idéia central de seu trabalho é de que qualquer teoria para a analise e produção no campo da História não pode ser desvinculada da própria historicidade da teoria, isto é, da construção desta no desenrolar da própria pesquisa. As autoras acreditam na necessidade de um arcabouço teórico, também na sistematização do trabalho de pesquisa, mas argumentam que cada pesquisa tem sua própria problemática, então se prender a esquemas e métodos rígidos não abarcaria as possibilidades que um tema pode oferecer.


            O livro se inicia discutindo as muitas perspectivas de interpretação que apresentam o cotidiano, a vida. Não só de economia vive o homem, mas de várias outras facetas identificadas como política, cultura, práticas sociais, etc. Trabalhar um tema como sendo mais importante ou mais relevante significa fechar os olhos ao leque de possibilidades apresentadas por outros tipos de abordagens. Por isso é importante se ampliar a noção de documento para o historiador, bem como as formas de trabalha-los. O destaque está ver o documento dentro de sua historicidade e formular as perguntas que melhor o interpretam, permitindo um diálogo entre historiador e documento, pois o próprio documento também formula perguntas. Fontes diferentes pedem analises diferentes. Por exemplo, textos não podem ser vistos da mesma forma que um filme ou uma foto, cada documento pede seu próprio acompanhamento.


            No ponto central do livro está o capítulo que trata dos passos da pesquisa. Este discute a idéia de que ?o conhecimento histórico é historicamente produzido?, sendo, portanto, uma construção do historiador e de seu tempo, de suas preocupações e indagações. O próprio tema a ser estudado pode ser visto mais como um ponto de partida que necessariamente um alvo a ser atingido, ele se molda junto com a pesquisa e tem uma progressividade. Outro passo da pesquisa é a problematização, ou seja, o diálogo entre teoria e empirismo, o debate entre o que se pesquisa e o que se pensa pesquisar. No ?diálogo, os dados obtidos pelo pesquisador levam-no a reelaborar os conceitos, as noções, as categorias de análise?. Isso também se reflete na formulação das hipóteses do trabalho, estas devem ser formuladas como orientadoras, após a análise da historiografia referente ao seu tema e após se fazer a opção teórico-metodológica. Então as hipóteses podem ser reformuladas em meio a pesquisa. Daí a importância da técnica de pesquisa, no entanto esta técnica não tem que ser rígida, mas também uma construção que parte do objeto em seu diálogo com o pesquisador. Por exemplo, ao fazer uma pesquisa com base em jornais pode-se desenvolver uma técnica de fichamento que seja apropriada ao tipo de tema que se propõe, pois um embate entre dois jornais não pode ser analisado da mesma forma que um discurso publicado por ambos, então a técnica é recriada.


            Por fim, as professoras trabalham a importância da relação orientador/aluno e como esta pode se construir, e concluem o trabalho chamando a atenção ao fato de que há uma importância política no trabalho do historiador e não se deve deixar de lado esse fato quando se produz, se escreve ou quando se analisa a historiografia. Um excelente manual, sem dúvidas, embora peque, nalguns momentos, pela própria tendência teórica das professoras, que buscam uma história um pouco mais cultural e política se aproximando da História Nova. Quer dizer, poderiam ter deixado claro que o método que discutem é "um" método, e outros, sejam eles da escola econômica, dos annales e outros, também podem ser usados. Tive a impressão de que foi bem abordado o que não fazer, mas o que fazer não foi encontrado, embora isso se justifique pela própria proposta de uma técnica que se atualiza.




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