A educação e a cultura deveriam estar no mesmo patamar, quando a discussão é a educação pública, mas na realidade parece que os ?intelectuais?, sentados em suas mesas nas universidades e as assessorias educacionais,  sob a proteção dos títulos de doutores, esquecem quando da orientação, aplicação das teorias pedagógicas ou de gestão, o grau de influência da cultura local, ou seja, traços históricos herdados na formação da sociedade. O que não ocorre no planejamento de marketing, que possui extremo cuidado em pesquisar o mercado e as influências culturais, antes de apresentar seus produtos ao consumidor.

Acredito que, as indicações do mix de marketing podem ser aplicadas à educação, mas como mecanismo de convencimento à mudança cultural, assim como a gestão do conhecimento. Pois, a magia do marketing está em prover mudança cultural nos consumidores, para que passem a apropriar-se dos produtos pelo significado criado, mesmo que não seja essencial e/ou de elevado custo.  O mix de marketing se refere aos processos decisórios, conhecidos como 4Ps: produto ou serviço, preço, praça (distribuição) e promoção.

Produto: para efetiva prestação de serviço é preciso considerar os aspectos como: qualidade das teorias pedagógicas, as condições atuais na prestação do serviço, tipo de linguagem usada na segmentação de mercado, ou seja, entre os níveis e modalidades, bem como, conhecer todo o processo de produção da educação a ser ofertada para otimização dos custos e do tempo.

Preço: a educação possui um valor, que não se restringe aos aspectos financeiros. A estratégia na definição do valor é fundamental para colocar no mercado um ?preço?, que viabilize o reconhecimento da marca da educação, buscando ampliar o mercado e conquistar maior competividade, já que tem como concorrentes a televisão, internet, MP4, DVD, jogos eletrônicos entre outros.  

Promoção: Uma educação com qualidade e com ?preço? competitivo somente terá sucesso no mercado, quando aplicadas as estratégias eficazes à sua promoção. Neste ponto existem várias estratégias, desde as promoções de imagens que são ilusórias até as politicamente corretas. No entanto cabe destacar que, atualmente a promoção da educação pública tem ficado muito aquém. É preciso mudar as estratégias de convencimento, os antigos discursos não estão sendo suficientes para causar impacto nas crianças e jovens, que justifiquem o consumo da educação.

Praça:  Neste quesito, o reconhecimento dos canais de distribuição do produto ou marca da educação é fundamental, pois somente conhecendo todo o percurso de produção, desde a definição do tipo de educação, concepções e princípios até a entrega ao consumidor, no caso os alunos. No meio do caminho de distribuição no sistema de ensino, quando o produto chega na sala de aula, já houve profundas modificações porque cada setor ou gestor apropria-se, interpreta e reproduz a sua maneira ou simplesmente a distribuição é bloqueada, por não atender os interesses dos agentes intermediários.

Nesta última estratégia entra a gestão do conhecimento, um ramo da administração pouco apropriada na educação. Gestar o conhecimento é introduzir no sistema mecanismos de comunicação ágeis e corretos para maior socialização, garantindo a integridade das informações, dos objetivos, das metas e prazos.

Talvez, nós que "pensamos que pensamos" educação, tenhamos coragem de ter um olhar mais aberto as novas estratégias, não pertencente ao nosso cotidiano ou de conhecimento, bem como, não sejamos radicais em negar só porque pode representar que a educação é produto de mercado ou a mercantilização da educação. Pois, podemos permanecer com nossas convicções em defesa de uma educação pública, de qualidade social, laica, democrática e inclusiva e aproveitar as estratégias disponíveis em outras áreas.   

Artigos Relacionados