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Artesanato e indústria no cenário amazônico: questões éticas, estéticas e simbólicas.


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A produção de
artefatos, tão antiga quanto a estada do homem na terra, caracteriza o processo
de intervenção humana sobre a natureza e conseqüentemente, sobre si mesmo; ao
criar as condições necessárias para sua manutenção e sobrevivência. Observando
o desenvolvimento de tais instrumentos, à partir das necessidades que vão sendo
impostas aos primeiros hominídeos, observa-se a criação de objetos que, a
partir de sua função e eficiência, vão se cristalizando no fazer diário e ao
mesmo tempo que transformam a natureza e o espaço, percebe-se que o homem
também é transformado por tais instrumentos, tanto em seus aspectos motores e corporais,
como em questões simbólicos e míticas
traçando o percurso da produção cultural.

Este processo de criação de
artefatos os mais diversos possui, na cultura ocidental, uma série de
implicações que, há muito divertem, inquietam e projetam o homem, na relação
sujeito e objeto, para um processo de produção de proporções ilimitadas. É
notório que a criação dos artefatos não se dá por pura imposição do criador
sobre a matéria mas também pelos próprios requisitos e facilidades que os
avanços científicos e tecnológicos vão proporcionando aos homens. Neste
panorama, fruto de todo um processo sócio-econômico de modernização (Canclini,
1997), convivem e se relacionam a grosso modo, duas instâncias da produção
cultural humana, o artesanato e o produto industrial.

O primeiro caracteriza-se pelo
trabalho manual, com ou sem a ajuda de ferramentas, o homem neste processo é o artífice que,
segundo Arendth (1991) apud Losada (1996), é o criador de toda a
artificialidade humana. O segundo, o produto industrial, surge a partir da
inserção da máquina na atividade fabril (Moraes, 1999). O surgimento deste
último se constitui um momento marcante para o desenvolvimento do projeto da
modernidade que já estava em curso no século XVIII, uma vez que transforma as
relações que o homem tinha com o trabalho e com o resultado deste: a produção
de artefatos.

Na ótica de Canclini (1983) o
artesanato se apresenta como um fenômeno econômico e estético uma vez que,
caracteriza-se pela produção manual, como vimos anteriormente, e por atender às
demandas dos indivíduos e suas famílias. O artesanato não se constitui, a
priori, como um produto da sociedade capitalista ao passo que, o produto
industrial vem atender às determinações de uma cultura ávida pelo consumo,
impulsionada pela produção em larga escala.

No caso do Brasil e em boa
parte dos países periféricos, locais aonde as culturas tradicionais e sua
produção artesanal lutam pela sobrevivência, observa-se a incerteza quanto aos
cruzamentos sócio-culturais entre o tradicional e o moderno, num processo que
Canclini (1997) denomina de hibridização das culturas.

Uma vez que as manifestações
culturais se tornam cada vez mais heterogêneas, observa-se um movimento de
culturas tradicionais em prol da preservação de suas práticas artesanais, face
o processo de imposição cultural capitaneado pela modernidade e seus agentes: o
consumismo, o capitalismo, o mercado; espaços estes que os produtos artesanais
já adentraram, tanto como recurso de manutenção cultural, como por conta da
sobrevivência material instalada no novo sistema econômico.

Entretanto, não podemos negar
ou ocultar que as mudanças na produção, no consumo e na circulação dos
artefatos apontam para um processo de reelaboração das culturas e
conseqüentemente do artesanato enquanto parte integrante desta, uma vez que, as
novas imposições que se colocam para o artesanato tais como, a mudança de
contexto, a inserção na esfera do político, as dimensões éticas, estéticas e
simbólicas que permeiam o fenômeno, levantam a suspeita de que existe, neste
processo, um deslocamento para outros espaços e uma refuncionalização dos
objetos para servir a novos propósitos.


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