Com o chegar do Colete Encarnado, evento local em Vila Franca de Xira, é fácil sentir a animação e o alvoroço desta terra que dedica muitas das suas tradições à tauromaquia. O que acontece nestes dias? Espalham areia numa das estradas principais, desviam o trânsito para outra das estradas e adornam as ruas com todo o tipo de luzinhas e decorações. O ponto principal são as largadas de touros, a última das quais se realizou às 3 da madrugada (pelo menos, este ano). Eu nem sou desta terra, mas ainda sei alguns pormenores por lá ter passado um dos dias durante estes festejos. Não pela tourada, não pela largada de touros, não pela tradição enraizada, mas sim pela oportunidade de passar o dia com a minha namorada. E realmente o ambiente era de diversão onde quer que fôssemos. Ruas, esquinas, largos, se não eram quiosques de algodão doce e outra doçaria, eram bancadas com sardinha assada e vinho. E pessoas a cair para o lado com tanta bebedeira.

Mas apesar do bom ambiente, surgem sempre dúvidas existenciais, ou então sou eu que sou muito esquisito. Vejamos: com escolas e outros locais a precisarem de restauro e obras de manutenção, um município dedica-se mais afincadamente a gastar rios de dinheiro com decorações natalícias (pois, árvores de natal iluminadas por todas as ruas e largos), e também a alimentar a tradição de torturar touros em público, decorar e encher as ruas de areia, por períodos de 2 dias. Para não mencionar as noites sem dormir de muitas e boas pessoas que nada querem ter em comum com tamanha celebração.

Após este alvoroço, chega Segunda-Feira, e eis que todos voltam à normalidade. Ruas arrumadas, estradas livres de areia, trânsito normal, e o espírito local deixa de ser espanhol para voltar a ser português. Para o ano há mais...

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