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VIDA DE AUTOR


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VIDA DE AUTOR

Existem pessoas que adoram classificar os outros.
Nas classes dominantes elas tendem a rotular como forma de valorizar seus membros, amenizando, neles, o que critica e exagera em outros.
Assim, quem demonstra preocupação com os menos favorecidos: se for rico é "filantropo", se for pobre é "comunista"; quem se comporta mal em público: se for rico é "excêntrico", se for pobre é mal-educado; quem vive com o dinheiro dos outros, se for de família rica é "bon vivant" ou "playboy", se for pobre é vagabundo, devasso, parasita.
Mas existem ?rotuladores? em todos os âmbitos, amadores e profissionais, especializados em classificar seres humanos segundo as mais diferentes correntes, dos mais diferentes autores.
Alguns deles chegam a estabelecer quem deve prosperar ou fracassar, ou viver ou morrer para o bem da espécie humana, que se resume a eles!
Parece que não admitem, por ignorância ou vaidade, que a faculdade de pensar é inerente a todos os seres humanos. Talvez creiam que as pessoas sejam incapazes de formular suas vidas sem "gurus". Desprezam quem tenha uma linha de pensamento sem ?grife", pois precisam desses padrões para ?avaliarem? as aparências que garantem sua ascendência sobre os que não são espelho.
Quem sabe creiam que não exista vida inteligente fora dos pensamentos ?patenteados? por autores que se propuseram a sintetizar a vida, mesmo sem vivê-la, e apesar dos milhares de anos da humanidade.
É o caso de alguns que se dizem os únicos certos, mesmo que sua certeza seja recente. Como consideram os ?zilhões? que viveram vidas dignas antes deles?
Parece que é por aí: Não basta ser! Tem que ter aquela aparência, aquele sinal secreto e aquele vocabulário tribal.
A rotulação quer isso: O sujeito tem que ser bem definido segundo os critérios de classificação adotados. Não basta ser bom, honesto, ético, competente e solidário; tem que ser ?sócio?, ?adepto?, ?cliente?, ?seguidor? ou ?fã?!
Mas, se existem os rotuladores, também há os que desejam ser rotulados e os que renunciam às próprias vidas para viverem a de outros. Preferem ser clones e dublês.
Assim, em cada esquina é possível encontrar ?covers? de ícones ?pop?, ou representantes das mais variadas tribos, vítimas ?conscientes? de seus rótulos.
Curiosamente, os ídolos mais endeusados são os que não souberam enfrentar a vida, preferindo jogá-la fora, com a desculpa de vivê-la intensamente.
Infelizmente, tem gente que confunde espírito revolucionário e amor à vida com distúrbio de comportamento. Abdicam de sua capacidade criativa para serem cópias mal-acabadas e anacrônicas de seus ídolos que, às vezes, mal conhecem. Preferem parecer o que não são a descobrirem o que são e enfrentarem um produtivo processo de autoconhecimento e autoconstrução
Quem tenta manter suas faculdades mentais independentes ou questiona os valores ?tradicionais? do grupo corre o risco de ser discriminado.
É certo que o ato de pensar é complexo e envolve absorção de conhecimento, adquirido pela leitura, audição e observação; mas o objetivo do ser humano não deve ser, apenas, reproduzir pensamentos, seguir modas e tradições, e obedecer a preceitos oportunistas. Todas as fontes de conhecimento são ingredientes de uma mesma receita, mas o que caracteriza um grande ?chef? é o seu tempero. Podemos, até, repetir uma receita que gostamos, mas é indispensável uma ?pitada? pessoal.
O cérebro deve ser exercitado, como qualquer parte do corpo; e calibrado, revisado e atualizado, como qualquer equipamento de precisão!
Para os que resistem em utilizá-lo, ou o deixam ?engripar?, por acreditarem ser superiores aos seus semelhantes, não por méritos pessoais, mas como decorrência de uma criação em ?condições especiais de temperatura e pressão?; talvez seja recomendável dar uma saudável ?corridinha?, de vez em quando, para ver se o sacolejo faz o cérebro "pegar no tranco"!
Paro por aqui, antes que me rotulem de anarquista e iconoclasta!
Lamento, contudo, as pessoas que se orgulham de haver interpretado vários personagens, terem sido coadjuvantes, meros reverberadores ou "escada" para os outros, sem nunca tentarem ser autores e protagonistas da própria vida. Correm o risco de descobrir, talvez tarde demais, que passaram toda a sua existência arreados, com um tapa-olho, correndo atrás de uma cenoura ou de um torrão de açúcar.
Mas onde fica o livre- arbítrio nisso tudo?
Dizem que ?a vida imita a arte?! Se assim for, o Cinema tem um termo bastante interessante: ?Cinema de Autor? (ou ?Cinema Autoral?); que caracteriza obras cuja concepção, roteiro e direção são assumidos pela mesma pessoa: o Diretor; que assume inteira responsabilidade pelo resultado, mas tem total liberdade de criação. Podemos gostar ou não do que vemos, mas não podemos negar-lhe a ousadia!
Felizes daqueles que assumem a autoria sincera, leal e consciente de suas vidas, dando-lhes sentido construtivo e proveitoso, para si e para a sociedade, da qual todos fazemos parte!
Muitos podem não gostar do ?filme?, mas temos que ter consciência de que ao menos uma cena brilhante pode estar reservada para cada um de nós!
E se algum ?crítico? rotulador disser: ?Corta!?; retruque, a plenos pulmões: ?- Ação!?


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