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Canto 
                        
  
                        
  
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                    ?As origens, a forma, a prática e o poder curativo do canto gregoriano       Tradução de Carlos Araújo   Editora Agir       Capítulo 2   A  música e a visão medieval do mundo       A era medieval, ou Idade Média, quando o canto gregoriano se desenvolveu, abrange um período de mais de 800 anos, do séc. VII ao séc. XV. Este período tem sido considerado como uma fase sombria e enfadonha, um hiato entre a glória greco-romana e o Iluminismo que começou com a Renascença.   Advindo o ano 1000 sem que ocorresse a antecipada catástrofe do fim do mundo, sentiu-se um grande alívio em toda a Cristandade. Renovou-se a esperança, e a energia propagada por este espírito renovador transformou a Europa Ocidental, vindo a propriciar a renascença do séc. XII. Este foi o ponto culminante da Idade Média. Seus novos rumos e sua ressonância perduram até hoje.   Entretanto, este mundo em evolução e disparatado manteve-se unido por uma força central, a Cristandade, formada por cristãos do mundo inteiro, que colaboravam com os objetivos religiosos da Igreja; era o domínio de Cristo na terra e a possibilidade de sua segunda vinda. Enquanto a luz do Império Romano se apagava nos séc. V e VI, suas congregações e mosteiros preservavam e alimentavam o que restava de conhecimento e de civilização, e o que havia escapado ao massacre dos bárbaros. Além das Sagradas Escrituras e dos escritos dos sábios da Igreja, entre os quais Santo Agostinho ocupava posto preeminente, os escritos de Boécio e Dionísio, em particular, tiveram uma influência fundamental na formação da visão medieval do mundo.   Boécio origina a teoria musical, que não somente constitui a base do canto gregoriano, mais também o fundamento da visão do mundo medieval que permeia os seus pensamentos na sua obra Consolação da filosofia.   A   Teologia Mística de Dionísio, até os nossos dias, é uma das mais imponentes obras místicas na   história do pensamento cristão. A Teologia Mística inspirou o desenvolvimento da arte gótica, da arquitetura e da engenharia no séc. XII. Os princípios deste texto conciso permeiam a música de todo o período, dando-lhe sua qualidade radiante.       A música como modelo do Universo       Para os pensadores medievais, a aritmética, a ciência dos números, era fundamental. A música constituía a expressão do número no tempo, dando afinação, ritmo, andamento e acento às palavras. A canção constituía, uma língua regulada pelo número. O espaço estruturado pelo número constituía a geometria. O número no tempo e  espaço dava origem à dança cósmica ou à harmonia das esferas: a astronomia. Até mesmo a filosofia e a teologia seguiam os números: 3 representava a Trindade misteriosa e 7 o número divino ? toda ma aritmética sagrada aplicada ao universo teológico.   Musica mundana(a música do mundo das esferas), musica humana(a música do homem) e musica instrumentalis(a música instrumental, incluindo a voz humana) eram os três tipos de música que governavam a criação. A música constituía a verdadeira essência da natureza das coisas; cantar era alinhar o próprio corpo com as leis da natureza e a própria mente e o coração com as leis de Deus.   Seguindo os pitagóricos, e as idéias neoplatônicas filtradas através de Boécio, a música era encarada como a unidade criativa dentro da multiplicidade, a união dos opostos, o acordo dentro da discórdia. Um elemento importante na música era a oitava, uma sucessão de oito notas contendo cinco   intervalos longos e dois intervalos breves. Como os teóricos musicais podiam mostrar, dadas as desigualdades aritméticas de certas tonalidades, os intervalos não podiam ser amontoados uns sobre os outros sem comprometer a oitava. Para estender a criatividade além da oitava, o compositor estava limitado a trabalhar com arranjos diatônicos da oitava ou teria que haver uma renúncia: ou da integridade da escala ou da pureza do intervalo. A melhor solução era permanecer o mais próximo possível da oitava. Mover-se fora dela era penetrar outro mundo, outro modo de ser. Assim, as melodias dos cantos tedem a conservar-se dentro do espaço de uma oitava simples.   Tocado com o coração, a mente e o corpo do intérprete, o conhecimento contido numa canção se transfigura numa realidade viva. Deste modo os cantores se transformam em mediadores entre o céu e a terra, os mundos de causa e efeito, colocando seus ouvintes em contato direto com as leis do céu e da terra, eles resolvem as dissonâncias existentes dentro de si mesmos e dentro de seus ouvintes, espalhando as benções da cura através de sua canção.   É interessante constatar a abordagem medieval para a compreensão do mundo e a abordagem matemática dos dias que correm. Os   modelos usados por todas as civilizações tradicionais, e particularmente pelas medievais, eram modelos musicais, e portanto possuíam uma base matemática, embora referindo-se ao sentido da audição. Em contraste, os modelos modernos são puramente matemáticos e abstratos. Não ressoamos de forma tão profunda com o visual como com a forma auditiva. Isto pode ser explicado pelo fato de que nosso aparelho visual tem um limite de freqüências levemente inferior a uma oitava, do infravermelho ao ultravioleta, enquanto nosso aparelho auditivo tem uma amplitude de cerca de oito escalas, ou seja, aproximadamente de 60 a 16.000 hertz, ou vibrações por segundo. As freqüências no campo visual são muito altas do que as do campo auditivo(numa ordem de cerca de 1010)e, como se sabe, quanto maior a freqüência, menor a penetração de um certo material.   
                     
                	
  
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