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A verdadeira HIstória de Chica da Silva


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Na segunda metade do século XVIII o arraial do Tijuco, hoje cidade de Diamantina, Minas Gerais, vivia dias gloriosos de riqueza e progresso.Uma leva de fidalgos portugueses chegara ao Brasil em busca de riquezas e também fugindo de um terremoto que destruíra a cidade de Lisboa.Foram logo atraídos pelo arraial onde os diamantes brotavam à flor da terra.A vida ali era febril e resplandecente.
O desembargador João Fernandes de Oliveira era o mais feliz dos contratadores de diamantes do Tijuco. Nunca se extraíra tantas gemas como no tempo do seu contrato.O prestígio do dinheiro dava-lhe um poder de soberano e todos se curvavam aos seus pés, pois se dizia que era mais rico do que o rei de Portugal.
Os salões do Tijuco se comparavam aos mais finos de Lisboa, e o desembargador teria, se quisesse, a mão da mais alta fidalga da corte portuguesa.Mas, foi ali mesmo no Tijuco, no eito, que ele encontrou sua grande paixão, Chica da Silva.
Escrava do padre Rollim foi alforriada a pedido do desembargador.Era uma mulata escura, de lábios grossos e nariz chato, feições grosseiras, alta e corpulenta.Nada na sua figura lembrava as graças femininas que, em geral, atraem os homens.De temperamento grosseiro, sem nenhum lampejo de bondade ou delicadeza, nem mesmo a sedução da virgindade ele encontrou na mulata, pois ela já tinha dois filhos quando a conheceu.Era difícil entender os motivos de uma paixão tão avassaladora.
Durante muitos anos Chica da Silva soube manter o mais absoluto domínio sobre o coração do desembargador e, conseqüentemente, sobre o Tijuco.Foi a mulher mais extravagante e bizarra que viveu no Brasil na época de Pombal.Dominando o desembargador, dominava o Tijuco como uma rainha e cada desejo seu, por mais extravagante que fosse, era imediatamente realizado.Quem precisasse dos favores de João Fernandes primeiro recorria a ela.Nadava em dinheiro e fazia alarde da riqueza com seus caprichos alucinantes.As roupas, de gosto duvidoso, ela mandava fazer com os mais caros tecidos e suas jóias eram as mais preciosas de que se tinha notícia.Tudo que de melhor havia era para ela.
Naquele tempo o preconceito de cor era profundo e terrível.Em muitas igrejas só gente branca entrava.Mas, nas do Tijuco, o lugar de honra era de Chica. Só comparecia às grandes solenidades, rutilantemente vestida, coberta de jóias e acompanhada por doze lindas mulatas trajadas de seda que lhe seguravam a cauda do vestido espalhafatoso.
O apaixonado desembargador deu-lhe de presente uma chácara enorme.Sem fazer economia, mandou erguer ali um palácio colossal: um castelo com torres, amuradas, uma rica capela, parque com cascatas e lagos, floresta para caça, pomar e jardim com plantas exóticas, além de um salão para teatro. Nessa chácara aconteceram as mais esplendorosas festas a que toda a nobreza do Tijuco e redondezas comparecia.Banquetes que custavam rios de dinheiro, bailes a rigor, cabeleiras empoadas, saias balão e decotes à moda de Lisboa. Ao anoitecer acendiam-se as luzes das cascatas e dos lagos e, neles apareciam barcos dourados, uma imitação das gôndolas de Veneza.A fidalguia pedante dava gritinhos de alegria enquanto navegava sobre as águas iluminadas. No teatro se apresentavam comediantes vindos de longe para representar as peças mais afamadas da época.
No arraial as mulheres costumavam usar os cabelos anelados caindo em cachos sobre os ombros.Mas o cabelo de Chica era seco e duro, imprestável para o penteado da moda.Ela mandou raspar a cabeça e colocava uma cabeleira postiça, de fios sedosos e ondulados.
À medida que lhe crescia a fortuna, cresciam também os caprichos.E ela cismou de comprar um navio para ficar ali mesmo no Tijuco, sertão de Minas Gerais. O desembargador mandou rasgar um grande lago na chácara e colocou lá um navio com velas, mastros e tudo que tinha direito.Lá ia Chica da Silva, gloriosa, singrando as águas do seu lindo lago num navio feito só pra ela.
Chica desprezava os portug


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