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Quem é negro, quem é branco


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Nesse artigo a pesquisadora Marília Pinto de Carvalho trata das desigualdades educacionais entre alunos brancos e não-brancos, a partir de dados empíricos, como observações das interações professor-aluno, aluno-aluno em sala de aula, entrevistas e questionários semi-diretivos, onde procurou-se relacionar o baixo desempenho escolar às classificações raciais dos alunos. Verificou-se, a partir desse estudo, uma tendência entre as professoras que se declaram brancas ou pardas em considerar um número maior de alunos como brancos ou pardos do que professoras negras. Outra constatação, a partir desse estudo, foi que há uma tendência entre as professoras em "clarear" as meninas, consideradas "alunas melhores" que os meninos, bem como alunos com bom desempenho escolar. Alunos com baixo desempenho escolar e mais "indisciplinados" foram classificados por mais vezes como "pardos" ou "negros". Outro aspecto para o qual a autora nos chama a atenção é o fato de classificação racial e cor terem sido muito confundidas, tanto entre os alunos, quanto entre as professoras. Alguns alunos se classificaram como: "café-com-leite", marrom ou bege. Um aluno declarou ser da "cor-da-pele", referindo-se ao lápis salmão ou rosa claro, geralmente usado para colorir a pele de personagens conhecidos em atividades escolares e lúdicas. Esse fato revela o sentimento de "branquitude", que embora negado pela sociedade está implícito nas interações sociais e é, seguramente, uma construção cultural, que valoriza a raça branca como a mais bela, a mais forte, a mais poderosa, a mais inteligente, discriminando as demais raças. Mesmo a aparente "neutralidade racial", presente nas falas de algumas professoras, revela esse "sentimento de branquitude", ao negar aos alunos o direito de se reconhecerem negros.
Chocante, embora curioso, o constrangimento demonstrado por algumas professoras ao classificar determinados alunos como "negros", reservando essa classificação apenas "para o último caso", o que revela a dificuldade de reconhecimento da raça negra no interior da escola, e, conseqüentemente, dificulta muito, toda e qualquer iniciativa bem intencionada por parte do governo e ongs ligadas ao movimento negro, em resgatar e afirmar a cultura e a identidade da raça negra de forma positiva, entre as novas gerações.


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