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A Banalização do Aquecimento Global - Al Gore x Patrick Moore
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O aquecimento global está virando desculpa para tudo. Poderíamos dizer que virou até mesmo bode expiatório: se a verdura aumenta de preço nas feiras do Brasil, a culpa é dele; também o culpam, incrivelmente, pela crise na oferta de garotas de programa que afeta Sofia (Bulgária); o genocídio de Darfur, na África, não é mais atribuído as ancestrais rivalidades tribais entre árabes e negros, mas a disputa de nômades e fazendeiros por terras que a desertificação do continente, maximizada pelo aquecimento global, continua a devastar. Em princípio essa banalização seria contraproducente perigando banalizar o mutirão em torno dos efeitos do acúmulo do CO (dióxido de carbono) na atmosfera, além de encontrarmos, nos bastidores do assunto, muitas controvérsias. Por um lado, se alguns estão furiosos com o que chamam de hype (pura propaganda) do aquecimento global e indivíduos e grupos, leigos e autorizados, já deram início a uma cruzada contra Al Gore e seu documentário Uma Verdade Inconveniente, tachando-o de alarmista e estridente, em contrapartida, há uma cruzada a favor dele que conta com os mais diferentes tipos em suas hostes. Na festa do Oscar, Al Gore, não só recebeu o prêmio pelo melhor documentário, como teve sua candidatura à sucessão de Bush lançada por Leonardo DiCaprio. Sério concorrente ao Nobel da Paz, muitos temem que sua campanha se torne avassaladora e incontrolável, prejudicando grandes interesses empresariais, especialmente a indústria petrolífera, mas, por outro lado, há também aqueles que acreditam que um combate implacável à emissão de CO e a proliferação dos canaviais nos países tropicais, para produção do biodiesel, possam matar de fome todos os pobres do planeta. Patrick Moore, co-fundador do Greenpeace, também autor de um documentário The Great Global Warming Swindle (A Grande Fraude do Aquecimento), para quem o efeito estufa não é causado pela ação humana, mas pela natureza, vive encorajando os países africanos a queimarem mais CO, alegando que os surtos de aquecimento e desaquecimento já ocorriam na Terra muito antes da descoberta, pelo homem, de combustíveis fosséis. Acusações são trocadas pelos dois lados: os meteorologistas da American Meteorological Society duvidam que os termômetros estejam subindo por culpa do homem e seus poluentes. Na Internet, alguns blogs culpam Al Gore de promover um assalto ao capitalismo, de usar mentiras científicas para impor o socialismo na América. E se existem rumores que certos cientistas ficaram a favor da tese do aquecimento global para assegurar recursos e fundos para suas pesquisas, o jornal The Guardian acusou que o American Enterprise Institute comprou cientistas para que desacreditassem recente relatório da ONU sobre mudanças climáticas. Também não poderia deixar de ser mencionado quando o assunto é aquecimento global o jornalista e professor Bill McKibben que conhece como poucos a problemática e a politicagem ambientais e foi um dos principais leigos a alertar para o aquecimento global no livro The End Of Nature, publicado em 1989. Concluindo, poderia ser dito que em questões envolvendo a sobrevivência do planeta, o zelo excessivo de uns é bem mais recomendável que o laxismo de outros. (Resumo de Eni Martin, baseado em artigo publicado por Sérgio Augusto no jornal O Estado de São Paulo, em 18 de março).
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