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Capitaslismo e Liberdade IV


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Muitos apologistas do capitalismo procuram demonstrar que as estruturas autoritarias capitalistas são "voluntarias" e portanto, não são uma negação da liberdade social. Milton Friedman (que idealizou a economia de "livre mercado" da economia capitalista) tentou fazer exactamente isto. Como a maioria dos apologistas do capitalismo ele ignorou as relações autoritárias explícitas e implícitas no trabalho assalariado (onde a "coordenação" no local de trabalho é baseada no comando vertical que vem de cima para baixo, não na cooperação horizontal). Em vez disso ela se concentra na decisão do trabalhador em vender seu trabalho para um patrão específico e ignora a perda de liberdade resultante desse contrato. Ele argumenta que "os indivíduos são efectivamente livres para entrar ou não em algum tipo de transacção, uma vez que todas as transacções são extritamente voluntárias. . . O empregado está protegido da coerção por parte do empregador porque existem outros empregadores para os quais ele pode trabalhar". <Capitalism and Freedom, pp. 14-15>

" cada transacção "estritamente voluntária" é livre sim, mas não para entrar em alguma transacção em particular, mas para não entrar em transacção alguma".
Friedman, para provar a natureza livre do capitalismo, compara o capitalismo com uma simples transacção econômica baseada na independencia dos produtores, tomando como exemplo uma simples economia doméstica: "Ele tem a alternativa de produzir directamente para si mesmo, não precisa participar de nenhuma transacção a menos que extraia algum benefício dela. Consequentemente nenhuma transacção será efetuada sem que ambas as partes saiam ganhando. A cooperação se estabelece sem coerção" <Op. Cit., p. 13>. Sob o capitalismo (ou economia "complexa") Friedman afirma que "os indivíduos são efectivamente livres para entrar ou não em qualquer transacção em particular, pois cada uma das transacções é estritamente voluntária". <Op. Cit., p. 14>
A verdade, todavia, revela que o capitalismo não é baseado em transacções "estritamente voluntárias" como afirma Friedman. Cada transacção "estritamente voluntária" é livre sim, mas não para entrar em alguma transacção em particular, mas para não entrar em transacção alguma.
Esta, e apenas esta, é a única condição apresentada no modelo simples de Friedman (baseado na produção artesanal) como sendo voluntária e não coercitiva. Esta é a coluna onde se apoia o argumento que apresenta o modelo complexo ( capitalismo) como sendo voluntário e não coercitivo. Ora, Friedman afirma claramente acima que a liberdade não entra em qualquer transacção em particular, portanto, apenas alterando suas próprias premissas ele poderia afirmar que o capitalismo é baseado na liberdade.
É fácil ver o que Friedman fez, mas não é tão fácil justificar (particularmente por ser um lugar comum na apologética capitalista). Ele traça um paralelo entre uma transacção efectuada por produtores independentes em uma economia simples e a economia capitalista sem mencionar a coisa mais importante que os distingue - o abismo que separa o trabalho dos meios de produção. Em uma sociedade de produtores independentes, o trabalhador tem a opção de trabalhar para si mesmo -- na sociedade capitalista essa opção não existe. O capitalismo baseia-se na existência da força de trabalho sem capital próprio suficiente para levar em frente seus próprios empreendimentos, e portanto essa força de trabalho não pode escolher entre vender seu trabalho ou não. O próprio Milton Friedman concordaria que onde não existe escolha existe coerção. Esta tentativa de demonstrar que o capitalismo coordena sem coerção resulta, portanto, em fracasso.
Os apologistas do capitalismo são hábeis em convencer algumas pessoas de que o capitalismo é "baseado na liberdade" apenas porque o sistema tem determinadas aparências superficiais de liberdade.
Uma análise atenta dessas aparências revela o que elas escondem. Por exemplo, proclama-se aos quatro ventos que os empregados das empresas capitalistas tem liberdade porque eles podem parar de trabalhar para elas quando quiserem. Mas, conforme dito anteriomente, "Algumas pessoas dão órdens e outras as obedecem: esta é a essência da servidão . Naturalmente, , ''ele pode trocar de emprego'', mas não pode evitar de ter um emprego -- da mesma forma que no estatismo você pode mudar de nacionalidade mas você não pode evitar subordinar-se a uma ou outra nação estado. Mas liberdade significa mais que o direito de trocar de patrão" The Libertarian as Conservative>. Das duas uma: ou "escolhe" ser governado/explorado ou vive nas ruas como um cão. Esta é a "liberdade" que o capitalismo proporciona aos trabalhadores.


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