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A sociedade em redes


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A SOCIEDADE EM REDE ? MANUEL CASTELL

A Revolução da Tecnologia da Informação
Que revolução?
No final do século XX estamos vivendo um intervalo cuja característica é a transformação de nossa "cultura material" pelos mecanismos de um novo paradigma tecnológico que se organiza em torno da tecnologia da informação.
O processo atual de transformação tecnológica expande-se exponencialmente em razão de sua capacidade de criar uma interface entre campos tecnológicos mediante uma linguagem digital comum na qual a informação é gerada, armazenada, recuperada, processada e transmitida. Vivemos em um mundo que se tornou digital.
Esse é um evento histórico da mesma importância da revolução industrial do século XVIII induzindo um padrão de descontinuidade nas bases materiais da economia, sociedade e cultura. Diferentemente de qualquer outra revolução, o cerne da transformação que estamos vivendo na revolução atual refere-se às tecnologias da informação, processamento e comunicação.
O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa informação para geração de conhecimentos e de dispositivos e de processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso. Os usos das novas tecnologias de telecomunicações nas duas ultimas décadas passaram por três estágios distintos: a automação de tarefas, as experiências de usos e a reconfiguração das aplicações. Nos dois primeiros estágios, o progresso da inovação tecnológica baseou-se em aprender usando. No terceiro estágio, os usuários aprenderam a tecnologia fazendo, o que acabou resultando na reconfiguração das redes e na descoberta de novas aplicações. O ciclo de realimentação entre a introdução de uma nova tecnologia, seus usos e seus desenvolvimentos em novos domínios torna-se muito mais rápido ao novo paradigma tecnológico. Consequentemente, a difusão da tecnologia amplifica seu poder de forma infinita, "a medida que os usuários apropriam-se dela e a redefinem. Dessa forma, os usuários podem assumir o controle da tecnologia como no caso da Internet. Pela primeira vez na história, a mente humana é uma forca direta de produção, não apenas um elemento decisivo no sistema produtivo.
As novas tecnologias da informação difundiram-se pelo globo com a velocidade da luz em menos de duas décadas, entre meados dos anos 70 e 90, por meio de uma lógica que é a característica dessa revolução tecnológica: a aplicação imediata no próprio desenvolvimento da tecnologia gerada, conectando o mundo através da tecnologia da informação. Na verdade, há grandes áreas do mundo e consideráveis segmentos da população que estão desconectados do novo sistema tecnológico. As áreas desconectadas são cultural e espacialmente descontínuas.
A seqüência histórica da Revolução da Tecnologia da Informação
A breve, porem intensa, historia da revolução da tecnologia da informação foi contada tantas vezes nos últimos anos que é desnecessário relata-la completamente. Todavia, é útil para analise nos lembrarmos dos principais eixos da transformação tecnológica em geração/processamento/transmissão da informação, colocando-os na seqüência que se deslocou rumo à formação de um novo paradigma sociotécnico.

Macromudancas da microengenharia: eletrônica e informação
Foi durante a Segunda Guerra Mundial e no período seguinte que se deram as principais descobertas tecnológicas em eletrônica, o primeiro computador programável e o transistor, fonte da microeletronica, o verdadeiro cerne da revolução da tecnologia da informação no século XX. Porem, defendo que só na década de 70 as novas tecnologias da informação difundiram-se amplamente, acelerando seu desenvolvimento sinérgico e convergindo em um novo paradigma.

O divisor tecnológico dos anos 70
Esse sistema esse sistema tecnológico, em que estamostotalmente imersos nos anos 90, surgiu nos anos 70. As descobertas básicas nas tecnologias da informação têm algo de essencial em comum: embora baseadas principalmente nos conhecimentos já existentes e desenvolvidas como uma extensão das tecnologias mais importantes, essas tecnologias representaram um salto qualitativo na difusão maciça da tecnologia em aplicações comerciais e civis, devido a sua acessibilidade e custo cada vez menor, com qualidade cada vez maior. Podemos dizer q a Revolução da Tecnologia da Informação propriamente dita nasceu na década de 70, principalmente se nela incluirmos o surgimento e a difusão paralela da engenharia genética mais ou menos nas mesmas datas e locais.

Tecnologias da vida
No inicio da década de 70, a combinação genética e a recombinacao do DNA, base tecnológica da engenharia genética, possibilitaram a aplicação de conhecimentos cumulativos.
Daí para frente, houve uma corrida para a abertura de empresas comerciais. Dificuldades cientificas, problemas técnicos e obstáculos legais, oriundos de justificadas preocupações éticas e de segurança, retardaram a louvada revolução biotecnológica durante a década de 80. Um considerável valor em investimentos de capital de risco foi perdido e algumas das empresas mais inovadoras foram absorvidas por gigantes farmacêuticos.
Porém, no final da década de 80 e durante os anos 90, um grande impulso científico e uma nova geração de cientistas ousados e empreendedores revitalizaram a biotecnologia com um enfoque decisivo em engenharia genética, a tecnologia da vida verdadeiramente revolucionaria nesse campo.
Devido a sua especificidade científica e social, a difusão da engenharia genética progrediu de forma mais lenta que a eletrônica entre as décadas de 70 e 90. Mas, nos anos 90, mercados mais abertos e maiores recursos educacionais e de pesquisas em todo o mundo estão acelerando a revolução biotecnológica. Todas as indicações apontam para uma explosão de aplicações na virada do milênio, que desencadeará um debate fundamental na fronteira, atualmente obscura, entre a natureza e a sociedade.

O contexto social e a dinâmica da transformação tecnológica
Os caminhos seguidos pela indústria, economia e tecnologia são, apesar de relacionados, lentos e de interação descompassada. A emergência de um novo sistema tecnológico na década de 70 deve ser atribuída à dinâmica autônoma da descoberta e difusão tecnológica, inclusive aos efeitos sinergicos entre todas as várias principais tecnologias.
O forte impulso tecnológico dos anos 60 promovido pelo setor militar preparou a tecnologia norte-americana para o grande avanço. A primeira Revolução em Tecnologia da Informação concentrou-se nos Estados Unidos, e até certo ponto, na Califórnia nos anos 70, baseando-se nos progressos alcançados nas duas décadas anteriores e sob a influencia de vários fatores institucionais, econômicos e culturais. Mas não se originou de qualquer necessidade preestabelecida Foi mais o resultado de indução tecnológica que de determinação pessoal.
Ate certo ponto, a disponibilidade de novas tecnologias constituídas como um sistema na década de 70 foi uma base fundamental para o processo de reestruturação socioeconomica dos anos 80. E a utilização dessas tecnologias na década de 80 condicionou, em grande parte, seus usos e trajetórias na década de 90. O surgimento da sociedade em rede não pode ser entendido sem a interação entre essas duas tendências relativamente autônomas: o desenvolvimento de novas tecnologias da informação e a tentativa da antiga sociedade de reaparelhar-se com o uso do poder da tecnologia para servir a tecnologia do poder. Sem necessidade de render-se ao relativismo histórico, pode-se dizer que a Revolução da Tecnologia da Informação dependeu cultural, histórica e espacialmente de um conjunto de circunstâncias muito especificas cujas características determinaram sua futura evolução.
Modelos, atores e locais da Revolução da Tecnologia da Informação<


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