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Legendas e Fórmulas


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LEGENDAS E FÓRMULAS
Maria Viktoria
Amo as diferenças. De interpretação, racial, de opiniões. Nunca gostei do específico. Conservo minhas raízes, mas sei da importância de ganhar o espaço, e alçar novos vôos. Sempre questionei a necessidade real de uma fórmula, ou de uma legenda. Se o problema de matemática visava a resposta exata, e eu já sabia a resposta em função da prática, qual a necessidade da fórmula? O professor exigia a fórmula. E eu fazia a fórmula. Aí eu entendia que matemática é vida. É prática. Do dia-a-dia, e eu podia dispensar a fórmula. Assim é com minha mãe, quando ela faz um pudim delicioso. Todos pedem a receita, e ela simplesmente diz que não sabe. Na verdade ela sabe como fazer, e dispensa a receita. Ela sabe do resultado. Já nas questões abertas de uma prova, não é a resposta que importa. É a argumentação. É a demonstração de um conhecimento adquirido.E não necessariamente de uma prática. Quando nas aulas de Geografia, eu preferia identificar o relevo, a vegetação, a produção, conversando com o professor, lendo sobre aquela região, lembrando dos amigos que moravam em outros estados, ou locais diferentes; eu dispensava a legenda. Para mim, em algumas circunstâncias, legendas quebram a magia; e fórmulas, deveriam ser a certeza de errar menos. No entanto não é. É experimento constante. Assim é a vida. Custei a me decidir se me filiava ou não, a um partido político. Os que me conhecem sabem disso. O partido para mim, sempre foi a fórmula, a legenda. A minha postura sempre foi de esquerda, de contramão, então não me importava. Eu já estava dentro do contexto...e continuo.
Os que permanecem na esquerda por uma razão maior, sem proselitismo, ou sem as experiências viciadas, de uma militância falsa que se fez apenas em função de alguns cargos de governo; os que conseguem se desvencilhar disso e fazem da sua história política, muito mais que uma profissão; os que buscam o cuidado da ?polis?; esses, se fazem verdadeiros. Não nos cargos conquistados, mas no seu merecido lugar no espaço histórico. Continuo acreditando que as legendas e fórmulas não são encantadas; quem as encantam são as pessoas com características próprias que se fazem livres, e permanecem.
É o trabalho de pessoas assim, que acaba por legitimar através do voto popular, a eleição dos líderes de esquerda. Não digo que a direita não os tenha.
Também já acreditei que as manifestações e a revolução resolveriam os problemas do nosso país. Foi assim com Che Guevara, Emiliano Zapata, Ho chi Minh, Mao Tse-tung, Lênin, Trotski, Stálin e tantos outros. Revolucionaram a história mundial numa perspectiva socialista de comunas e se tornaram verdadeiros mitos. E eu os tenho na mais alta conta. No entanto, em nenhum destes países, o Governo se estabeleceu num mar de rosas. No Chile em 1970, Salvador Allende o primeiro presidente socialista eleito pelo voto popular na história da humanidade, permaneceu apenas três anos, quando foi derrubado (assassinado!) pelo autoritarismo de Pinochet.A ditadura conseguiu em sua desvairada gestão, abortar os embriões dos sonhos libertários. No entanto, acredito num novo modelo de política que se forma. Aquela que traz como campanha um trabalho bem feito. Que tem como ?outdoor?, os resultados factíveis de uma mudança real. De postura.
Então!!! 2008 já se prenuncia. Já se fala em alianças. Grupos que se destacam. Eleições municipais. E aí?As legendas/fórmulas/partidos estão em crise!!! Algumas serão suprimidas. Outras terão que se juntar para obter expressão e representatividade. Pode ser uma reforma por tabela. Na perspectiva oriental, crises são sinônimos de novos rumos. Nós, ocidentais acabamos por designá-las como sendo assim, um castigo, ou uma interferência um tanto quanto, maligna. Mas não é. Fragmentos se refazem para novas construções.
Queria muito, que a responsabilidade com a essência, fosse maior do que a preocupação com a legenda. E as fórmulas, não fossem mais importantes que os resultados...

<1> Licenciada no curso de História pelo Instituto Superior de Educação- UNIFOR- Formiga - MG



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