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Cadernos do cárcere volume 1


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O livro é o primeiro de seis volumes que trazem, organizado por temas, as reflexões e teorias de Antonio Gramsci, anotados em cadernos durante a sua prisão por motivos políticos. Se divide em duas partes principais: uma tem como objetos a cultura e o conhecimento, outra a obra do filósofo, escritor, historiador, político e crítico de arte Benedetto Croce. Na primeira parte, Gramsci busca aprofundar, dando continuidade à obra de Karl Marx, as teorias da ideologia, da consciência e luta de classes e da formação social, de um lado, e estabelecer o projeto de sistematizar a filosofia e a metodologia do materialimo histórico; para burlar a censura fascista, Gramsci usou códigos: nestes textos, ideologia e consciência de classe= concepções de mundo, luta de classes= política, modo de produção=sociedade ou estrutura econômica, materialismo histórico=filosofia da práxis, etc. Segundo Gramsci, as formas de construção social da consciência são diversas, porém entrelaçadas entre si, e possuem uma força histórica quando possuem uma racionalidade específica, adequada ao contexto no qual são criadas, ou quando se tornam um consenso de grupos e classes sociais; se uma classe, ao construir uma concepção de mundo, é capaz, ao mesmo tempo, de fazer dela um consenso moral geral da sociedade, ela possuem uma força hegemônica, isto é, possui poder sem necessidade de coerção, uma dominação com consentimento ativo dos dominados, e, assim, consegue perpetuar e dirigir a ordem social que corresponde aos seus interesses de classe. Isso ocorre porque uma visão-de-mundo é não apenas uma explicação subjetiva a respeito da realidade, mas condiciona as normas de ação, opiniões morais e intelectuais que orientam a conduta prática dos homens em sociedade. A visão de mundo mais difusa é o senso-comum, no qual "se pode encontrar de tudo"; o senso-comum possui em si diversos estratos, que inclui em percepções imediatas de realidade, e também a influência de agentes culturais ativos, que o influenciam com ideologias e conhecimentos; por essa diversidade de influência de fatores, o senso-comum é fragmentado e incoerente. Segundo Gramsci, a filosofia e a ciência de constroem mediante a crítica do senso-comum, cada uma ao seu modo, a primeira pela construção lógica de uma concepção coerente e objetiva, a segunda pela experimentação sistemática a partir de problemas e hipóteses. Em ambos os casos, trata-se da construção metódica do conhecimento teórico, ao contrário da religião, que baseia todas as duas explicações sobre o mundo e normas morais de orientação em uma mitologia, interpretada teologicamente. A ciência e a filosofia exigem, para a sua construção, instrumentos lógicos e metodológicos de pensamento, pesquisa e discurso, com o fim de formação de uma consciência racional. Religião, ciência, filosofia e outros tipos de produção cultural, no entanto, agem ativamente sobre o senso-comum e sobre o consenso cultural de uma determinada sociedade. A esfera social desta disputa é a sociedade civil, em oposição ao Estado, caracterizado pela autoridade coercitiva, e em oposição à estrutura econômica, que é dominada pelos interesses e necessidades dos agentes sociais; estes três níveis, no entanto, são inter-dependentes entre si, e até o exercicio da coerção estatal necessidade de um mínimo de consentimento da população e coesão da elite governante, que só podem ser obtidas com um consenso cultural, isto é, uma hegemonia. O materialismo histórico é definido como uma concepção filosófica (epistemológica, moral, política) e científica (metodologia, economia, sociologia, história) que sintetiza as grandes conquistas da cultura moderna em uma forma nova, de uma racionalidade superior; esta concepção, no entanto, ambiciona vir-a-ser um elemento de hegemonia das classes populares, e, portanto, do poder político da maioria. O fundamento desta inversão da hegemonia seria a construção autônoma da personalidade, a um nível individual, e do consenso cultural das classes subalternas, ao nível coletivo, superando a imposição mecânica de ideologias das classes dominantes às clases dominadas em favor da autonomia moral e intelectual das segundas, que, assim, organizadas, poderiam inverter a dominação. Deste modo, Gramsci demonstra que, no materialismo histórico, tanto de um ponto de vista teórico quanto prático, a análise da cultura é tão importante quanto a análise da econômia. Na segunda parte, a crítica de Gramsci a Croce se concentra nos pressupostos "especulativos" do ultimo, que orientam a sua teoria e estudos de história cultural, comentando também a influência cultural das obras de Croce sobre os intelectuais italianos e até extrangeiros da época, como primeiro estudioso do marxismo, indo da crítica à Marx de uma perspectiva idealista-historicista, próxima à Hegel, até ao projeto de "liquidação" do marxismo, motivado por aspectos reacionários da ideologia política de Croce.


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