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Pós-Humano - uma aventura trágica?


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Se vários cientistas consideram o corpo humano um hardware falho e ultrapassado e propõem aperfeiçoamento radical nele, em direção ao que chamam de pós-humano, outros alegam que, como eventual única espécie inteligente do universo, temos a responsabilidade cósmica de sobreviver e acham ser nossa obrigação garantir a possibilidade de expansão para outros planetas. Inaugura-se então um novo tipo de eugenia, pois se na negativa, havia a purificação da raça por meio da eliminação daqueles caracterizados como humanos deficientes, nesta nova, a positiva, existe a possibilidade de melhorar o patrimônio genético por meio de transformação nas células, obtendo uma segunda linha de evolução do humano. Que avaliação será feita no futuro sobre as decisões que estão sendo tomadas agora na biogenética, na nanotecnologia e na robotização, reguladas apenas pelo lucro e pelas leis de mercado? Terá sido um progresso ou uma aventura trágica? Os riscos e os impactos de natureza ética e psicossocial são inúmeros, mas a indústria médica já está fabricando produtos de modificação genética em grande escala e o mercado os está impondo. Somos o que somos porque estamos conectados, de um lado, ao desejo (economia libidinal), de outro, ao socius (economia política), entretanto, as técnicas genéticas que visam à seleção e à alteração das características humanas podem abalar o modo como lidamos com a herança sob nossa responsabilidade e a estrutura geral da nossa experiência moral, pois afetam a forma como nos enxergamos enquanto autores responsáveis por nossa própria história de vida nascidos sob as mesmas condições. O significado das invenções e novidades científicas só aparece quando de sua construção como objeto histórico. Leonardo da Vinci esperava que o avião ? conquista milagrosa da evolução tecnológica ? fosse capaz de buscar neve nas altas montanhas e trazê-la para refrescar as cidades sufocadas pelo verão, mas, os bombardeios de hoje são antítese dessa utopia. Os cientistas do Projeto Manhattan tinham a convicção de que a bomba atômica nunca seria utilizada sem ampla consulta popular, contudo Truman decidiu sozinho as tragédias de Hiroshima e Nagasaki. É inútil atribuir inocência à técnica, pois ela pode ser muito útil ou profundamente destruidora, dependendo de como se é utilizada e a serviço de que interesse esteja. Por isso é preciso manter uma crítica aguda sobre o desenvolvimento atual da tecnociência, atrelada que está a um discurso hegemônico que beneficia o lucro das grandes corporações e não necessariamente os objetivos sociais da promoção humana. Só assim poderá se evitar que esperanças se transformem em tragédias. Salvar nosso planeta para as gerações futuras, usando o conhecimento para garantir um ecossistema renovado e um mundo mais justo, é a prioridade óbvia, ainda que ao custo de alterar profundamente um sistema econômico pujante, mas que tem conduzido a tensões insuportáveis. O pós-humano ainda deve ficar nos laboratórios e na ficção científica.


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