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A Estrutura das Revoluções Científicas


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1) Definição de paradigma

A palavra paradigma refere-se, na obra de Thomas Kuhn, aos modelos seguidos por uma determinada prática científica no processo de investigação. De facto, Thomas Kuhn define paradigmas como as realizações científicas universalmente reconhecidas e que apontam soluções modelares como são o caso das obras de Aritóteles, Newton, Copérnico e outros.

O que ressalta da concepção de paradigma de Thomas Kuhn é que oa paradigmaa fornecem um conjunto padronizado de regras e normas para a prática científica que, quando aplicadas à resolução de determinado problema, indicam ao cientista o caminho a seguir na sua investigação. Como tal, o paradigma é também o conjunto de métodos e procedimentos empregues na investigação já que, ao indicar possíveis soluções para determinados problemas, acaba também por se repercutir na forma pela qual essa solução é procurada. Estamos a referirmo-nos, mais concretamente, não só aos instrumentos a utilizar, como até à forma de os utilizar. Sendo essencialmente um modelo, o paradigma acaba por ser determinante na prática científica e nos resultados obtidos uma vez que vai influenciar os pressupostos teóricos e metodológicos da investigação que, por sua vez, vão condicionar o próprio resultado dessa investigação.

Aprofundando um pouco mais o conceito, diremos que os paradigmas, ao proporcionarem um corpo de princípios teóricos e metodológicos de determinada prática científica, permitem ao cientista a selecção, avaliação e crítica dos factos. Com efeito, ao adoptar um paradigma uma comunidade científica adquire um critério para a escolha de problemas considerados à partida susceptíveis de ser resolvidos. Ao indicar a direcção da investigação, o compromisso com o paradigma acaba por ser determinante na escolha dos factos a analisar porque, estando implícito no caminho seguido pelo cientista um determinado critério, esse critério acaba por ser decisivo na decisão da relevância ou irrelevância dos factos. Os factos previstos pelas expectativas paradigmáticas serão, neste caso, os factos sobre os quais se debruçará o cientista.

Em síntese, o paradigma é conjunto de leis, teorias, aplicações e instrumentos que servem de modelo para a investigação científica realizada com base nesse padrão. É um modelo de generalização teórica que serve de guia à investigação na sua aplicação prática.

2) Paradigma e ciência

Como já vimos anteriormente, o comprometimento com um determinado paradigma implica que uma comunidade científica adopte esses modelos concretos e que siga as mesmas regras e padrões para a prática científica. Contudo, o conceito de paradigma não é um conceito estático, dado que ele é constantemente actualizado e renovado pelo alargamento do conhecimento a factos que o paradigma sugere serem particularmente importantes. Essa actualização é feita pela correlação entre esses factos e as previsões do paradigma, aumentando-se assim a articulação do próprio paradigma com a ciência, um processo bastante usual na ciência normal.

O paradigma é um factor de progresso da ciência já que, apesar de restringir o campo de estudo de uma ciência, acaba por forçar o cientista a investigar detalhadamente e aprofundadamente uma determinada parcela do real. Com efeito, quando é bem sucedido, o paradigma apresenta soluções para problemas que, sem o comprometimento com esse paradigma, nunca seriam alcançadas. E isto porque o paradigma alerta o cientista para a necessidade de conjugar e integrar a observação e os factos, e a aproximar a teoria e os factos.

Enquanto os instrumentos proporcionados por um paradigma continuarem a dar respostas aos problemas definidos por ele, a ciência desenvolve-se com rapidez e aprofunda-se ainda mais através da utilização desses instrumentos. O compromisso com o paradigma permite ao cientista seguir um plano e um critério de investigação que o levará a encaminhar a sua pesquisa num certo sentido. Porém, esse caminho que é perfilado pelo paradigma poderá afastar da investigação problemas importantes por não se coadunarem com as expectativas paradigmáticas.

3) A mudança de paradigma

Posto o que dissemos atrás, temos que o paradigma poderá nalguns casos revelar-se desajustado com a prática científica já que, apesar de ser aceite como resposta a alguns problemas, não precisa necessariamente de explicar todos os factos com que pode ser confrontado. Contudo, a partir do momento em que o paradigma, seja pela descoberta de novos factos ou teorias, é ultrapassado por esses mesmos factos ou teorias, desenvolve-se uma investigação aprofundada na área em que surgem as novidades, sendo este processo somente encerrado quando a teoria do paradigma apresentar conformidade com a novidade, ou seja, quando o imprevisto se transformar no previsto.

Como tal, é preciso distinguir no desenvolvimento da ciência os períodos paradigmáticos (de que temos vindo a falar), pré-paradigmáticos e pós-paradigmáticos.

O período que antecede a afirmação de um paradigma numa ciência é geralmente marcado por uma acesa competição entre as diversas escolas pré-paradigmáticas. A proliferação de teorias é característica deste período devido à falta de unanimidade quanto ao paradigma. É o período de crise que só acaba quando, após o fracasso identificado da ciência na resolução de problemas, surge uma teoria susceptível de ser articulada entre a experiência e a teoria. Um caso flagrante de mudança de paradigma foi a passagem da astronomia Ptolomaica à astronomia Copernicana.



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