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Máquinas de matar e o trauma pós guerra


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Estresse pós traumático, nostalgia, neuroses de guerra, cansaço de batalha....ou chame como quizer, todos esses traumas pós guerras acompanham os conflitos armados desde a guerra civil americana no século 19. Muito antes, Heródoto, da antiga Grécia, já contava a história de um guerreiro de Atenas, 490 a.c, que ficou cego depois da Batalha de Maratona, sem nem mesmo ter sido atingido. Teria ele sofrido um TEPT - Transtorno do Estresse Pós Traumático ?

O exército americano é mestre em transformar homens comuns em máquinas de matar, só que esquece de ensiná-los a continuar vivendo depois. E as vítimas dessa doença sofrem com paranóias, vícios e até suicídio. Alguns sintomas perseguem os soldados por muito tempo como:

Paranóia: a sensação é de alerta o temp todo.

Eternamente no front: a pessoa continua pensando na guerra, querendo ajudar os companheiros e querendo matar os inimigos.

Vícios diversos: pode ser maconha, cocaína, álcool, remédios, tudo que 'ajude' a esquecer aquela experiência.

Flashbacks: memórias da guerra parecem tão reais que o ex-soldado muitas vezes não consegue diferenciar lembranças de realidade.

Rejeição: muitos se sentem traídos pela sociedade, se revoltam com o destino, achando que o mundo não quer saber mais deles (muitas vezes eles estão certos).

Isolamento: Tem total aversão ao contato social e simplesmente não querem interagir com outras pessoas. 

Culpa por sobreviver: como ele convive com outros soldados 24 hs/dia, a morte de um deles fica em sua cabeça: Por que não eu?

Suicídio: tudo isso junto pode levar ao término da própria vida.

Toda guerra parece nunca ter fim. Na 2º Guerra Mundial os EUA lutaram 4 anos contra Hitler. Só no Iraque os americanos já estão em conflito há muito mais tempo, 6 anos (e sem resolver coisa alguma). Como eles são ávidos por guerras, vamos então fazer as contas: 1,5 milhão de americanos serviram em operações no Afeganistão entre 2001 e 2007. Desses todos, 4 mil morreram e cerca de 60 mil ficaram feridos ou doentes. Muitos deles ficaram com flashbacks dos combates pelo resto de suas vidas, atrapalhando a convivência em ambiente familiar.

Mas o Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT) também pode acometer vítimas de grandes desastres naturais, terrorismo, ataques vilentos e outros. São eventos que podem produzir ferimentos graves ou morte. Pesquisas dizem que somente 5% da população pode desenvolver o TEPT, enquanto que nos ex-combatentes este índice sobe consideravelmente, podendo chegar a 40%. Atualmente as guerras são mais aparelhadas, os soldados se realistam por longos períodos, têm períodos de sono bem menores, ficam até 24 hs sem descanso e as missões se alteram o tempo todo. Uma pesquisa recente feita pelo Departamento de Defesa dos EUA concluiu que 60% dos fuzileiros navais que combateram no Iraque tiveram depressão grave e TEPT, mas não quizeram procurar ajuda com medo que isso prejudicasse sua carreira e que fossem tratados de forma diferente pelos colegas.

Cientificamente os traumas fazem parte das experiências humanas. Após um trauma, por exemplo, é normal conviver por um tempo com o acontecimento na memória. É assim que o cérebro processa e aprende com o estresse para poder continuar sua programação normal. No caso do TEPT, o cérebro passa por tantos traumas seguidos que acaba perdendo a capacidade de absorver esses impactos.

Sem tratamento o TEPT pode ser permanente. Para um psicoterapeuta experiente em tratamentos de veteranos de guerra, Edward Tick, para essas pessoas o tempo parece estar parado, e ele relembra o evento constantemente através de pesadelos e recordações inesperadas. O indivíduo fica mentalmente exausto cada vez que situações são recridadas. Suas frustações e ansiedades também aumentam, ele começa a perder o controle e passa a organizar sua vida em torno do trauma. Este tipo de problema tem aumentado cada vez mais porque atualmente as guerras são diferentes. A ideia hoje é fazer soldados profissionais, prontos para puxar o gatilho sem hesitar. Usam-se de técnicas cada vez mais eficientes de condicionamento psicológico e mental (lavagem cerebral?). São transformados em máquinas de matar. Agora, se depois a máquina pifar, isso não é mais problema deles.

O exército americano usa o Sistema de Controle Total, formando 20 mil soldados profissionais por ano (número inédito no mundo). Com este sistema, a falha que existia na hora de retrucar o fogo inimigo caíu de 70% a quase 0. Ou seja, são soldados 'perfeitos', perfeitos para matar.

Hoje em dia nos EUA existem quase 250 Ongs que ajudam os soldados que voltam das guerras oferecendo serviços de qualificação profissional, aconselhamento e recolocação no mercado de trabalho (pois milhares de ex-soldados desempregados são um enorme problema econômico para o país).

De acordo com as estatísticas da Coalizão Nacional dos Veteranos Sem Teto dos EUA, 1 em cada 6 dos 3 milhões de mendigos são veteranos de guerra.

Um mundo sem guerras, sem conflitos, sem traumas é possível, mas só no "Second Life" nos dias de hoje.


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