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Globalização: as conseqüências humanas


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Com uma citação de Dunlap, que vai servir de base para o primeiro tomo. "A companhia pertence às pessoas que nela investem ? não aos seus empregados, fornecedores ou à localidade em que se situa". Com essa idéia trabalha a questão da estruturação global e sua ordem social na compreensão espaço-tempo. Sabendo que a mobilidade tornou-se o fator de estratificação mais poderoso, observa que os donos de uma empresa não estão presos à questão espaço, são móveis acionistas e como tais podem se transferi para qualquer parte. A empresa se liberta do espaço, os operários não. Já os acionistas estão livres para ir para onde lhes for mais conveniente, que são chamados de "proprietários ausentes" e ressalta a liberdade do capital que se desloca sem compromisso. A distância não importa, as fronteiras são maleáveis e invisíveis. Existe um ciberespaço onde as informações são velozes e onde estamos ou nos globalizamos expropriados das raízes locais, mesmo quando permanecemos nelas.


No segundo capítulo afirma que muitas das medidas de espaço e reorganização do mesmo, já estão ultrapassadas. Reforça a guerra travada em nome de sua organização e dominação pelo Estado com as sucessivas batalhas de reorganização. A legibilidade e transparência do espaço são consideradas características que fazem diferença na ordem nacional ? a compreensão do espaço para o uso do Estado. Ressalta que essas características na modernidade  são perseguidas como tarefas importantíssimas. Fala em mapear o espaço de maneira a exercer o poder e a incerteza. Cita, o Panóptico de Foucault, onde supervisores ocultos jamais vistos exercem vigilância sobre as pessoas, contrapõe o Panóptico ao banco de dados, criação moderna de controle e menos utopista. O Panóptico garante a imobilidade e banco de dados a mobilidade. O Sinóptico, seria um vigilante que seduziria as pessoas, onde os locais observam os globais e não os locais observando os locais como é o Panóptico. Ambos pela transparência e legibilidade.


No capítulo terceiro aponta um ponto chave do livro: os Estados e a questão da soberania moderna, transpassada por conceitos globalizantes e atuais. Coloca que a atual "nova desordem global" não pode ser explicada por uma simples sensação de pasmo e perplexidade produzida por colapsos na rotina dos blocos de poder. Essa desordem é reflexo do que parecia tão sólido e ruiu. Com isso há um desgaste do Estado-Nação que percebe que as coisas estão fugindo ao controle numa ordem onde ninguém parece está no controle: a ordem globalizada. Às vezes incapazes de suportar as exigências da nova ordem, tendo a soberania desgastada, o autor usa a expressão "expropriação do Estado", que seria a incapacidade de o Estado exercer as mesmas tarefas de antigamente. A globalização expropria o Estado colocando obstáculos ao exercício de sua soberania em todos os aspectos.


No capítulo quarto, "turistas e vagabundos", apresenta as conseqüências aos dois lados, ricos e pobres, onde o significado das coisas é completamente diferente. A idéia de movimento é diferente para as partes, que têm condições financeiras extremas, e é dessa característica que se percebe repouso e movimento na ordem global. Dessa mesma observação surge a questão do consumo que alimenta uma industrialização cada vez mais supérflua, onde pobres não conseguem manter o padrão de consumo e são chamados vagabundos pelo sistema. Já os ricos, os que conseguem manter o grau de movimento que a globalização impõe, são os turistas, filhos de uma ordem igual e injusta. Com o movimento devido a causas opostas dos turistas e dos vagabundos, chega à conclusão que esse processo de globalização gira em torno dos sonhos e dos desejos dos turistas. Uns se movem por que sentem prazer, outros por dor, onde não há espaço para nenhuma poesia.


O quinto capítulo é uma parte em que os vagabundos são condenados à imobilização, devido ao Estado que investe mais em penitenciárias do que em prevenção do crime. Mostra as diversas facetas do confinamento e como o mesmo é usado como veículo eleitoreiro. A ação governamental busca dar exemplo e não solução, visando a memória curta do povo que acha demais um crime de colarinho branco e a pior coisa do mundo um roubo simples. Até os próprios "imobilizados" acham que esses tais se encontram em um nível acima da sociedade e que, portanto, são vitoriosos. Revela a consciência de nosso drama existencial e como vamos sobrevivendo no medo aqui fora e como os imobilizados vãos sendo aculturados nos Panópticos governamentais, tomando consciência também de um drama. Eles com uma "cultura de prisão", nós com uma "cultura de liberdade", ambas pautadas no medo e no drama segurança-existencial.


Apresenta os problemas que dispõe, numa relação direta entre os capítulos, aos poucos vai tecendo seus objetivos e expondo suas críticas. A globalização de repente toma múltiplas formas na vida cotidiana quando nos percebemos atuando nesse contexto. Pode ser nosso país, nossa casa, nossos familiares, os atores deste sistema. Suas abordagens buscam as entranhas de um processo que se reflete no contexto social e que por isso conduz a um emaranhado de ramificações que precisam ser estudadas.


Bauman faz questionamentos, muitas perguntas, poucas respostas. Alguns lhe teceriam severas críticas à sua condição de sociólogo, já que a estes se presume a resolução de questões. Suas abordagens são instigantes e despertam para o mundo móvel e muita das vezes invisível ao redor. A obra como um todo é bastante proveitosa por querer se introduzir nesse lamacento terreno desviado por muitos, por isso essa crítica é favorável.




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