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Política Partidária e Saúde Publica: um olhar de esperança


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Política Partidária e Saúde Publica: um olhar de esperança

Sou geógrafa, formada pela Universidade de São Paulo (1982), mestre em Geografia Física (1996) e Doutora em Desenvolvimento Regional e Planejamento Ambiental (2003); ainda atuo como professora pela Universidade Federal de Rondonia. Sou paulista e vivo aqui em Rondonia, desde 1983.
Ano passado, achei que estava preparada para ser candidata à deputada estadual, pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade). Durante minha campanha, andei por muitos municípios do Estado de Rondonia, divulgando minha campanha e pedindo votos. Até então, como professora da disciplina de diversas disciplinas relacionadas às causas regionais e inclusive e principalmente Geografia de Rondonia, e através das orientações de iniciação cientifica a alunos e pesquisas que eu mesma havia feito pesquisado, acreditava que conhecia os problemas e a geografia de Rondonia. Qual nada, não conhecia nem os problemas reais do município onde moro que é Porto Velho- a capital do estado.
Vou relatar aqui o que eu vi e vivi durante a campanha a deputada estadual:
1) Num dos bairros por onde passei nas abordagens de apresentação da candidata, os moradores me perguntaram: nós não conhecemos a senhora, mas quanto à senhora vai pagar por voto. Se a senhora pagar mais que o ?fulano?, a gente pensa em conversar;
2) Noutro bairro me pediram ?caixas d? água? visto que outros candidatos, que me antecederam nos pedidos de votos, já haviam garantido os tijolos, outro o cimento, as telhas etc.; e caso eu garantisse a caixa da água, teria eu do morador, certa participação dos votos da família, que alias são numerosas.
Assim, continuei minha peregrinação <...> sem levantar em conta a hipocrisia presente no olhar das pessoas, aquelas que já estão comprometidas até o pescoço com atuais deputados e políticos corruptos e envolvidos na roda viva dos bastidores das prefeituras e das assembléias legislativas. Como não podem sair mais, o negocio é manter o que já se tem, ou seja, os privilégios que têm tipo receber salário de funcionário da Assembléia Legislativa ou da prefeitura, sem nunca ter saído de casa para dedicar uma hora do seu tempo, para um trabalho real.
Mas dentre tudo que vi, o mais chocante foi à precariedade da saúde pública. Encontrei numa única rua de um bairro bem próximo do centro, seis casos de Leichmaniose, uma doença que eu achava que estava controlada pelo Serviço Publica de Saúde.
A maioria dos casos que eu presenciei é de pessoas idosas, acima de 60 anos. Estas pessoas me pediram apenas um carro, ou uma ambulância, para irem até um centro de tratamento filantrópico da igreja católica, localizado na BR 364, km 17, fora da cidade de Porto Velho.
Não pude ajudá-los, pois não tenho infra-estrutura que dê assistência à saúde da população, não sou médica, nem dona de hospital, nem faço parte de esquema ligado ao setor.
Quanto estava enganada em relação ao ?conhecimento? da realidade de Rondonia. Fui pesquisar e descobri que este bairro, já foi mapeado pelos alunos da Biologia (UNIR) e é um dos mais endêmicos em doenças deste tipo, tais como: a Leichmania, a Hanseníase, câncer de pele, tuberculose etc. entre outras. Trata-se de um bairro de população de baixa renda, cujo transporte principal é a bicicleta, pois nem é bem serviço com linha de ônibus coletivo, água tratada, saneamento dos esgotos que caem diretamente nos rios, transformados em esgoto a céu aberto.
Descobri também que não há programa especial de saúde publica para estes casos; se há, não foi possível detectar a presença dos agentes de saúde naquela rua, dando assistência a estas pessoas doentes, que no final da vida, morem aos poucos com feridas enormes pelo corpo, numa morte lenta e dolorida; como se estivem ainda no século XIX.
Descobri que eu também não podia fazer nada, naquele momento, a não ser perguntar até quando isso vai durar e nas oportunidades de debates, colocar o problema e abrir debates.
Enfim: confirmei na praticacomo funcionam os esquemas para se eleger a qualquer cargo político; de certa forma eu já sabia que existia, sobre o uso da máquina pública, para se eleger e permanecer eternamente, ou seja, manter o status quo
da eterna situação de ser sempre o ?cara?, dono dos currais eleitorais.
Vi cruamente como funciona arrecadação de votos de certos profissionais da saúde, por exemplo, como um médico se elege, um oculista, os dentistas, grandes empresários e pecuaristas que usam da máquina pública para permanecerem sendo eleitos.
Ainda tenho esperança que um dia o povo brasileiro, venha a eleger seus representantes por um projeto político de mudança da estrutura da sociedade e não por um milheiro de tijolo ou por uma dentadura, um óculos, uma consulta médica, uma coisa material.
Enfim: depois que passou a eleição, vi pela lista dos eleitos, que daqueles que foram apontados como compradores de votos, apenas um se elegeu, os demais passaram perto do numero mínimo de votos para atingir ao pleito.
Quanto a mim, recebi 242 votos em todo o Estado, de pessoas que acreditaram no meu sonho, de uma Rondonia sustentável, onde os pais possam colocar seus filhos numa escola, onde o ensino tenha qualidade; onde aqueles idosos possam ser atendidos no sistema de saúde pública com dignidade. Onde haja emprego para todos e possamos dormir sem cerca elétrica nos muros; um céu sem fumaça e sem deserto antropico.

Porto Velho, 09 de Abril de 2007

Professora Maria Madalena Ferreira
([email protected])


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