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Direitos sociais e política educacional: alguns são mais iguais que outros
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A gestão democrática educacional direciona as políticas públicas a conceituar e identificar uma ?Escola para Todos?, sendo esta que efetiva, de forma justa, o direito social à Educação por meio da democratização do acesso da população às instituições e, também, objetiva um ensino qualitativo como variável de permanência do educando na escola. Em seu artigo, Direitos sociais e política educacional: alguns são mais iguais que outros, Lisete Regina Gomes Arelaro aborda essa problemática de maneira histórica e crítica, enfatizando a década de 1990, dividindo-a em dois qüinqüênios para melhor explicitar as características e concepções sobre o tema sob o ponto de vista de cada plano de governo. No qüinqüênio de 1990-1994, o conceito de cidadania orientou a formulação dos direitos sociais e, conseqüentemente, admitiu-se a participação da comunidade escolar nos diferentes níveis de gestão pública como condição de viabilização e legitimação de um projeto educacional. Porém, esse conceito não foi à prioridade governamental, já que não havia propostas concretas capazes de mobilizar a sociedade para ações mais abrangentes. A fim de comprovar essa afirmativa, a autora comenta sobre a discussão e elaboração de dois projetos: o Plano Nacional de ?Educação para Todos? e a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O primeiro é fruto do pressionamento de organismos internacionais ? Banco Mundial, Unicef e Unesco ? em relação ao atraso educacional brasileiro. Foi elaborado com a participação de algumas entidades nacionais compromissadas com a educação. Seus termos e orientações seguiram as exigências das agências de financiamento internacionais. O segundo envolvia a discussão de dois projetos políticos com diferentes concepções de Educação: do PL Jorge Hage (PL nº 1258/88) e o do Professor Darcy Ribeiro, o qual tinha o respaldo do Ministério da Educação que, em 20/12/1996, transformou-se na Lei 9394/96 ainda em vigor. Já, o segundo qüinqüênio inaugurara-se um novo ?estilo? de governo: ?democrático?, ?liberal? e ?competente?. Há uma redefinição da função da escola e um novo padrão de gestão educacional, na qual a racionalidade e os critérios de mercado tornam-se referências de competência administrativa e pedagógica. Uma avaliação do governo federal sobre a situação da educação brasileira naquele momento citava que o país não tinha problema de atendimento a demanda escolar e que os recursos investidos nesta área eram suficientes. Essas considerações determinaram as ações a partir do ano de 1997. Para Lisete, essa análise governamental, de um lado, faz deduzir que não há a intenção de ampliar o atendimento escolar, pois ?todos? são aqueles ?tantos? que estão sendo atendidos. Assim, a sociedade não pressiona e nem constrange o governo e, este, não cria novas demandas, cujas despesas onerariam os cofres públicos. E, por outro lado, sendo a qualidade do ensino público ?excelente?, não existe necessidade de novos investimentos para melhorá-lo. Logo, a ?péssima? qualidade educacional seria o resultado de um uso inadequado dos recursos disponíveis pela gestão. A proposta do Governo, no período de 1996/2001, em relação à gestão educacional é (des) centralizadora, pois cede espaço para a participação da comunidade e dá autonomia para as escolas, simultaneamente, propõe-impõe atividades que são controladas de forma absoluta. A estudiosa enumera uma série de fatos para comprovar essa questão: ao sugerir os Parâmetros Curriculares como norteadores dos planos de ensino de cada área da grade curricular homogeneíza o conteúdo programático nas redes de ensino do país; a autonomia do planejamento escolar é confrontada com o desempenho de cada escola nas Avaliações Nacionais; incentiva a formação continuada do professor e sua colaboração com a comunidade escolar, aumentando sua jornada de trabalho nos horários de trabalho coletivo; viabiliza recursos públicos em experiências de ensino semi-presencial ou a distância, para mostrar que o docente não responde aos anseios da sociedade do conhecimento e da tecnologia, e, para incentivar a cidadania, convida a população ao voluntariado, ou melhor, transfere a obrigação do Estado para as famílias ou organizações comunitárias, livrando o governo das despesas orçamentárias. Após tomarmos ciência dessas ações governamentais em prol da ?melhoria do ensino?, deduzimos que o Estado, aos poucos, com seu discurso antagônico, retira de sua responsabilidade as obrigações educacionais. De forma simultânea e implícita, fiscaliza e controla, por meio dos Exames Nacionais, a área pedagógica e administrativa, tornando-se, assim, um ?Grande Supervisor?.
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