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O DESAFIO DA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO


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Há quem afirme que as novas tecnologias de informação e comunicação, centradas no computador, por serem simples ferramentas (meios, não fins), não terão grande impacto sobre a educação - não passando de modismo pedagógico (como o rádio, o cinema, a televisão). Vejamos.

Até meados do século XV a comunicação escrita, através de cartas, panfletos e livros, já havia se tornado prática social bem estabelecida, pois vinha sendo usada há pelo menos dois mil anos.

O objetivo maior da comunicação escrita (seu fim) é dizer algo que se julga importante, a um interlocutor (numa carta) ou a muitos (em panfletos, livros, etc.).

As tecnologias que viabilizaram a comunicação escrita foram, originalmente, a própria linguagem escrita (que é uma tecnologia "soft", intangível) e o papiro, o pergaminho, as tintas e os pincéis (que eram tecnologias "hard", tangíveis). Tudo era feito à mão, nada era mecanizado ou automatizado.

Não resta a menor dúvida de que essas tecnologias viabilizadoras da comunicação escrita eram meios - o fim delas sendo permitir dizer-se aquilo que se queria dizer por escrito. Mas elas viabilizaram a existência de algo (a comunicação escrita) que antes não era possível.

Por volta de 1450 Gutenberg inventou a prensa de tipos móveis. De repente, uma nova tecnologia (um novo meio) tornou possível imprimir milhares de cópias idênticas de panfletos e livros. Antes do final do século XVI já havia, literalmente, milhões de livros impressos esparramados pelo mundo ocidental.

Foi apenas uma mudança na tecnologia, nos meios - os fins continuaram os mesmos. Mas ela provocou uma revolução. Há consenso, hoje, de que o protestantismo, a ciência experimental e os estados nacionais, que hoje são parte essencial do cenário em que vivemos, pelo menos no Ocidente, dificilmente teriam surgido e se desenvolvido tão rapidamente sem o invento de Gutenberg.

Isso nos mostra que mudanças nos meios podem produzir grandes transformações sociais, econômicas, políticas e, naturalmente, culturais.

Houve mudança significativa nos fins e nos métodos da educação em decorrência dessa nova tecnologia. A partir do século XV, começou a desgastar-se o ponto de vista de que o fim principal da educação escolar é transmitir informações, de um-para-um, ou de um-para-poucos, num contexto presencial. Com a invenção de Gutenberg tornou-se possível transmitir informações de um-para-milhares/milhões - e sem que emissor e receptores das informações enviadas estivessem num mesmo local. Essa invenção tornou a educação a distância viável - da mesma forma que tornou o auto-aprendizado, através de livros, acessível a qualquer leitor (era preciso saber ler para se beneficiar da novidade!)

O que o livro fez no século XV e nos séculos seguintes as novas tecnologias vão fazer em escala ainda muito maior nos dias de hoje. Com um componente adicional, que faltava ao livro: a comunicação interativa (quase) instantânea. A revolução causada pelo livro nos séculos XV e seguintes se deu sem que houvesse, naquela época, mecanismos eficientes para discussão entre os leitores, em grupo, dos materiais lidos. Hoje isso é possível, com e-mail e os grupos de discussão pela Internet.

As mudanças nos fins e nos métodos da educação iniciadas com a invenção do livro vão se tornar irreversíveis. A educação escolar vai ter de ser reconceituada: não faz mais sentido imaginar um professor repassando a seus alunos (passivos) uma quantidade enorme de informações (em geral desatualizadas), nas quais eles não têm o menor interesse. Informação, hoje, se busca, no momento em que ela é necessária (just in time), na dosagem exata (just enough), enquanto estamos ativamente fazendo as coisas que nos são necessárias ou nos interessam (on the job, hands on). Em vez de ficar nos repassando informação inútil, a educação escolar deve nos ajudar a desenvolver as competências e as habilidades necessárias para viver a vida que escolhemos para nós mesmos.

Tecnologia é meio, sim. Mas esse meio freqüentemente nos obriga a rever os nossos fins e os nossos métodos.



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