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Lei inclui o estudo da África e da cultura afro-brasileira nas escolas


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O angolano Carlos Serrano, professor do Departamento de Antropologia da USP, é entrevistado por Rodolfo Vianna (2003) e aborda o tema da lei federal (10.639/2003) que inclui o estudo da história e da cultura afro- brasileira nos Ensinos Fundamental e Médio. A lei abrange história da África, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra e suas influências nas áreas social, econômica e política.

Serrano indica que o conteúdo da lei não é uma novidade, ao citar o caso do Movimento Negro da Bahia, que tem uma experiência na área educacional desde os anos 80. Quanto a dimensões da diáspora, afirma que houve a criação de uma cultura própria da negritude, não uma cultura africana, mas a construção de uma cultura própria dos afro-descendentes que pode ser notada no dia a dia: o linguajar, o léxico de origem africana abrasileirado, a religião, a música e a culinária, dentre outras manifestações. Daí o professor acreditar que essa lei vai estimular as Universidades a criarem cursos de História da África e que os Ensinos Fundamental e Médio também vão explorar, numa linguagem diferente e de forma sistemática, questões sobre africanidade e negritude.

É relevante apontar a questão do desconforto de muitos professores diante de seu estranhamento em relação a culturas africanas, tanto no nível universitário quanto abaixo. Esses professores veem a África Negra como alguma coisa de longínquo, folclórico e exótico. Portanto, é um dever desmistificar muitas coisas.

Há também o paradoxo de se falar de África como uma entidade homogênea, esquecendo-se a multiplicidade de culturas africanas existentes. Daí decorre que a tomada de conscientização passa a ser uma tarefa imensa, que envolve o esforço da comunidade inteira.

A diminuição do preconceito racial pode ser uma consequência dessa lei, segundo Serrano. Principalmente porque ele considera que grandes processos passam pela educação. E se mostra otimista em relação ao futuro da questão negra no Brasil.




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