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A PRODUTIVIDADE DA ESCOLA IMPRODUTIVA


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Denso e profundo, mas de leitura quase que obrigatória para educadores e todos aqueles que gravitam em torno do assunto educação, o livro de Gaudêncio Frigotto explora, passo a passo, as razões que levaram o exercício atual da educação a alcançar os patamares hoje vivenciados nas escolas, onde, aparentemente, a chamada economia da educação assume caráter de maior destaque, deixando a formação enquanto essência principal, em um segundo plano.

Para embasar seus argumentos, Frigotto retoma os princípios básicos da Teoria do Capital Humano que, embora duramente criticada, sempre retorna ao centro das discussões, como justificativa utilizada por aqueles que defendem uma relação direta entre o aumento da qualificação profissional e diminuição da pobreza.

Na obra em análise, entretanto, Gaudêncio Frigotto, defende argumentos que mostram que esta pobreza existente na sociedade não pode ser meramente atribuída à falta do mérito individual de cada cidadão, que não lhe permite evoluir no âmbito escolar, ou até mesmo, a ele ter acesso. Com interessantes reflexões e exemplos, o autor revela que se realmente houvesse por parte da elite, efetivo interesse em modificar o quadro de exclusão social vigente, deveria ela pautar seu discurso pela defesa de reformas sociais que objetivassem garantir aos setores mais pobres da população o acesso aos bens. E não simplesmente creditar tudo isso a ausência da educação.

Para Frigotto, a visão tecnicista da educação responde exatamente à ótica economicista do ensino, veiculada com pompa pela Teoria do Capital Humano, constituindo-se numa das principais e mais ferozes formas de desqualificação do processo educativo escolar.

Isso fica evidente quando analisada a economia global, que exige uma sociedade baseada no mundo das informações, indicando claramente que o principal recurso de crescimento individual e social é o domínio de conhecimentos.

Ora, com este enfoque, o desenvolvimento humano passa então a se tornar um importante diferencial competitivo, que segundo Frigotto, mostra de forma deliberada que a elite intelectual e, sobretudo, a econômica, deseja na verdade um trabalhador com uma nova qualificação e que contribua efetivamente para tornar as estruturas competitivas.

Entretanto, é notório que o modo como o trabalhador se apropria das informações, constrói seus conhecimentos e os aplica em suas atividades, é decorrência direta do nível em que se encontra seu grau de escolaridade. Assim, ao mesmo tempo em que grande parte da sociedade já percebeu a importância deste aspecto e o obstáculo que representa para um desenvolvimento global, outra parte significativa desta mesma sociedade discorda destes argumentos, usando como base as condições econômico-sociais existentes na atualidade.

Convencido de que tal debate é necessário, Frigotto, a seu tempo, procura superar essa discussão, construindo uma relação acerca do tema ? que embora se mostre, às vezes, contraditória, é outra tantas, convergente ? mostrando que é possível, sim, reunir educação e processo produtivo, vinculando-os de forma a valorizar o papel da escola.


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