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Literatura infantil brasileira


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A literatura infantil é um fenômeno praticamente tão recente quanto a idéia de infância que temos hoje. Antes da ascensão da burguesia não havia livros de literatura específicos para os pequenos e, se eles quisessem ler, deveriam fazê-lo utilizando-se de textos adultos. Há obras que não foram produzidas para crianças, mas que se tornaram infantis por dialogarem com elas, enquanto outros textos foram produzidos especialmente para esse público. As características desse gênero são definidas por esses dois tipos de obras. Os primeiros livros produzidos particularmente para os leitores infantis são os do francês Charles Perrault, no final do século XVII. A partir daí, a criança torna-se o centro em torno do qual se move o processo de criação e de produção de obras infantis. Esse fenômeno marca o fim da ?inexistência? da infância, pois com a Revolução Industrial, as crianças burguesas passam a representar papel importante na sociedade, já que precisam ser preparadas e capacitadas para o futuro, através da educação, a fim de enfrentar um mercado competitivo em rápida expansão. Esse é o contexto no qual surge a necessidade de pensar-se em livros infantis como instrumentos pedagógicos capazes de contribuir na formação dos indivíduos que comporão as classes dominantes do futuro. Os jovens devem ser preparados para serem vencedores em um mundo em constante disputa. Dessa forma nasce a literatura para crianças como um auxiliar das escolas na formação do pequeno cidadão em seu aprendizado dos valores capitalistas, ou seja, a literatura como um agente doutrinário. Esse novo gênero utiliza-se de diversos tipos de textos já existentes, que são adaptados para atender melhor às necessidades de formação da criança burguesa, tais como: lendas, mitos, cantigas, contos de fadas, etc., além das histórias de Andersen. Os contos de fadas são os que caem na preferência das crianças, pelo fato de distinguirem-se dos outros pela presença do elemento mágico. Essas narrativas, por um lado, pretendem manipular os pequenos leitores mostrando-lhes um padrão de conduta a ser seguido e, em contra-partida, oferece-lhes uma pluralidade de significados, ampliando e enriquecendo o universo infantil. Na atualidade, os critérios para que se considere um texto adequado à infância percorrem uma trajetória oposta, no que se refere ao caráter pedagógico da obra. Ela deve, sim, ser educativa, mas em um sentido amplo, libertador e jamais ?catequizador?. A literatura infantil deve servir como elemento ordenador e estruturante do universo interior da criança. O surgimento da literatura específica para o público mirim no Brasil acontece no fim do século XIX. As primeiras obras publicadas para esses leitores eram traduções de autores estrangeiros que, aos poucos, começam a dividir o mercado com as obras nacionais que surgem. Esse desenvolvimento da literatura infantil serve de apoio para a formação de uma identidade nacional, já que é um período de profundas mudanças e de solidificação do capitalismo. Ao mesmo tempo, Começam a surgir autores preocupados com uma forma de expressão que seja verdadeiramente representativa do povo brasileiro, como Monteiro Lobato. Entretanto, no geral, a literatura infantil mantinha-se conservadora e pedagógica. A partir da década de 1920 a situação começa a mudar. Em virtude das influências das vanguardas, algumas regiões do Brasil iniciam um processo de transformação, resultando em desenvolvimento da literatura infantil. Nesse contexto, Monteiro Lobato publica A menina do nariz arrebitado, livro didático que antecede vários outros em que o autor atualiza personagens já conhecidos dos contos de fadas tradicionais e mostra aos estudantes, de maneira crítica, temas atuais. Após 1945 há uma progressiva valorização de tudo o que represente modernidade. Crescem os meios de produção em massa, enquanto a arte torna-se fragmentária e intimista. Com o aumento da população urbana e dos indivíduos trabalhadores, cresce a necessidade de ampliar a leitura a um número maior de pessoas. A literatura infantil acompanha esses fenômenos ocorridos com a literatura adulta, massificando-se também. Os autores repetem o modelo de Lobato sem a sua criticidade social e sem demonstrarem uma preocupação estética. Após 1964, a literatura infantil passa a ocupar um lugar de destaque no mercado, transformando-se em um bem de consumo adequado aos padrões do sistema capitalista. Tudo o que é produzido nesse período deve estar de acordo com a ideologia do regime ditatorial vigente. A literatura infantil serve de caminho para uma crítica social velada e para dar voz às minorias oprimidas, pois o alvo de maior observação por parte dos repressores é a literatura adulta. Esse fato faz com que, ao lado de uma literatura infantil massificada comece a surgir uma outra, mais crítica, demonstrando as diferenças presentes na sociedade. Há uma restauração dos contos de fadas tradicionais, que passam a ser usados como metáfora da vida social, política e econômica. As situações do dia-dia e os conflitos infantis são apresentados de forma saudável. É comum o aparecimento de textos folclóricos ou históricos nesse período, com a vantagem de mostrar esses fatos pelo ponto de vista das pessoas comuns e não dos heróis clássicos. As edições de livros para os leitores infantis tornam-se mais esmeradas em todos os seus detalhes e os ilustradores passam a ocupar uma posição privilegiada. O que podemos observar na atualidade é a convivência de alguns textos massivos, produzidos apenas para serem comercializados, com outros de alta qualidade estética e grande capacidade crítica e criativa. Isso faz com que haja a necessidade de que o leitor infantil seja cada vez mais bem preparado para o universo da leitura.


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