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A arte de escrever com arte


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Não sei se muitos notaram esta coincidência interessante dentre os livros lançados no ano passado, mas é um fato no mínimo curioso dois livros serem publicados simultaneamente com o mesmo título. E esta curiosidade aumenta depois que se lê um deles e as perguntas começam a pipocar: Qual dos dois é o melhor? É um caso de plágio? O que eu faria caso fosse um dos dois autores? Apesar de ser um assunto pra lá de instigante, não pretendo fazer uma comparação entre os dois livros, até porque já disse tudo o que queria sobre o livro A Arte de Escrever com Arte de José Carlos Leal em uma resenha feita no mês passado. Porém, quem quiser poderá comparar as duas resenhas e tirar as suas próprias conclusões sobre as minhas conclusões.

A Arte de Escrever com Arte de Ronald Claver é um livro de exercícios de escrita. Simples assim. E apesar de não mencionar nada nas sinopses da editora e das livrarias online, o público-alvo focalizado pela obra é o infanto-juvenil. Transparece a cada página que ele foi elaborado (conscientemente?) para ser usado em salas de aula por professores de português ou literatura. Eu, que já passei há tempos da puberdade e me aventurei a lê-lo sozinho em casa, me senti um pouco deslocado em certas partes. Como onde aparece um exercício que pede ao leitor para começar a escrever uma estória e após algum tempo trocá-la com o colega ao lado, continuando a dele e vice-versa. Impossível de ser feito sozinho. Mas, longe de ser um defeito, este detalhe demonstra que o livro não foi escrito para toda e qualquer situação e pessoa. É um livro para ser utilizado especificamente por um grupo de estudantes, e neste objetivo deverá cumprir muito bem o seu propósito.

O livro traz exercícios de escrita e criatividade elaborados em cima de textos, resenhas, poesias e artigos de escritores ora conhecidos ora nem tanto. São pouquíssimas as falhas que aparecem, a maioria irrelevantes como pontuação incorreta (erros de impressão?) e algumas referências a outros livros do autor que aparecem mais ou menos assim (erros de digitação?):

"(Do livro Hoje tem Poesia, de ronaldclaver, Ed. Dimensão)"

E um único parágrafo que pode ter algo errado na concordância:

"Você acha que boteco é essa maravilha multicultural, mística, transcendental, iluminada, cáustico, poético, humano que o texto acima apregoa? Ou não passa de um estabelecimento comercial como outro qualquer?"

Contudo, isso é apenas uma minúscula mancha vista de longe, somente notada pelos leitores mais perfeccionistas como eu. A citação acima reforça um traço importante do livro: o autor quer passar sua experiência de escrita, as suas ferramentas, para os seus leitores-alunos. Ele ensina, por exemplo, que até um boteco pode ser fonte de inspiração para a arte. Não que ele esteja fornecendo mais uma desculpa para os adolescentes irem aos botecos. Nem precisaria, pois os adolescentes atualmente inventam desculpas de sobra para isso. Pelo contrário, Claver mostra que em qualquer lugar pode acontecer aquele clique que falta para começarmos a escrever, até em um boteco.

Ronald Claver é mineiro de Belo Horizonte. Classifica a si mesmo como poeta crítico, já publicou mais de 20 livros e ministra oficinas de texto. O seu site está no endereço eletrônico http://ronaldclaver.110mb.com/. Talvez por ser poeta, as aulas entre um exercício e outro possuam um tom provocador e inspirador. Ou esquizofrênico, conforme justifica o autor:

"Para o Dicionário Houaiss, os significado de "palavra" é, entre outros: capacidade de exprimir idéias por meio de sons articulados e conjunto coerente de idéias fundamentais a serem transmitidas, ensinadas. Ao ler A arte de escrever com arte, o leitor vai poder enxergar as infinitas possibilidades que as letras, as palavras e as frases podem abrigar e ver que a definição de "palavra" vai muito além do que possamos imaginar. Essa publicação se constitui como um hipertexto. Uma "coisa" leva a outra "coisa" e a leitura parece não ter hora para acabar. E se ao leitor parecer que o livro é "meio maluco" é um bom sinal. Pois, a proposta é inventar, brincar com as palavras. E para isso não tem limite de idade."


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