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A Metamorfose do Malandro ?Malandro é malandro, mané é mané. ?


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O malandro na música popular sofre uma transformação com o sentido histórico, o malandro é uma figura central do imaginário brasileiro, essa figura é a auto interpretação do Brasil. O malandro começa na canção popular em 1920 e 1930. Nesta época o Brasil passa por uma profunda transformação estatal, econômica e de integração social, política e ideológica.

A política da ?brasilinização? (é como muitos europeus chamam às sociedades degradadas pelo alto grau de desemprego, violência e desintegração social, como ocorre nas favelas das grandes cidades brasileiras) que consistia na essencialização, reificção (não é real) e fetichização. Nas análises do livro Casa Grande e Senzala, por motivos ideológicos, e sua forte influência das concepções filosóficas e sociológicas de Weber, Freyre constrói uma narrativa mítica para o país. A ideologia deste período partia do pré suposto que o Brasil por ser mestiço estava condenado ao subdesenvolvimento e ao atraso. Sendo que no livro ?Casa Grande e Senzala? parte do contrario dessa afirmação celebrando o encontro racial, enaltecendo a baixo alto-estima em orgulho nacional. Este hibridismo torna atualmente esta mistura racial um motivo de orgulho nacional.

O homem português e brasileiro tem o contrário dentro de si, encontra-se com o africano a realidade concreta fora dele no Brasil, e já estava prefigurando na própria personalidade do homem ibérico.

Freyre influência uma concepção de uma história de glórias que passa a ser central em todo o argumento do homem cordial de Sergio Buarque, que é definido como o homem de todas a classes, humano, na nação do personalismo (conduzir o homem a essência de si próprio ) , na noção do patrionalismo (exacerbação dos poderes estatais que gera uma corrupção que não decorre da imoralidade).

O Malandro passa a ser uma espécie de materialização transfigurada dessa brasilidade exótica da vida cotidiana e da cultura popular. O malandro transita entre as classes sociais , apesar de ser percebido como alguém vindo das classes mais baixas , ele se veste como um burguês é esperto e se ?dá melhor? que o burguês , tem estratégias para seus privilégios . Sua personalidade é egoísta, usa estrategicamente o emocional do outro, a troca de favores, é corrupto. A este personagem e incorporado o comportamento de brasilidade, defendido por Paulo Prado, Sergio Buarque e Roberto Matta, ele (o malandro), é preguiçoso, é imprudente e é marginal, tende a ser marginal. É erótico (é o rei da mulher trabalhadora e da prostituta); e o culto a retórica e a aparência e o talento na aplicação de golpes.

A partir das décadas de 20 e 30 o malandro consolida-se com a crescente penetração do samba carioca e no carnaval. A primeira fase é a ?fase heróica? este aspecto fica evidente nos sambas ?A volta do Malandro? Chico Buarque, ?Lenço no Pescoço?, de Wilson Batista, ?Conversa de Botequim?, de Noel Rosa, ?O que será de mim?, de Ismael Silva, Nilson Bastos e Francisco Alves, e ?malandro é Malandro, mané é mané? cantada por Bezerra da Silva. Nestes sambas tem a conotação positiva que consegue sobreviver evitando o trabalho estafante que era predominante das classes operárias.

Na segunda fase a ?desconstrução do malandro? nestes sambas já há uma oposição entre malandro e mané. O mané morre lentamente no trabalho sem esperança e oportunidade. Evidente nos sambas ?Chico brito?, de Wilson Batista, ?O Rei de Ramos?, de Hime, Chico e Dias Gomes e ?Pavio de destino? de Sério Sampaio, ele não domina sua condição e é um produto de uma realidade que ele não controla.

A terceira fase é o momento da ?Epopéia do Malandro? instante de desvanecimento,degradação, desaparecendo o mané e existe o ?otário? marcado para morrer ?vinte e quatro horas de tenção?, diz MV Bill em exemplar condensação dessa ultima transfiguração. O que o rap de MV Bill apresenta é o excluído, uma visão diferenciada falando com idéias que são suas e não tomadas de empréstimo ocupando uma espécie de vanguarda sem o contraponto político, mas com o mesmo horizonte de idéias incluindo as questões políticas, sem a glorificação do oprimido.

Esse miserável de corpo e de espírito para o qual a figura do malandro torna-se uma transfiguração romântica produto de uma sociedade que não reconhece seu produto.



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