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A CRÔNICA, SEGUNDO O PROFESSOR AFRÃNIO COUTINHO


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A crônica é um gênero literário que tem assumido no Brasil, mormente no século presente, além da personalidade de gênero, um desenvolvimento e uma categoria que fazem dela uma forma literária de requintado valor estético, um gênero específico e autônomo, a ponto de ter induzido Tristão de Ataíde a criar o termo "cronismo" para a sua designação geral.

Realmente, se algo existe em nossa literatura, que pode ser tomado como exemplo frisante da nossa diferenciação literária e lingüística, é a crônica. Dificilmente poderá apontar-se coisa parecida, mesmo na literatura portuguesa, a uma crônica de Rubem Braga. E este autor ainda apresenta esta singularidade: é um grande escritor que entra para a história literária exclusivamente como cronista. Fato singular da literatura brasileira atualmente. Como fato muito significativo é a posição da crônica, sua importância, o grau de perfeição a que atingiu, depois de longa evolução através da qual se especializou, se desenvolveu uma forma literária específicá, inclusive com um estilo próprio, uma maneira peculiaríssima.

Em primeiro lugar, é mister ressaltar a natureza literária da crônica. O fato de ser divulgado em jornal não implica em desvalia literária do gênero. Enquanto o jornalismo tem no fato seu objetivo, seu fim, para a crônica o fato só vale, nas vezes em que ela o utiliza, como meio ou pretexto, de que o artista retira o máximo partido, com as virtuosidades de seu estilo, de seu espírito, de sua graça, de suas faculdades inventivas. A crônica é na essência uma forma de arte, arte da palavra, a que se liga forte dose de lirismo. É um gênero altamente pessoal, uma reação individual, íntima, ante o espetáculo da vida, as coisas, os seres. O cronista é solitário com ânsia de comunicar-se. E ninguém melhor se comunica do que ele, através desse meio vivo, álacre, insinuante, ágil que é a crônica. A literatura, sendo uma arte - cujo meio é a palavra - e portanto oriunda da imaginação criadora, visando a despertar o prazer estético - nada mais literário do que a crônica, que não pretende informar, ensinar, orientar. E tanto ela não é indissoluvelmente ligada ao jornal, que esse prazer decorre da sua leitura mesmo em livro, como é o caso das de Machado de Assis, Rubem Braga, Henrique Pongetti, Ledo 1vo, Manuel Bandeira, Ribeiro Couto, Carlos Drummond de Andrade, Álvaro Moreira, Elsie Lessa, Fernando Sabino, Eneida, para citar alguns mestres do gênero.



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