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Sugiro Guy Debord para entender o mundo de hoje
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RESUMO: A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO
Sugiro Guy Debord para entender o mundo de hoje
Introdução: a oportunidade que a Shvoong abriu para esses meus resumos tem um valor que você nem imagina. Aqui posso publicar o que bem entender, sem o tipo de pressão das editoras que pagam articulistas de jornais e revistas para promover qualquer literatice. Você pode não gostar, pode achar qualquer coisa, mas o que ponho aqui tem tudo a ver comigo, com meu gosto e minhas andanças literárias. Por exemplo: Apareceu um artigo rápido do Umberto Eco falando de filosofia. Ele dá dicas de leitura filosofia possível no nosso tempo. Ou seja, filosofia sem todo aquele jargão pesado e indecifrável. Começa por Platão (Críton), passa pela Poética (Aristóteles), segue com De magistro (Santo Agostinho), Oração sobre a dignidade do homem (Pico della Mirandola), uma antologia dos Ensaios (Montaigne), Discurso sobre o método (Descartes), Ensaio sobre o intelecto humano (John Locke), Cândido (Voltaire), Zibaldone (Leopardi), Pesquisas filosóficas (Wittgenstein) e, por fim, o próprio Eco. Enquanto você lê tudo, digo eu, vai perdendo novelas, furacões, falcatruas, mensalões, árbitros de futebol corruptos, etc. De minha parte, sugiro um livro só: A sociedade do espetáculo, do francês Guy Debord (?Doutor em nada?), filósofo, agitador social e diretor de cinema, que morreu em 1994. Viveu meio na clandestinidade ? só tem uma foto dele ? e sacou tudo o que se passa ainda hoje na nossa gloriosa sociedade do espetáculo. Debord é legal, mas não é tão fácil de ler. Destina-se mais a quem já passou a fase da filosofia e quer conhecer a prática da sociedade. A história de como cheguei a Guy Debord é interessante. Eu havia ido a São Paulo em 2003 para visitar a Feira do Livro da Primavera. Encontrei amigos de outros estados e cidades e, enquanto perambulava, achei no chão, perdido, o livro do Debord. Não havia ninguém por perto e fiquei com ele. Logo que abri, pensei que se tratasse desses chatos e verborrágicos acadêmicos. Só no hotel fui abrir e ler com calma. A primeira edição é de 1967, um ano antes dos acontecimentos de 1968, na França. São nove capítulos com um total de 221 textos, numerados, mais um prefácio da 4ª edição italiana e ainda os Comentários publicados escritos para a edição de 1988. Logo no número 1, lê-se: Toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação.
Mais adiante, um trecho de artigo no jornal Le Monde: ?Que a sociedade contemporânea seja uma sociedade de espetáculo é ponto pacífico. O que vai ser necessário destacar agora são aqueles que não aparecem. São inumeráveis os livros que descrevem tal fenômeno, característico das nações industriais e também dos países atrasado sem relação à sua época. O que encerra uma tolice, pois os textos que analisam esse fenômeno, em geral para deplorá-lo, também devem sujeitar-se ao espetáculo para se tornar conhecidos.? Veja se não é isso que acontece com tudo, hoje. Você quer malhar o capital, mas depende dele para publicar um livro. Quer falar mal da televisão, mas depende dela para aparecer em público. E assim vai.
Depois, lá pelo fim, pág. 228, só para dar uma idéia, Debord cita um autor chamado Arthur Cravan que previu a explosão de ?artistas? que abala o mundo atual. Quem não conhece uma avó que se gaba do neto de quinze anos que já tem livro publicado ou Cd gravado? Quantos médicos-escritores, advogados-poetas, policiais-dramaturgos, dentistas-cineastas, peruas-artistas plásticas existem somente na rua da sua casa? Cravan escreveu em seu livro Maintenant: ?Dentro em breve, nas ruas só haverá artistas, e vai ser muito difícil encontrar um homem.?
Um desabado de Debord mostra onde estamos hoje: A sociedade moderna que, até 1968, ia de sucesso em sucesso, e estava persuadida de ser amada, teve a partir daí de desistir de todos os sonhos; ela prefere ser temida. Sabe que seu ?ar de inocência? não volta mais. Procure, leia, goste ou critique o livro, que é da Editora Contraponto, porque o mundo é cada vez mais do espetáculo. E você não pode ficar nos bastidores.
Abraços, Werneck
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