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A HERANÇA DE ?NÓS MESMOS?


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Apesar de tantos atos desumanos continuarem acontecendo, quase que cotidianamente, não há como não atentar para o clamor público e o repúdio apresentado pelas multidões frente a tais ocorrências. E isto parece ter sido mais evidenciado desde o seqüestro e posterior assassinato da jovem Eloá, que foi desencadeado pela não aceitação por parte de seu ex-namorado do término de um namoro que, para ela, não era mais satisfatório e nem condizia com seu projeto de vida. E as perguntas que permanecem em nossas mentes e que nos inquietam constantemente, são as seguintes: Por que tiramos a vida de alguém só porque ela não nos deseja mais, ou seja, não quer que continuemos fazendo parte de sua vida? Por que tanta dificuldade em aceitar um NÃO dado por alguém a quem nos vinculamos em determinada época e que, agora, tem outros projetos para sua existência e fazemos dessa negativa o início de uma derrocada pessoal? Por que o ser humano é tão passional e continua matando em nome de um sentimento tão grandioso, como o amor? Todas essas indagações parecem que estão a nos sinalizar que o ser humano atual sempre acaba adotando para si um postulado de vida extremamente radical quando percebe que suas aspirações, sonhos e ideais, não encontram o retorno esperado da pessoa na qual todas as suas expectativas foram projetadas e, assim, opta pela a invalidação da vida. No entanto, é sempre bom lembrar que amores tidos como impossíveis, costumam ser mais atraentes, justamente, porque questionam nossa capacidade de conquista do outro e, a partir daí, nossas mentes ficam focadas unicamente na pessoa que idealizamos como sinônimo de felicidade, de realização plena, mesmo que tudo ao redor esteja sempre sinalizando o contrário. Em contraponto, continuamos sendo criados e direcionados para a busca da satisfação de nossas necessidades vitais e, conseqüentemente, estamos sempre correndo o risco que nosso eu se torne soberbo e egocêntrico com relação aos outros, além do fato de que, na sociedade atual, os seres humanos são formados e orientados para que vivenciem intensamente o presente, não importando as conseqüências que seus atos egoístas possam provocar na existência das demais pessoas. Constata-se uma enorme distorção comportamental, uma vez que o processo de viver de cada um, não pode continuar sendo o detonador de diferentes adversidades e atrocidades na estruturação da vida daqueles com os quais convive. Heidegger relaciona tais posturas com a dificuldade que, normalmente, o homem em geral tem de trabalhar com suas respectivas angústias e medos, especialmente quando não consegue localizar algo que possa ser considerado como significativo ou prazeroso em seu próprio passado. Essa ausência, de acordo com o mesmo autor, tem sido a responsável pela incapacidade que alguns seres humanos têm de elaborar para si mesmos, mecanismos próprios de sustentação psicológica e emocional quando suas projeções e idealizações não podem ser concretizadas. Quando isto ocorre, é comum o indivíduo sentir-se impotente frente à incapacidade de ser ele mesmo e é normal que procure se vincular a uma pessoa que possa lhe oferecer um sentido emprestado, ou seja, um imaginário de vida que não corresponda à realidade que vivencia. A partir de então, essa pessoa torna-se referência para sua existência, depositando nela todas as expectativas de superação de suas frustrações pessoais e idealizações não concretizadas, além de se tornar a própria projeção de seu ideal de eu e de vida. Caso ocorra qualquer tipo de rejeição por parte da pessoa idealizada, a angústia e o temor da perda produzem uma reversão no psiquismo desse indivíduo que, em geral, começa a apresentar manifestações cruéis, atitudes insanas, que acabam por conduzi-lo à opção de deixar uma marca pessoal, sádica, como registro de sua própria história. Infelizmente, este tipo de desenlace tem se mantido diariamente na mídia impressa e televisa, tornando-se cada vez mais banalizado, pois vem sendo praticado por diferentes pessoas, de classes sociais distintas que, inclusive, chegam ao máximo do descontrole emocional, assassinando os próprios filhos e pessoas da família, utilizando-se de inúmeras justificativas para tal tomada de decisão que, como já sabemos, trata-se de uma das decorrências do processo de desumanizaçãoque, por sua vez, vem provocando essas graves psicopatias que se originam na já constatada evolução da rejeição de si mesmo e invalidação da vida.


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